Teste do labirinto em cruz elevado

É um teste de ansiedade amplamente utilizado
É um teste de ansiedade amplamente utilizado

Psicologia

20/02/2013

O teste do labirinto em cruz elevado é um dos testes animais de ansiedade mais utilizados por diversos grupos de pesquisa em todo o mundo. O teste, validado inicialmente por Handley e Mithani em 1984, é baseado no comportamento natural dos animais, não oferecendo nenhum tipo de punição aos mesmos. O aparato utilizado neste teste, o qual pode ser construído em madeira ou em acrílico, é constituído por dois braços abertos unidos perpendicularmente a dois braços circundados por paredes (braços fechados) e foi a princípio utilizado para avaliar o comportamento de ratos.

 

Os autores do teste observaram que os animais, ao serem colocados no centro do aparato, demonstravam clara tendência a explorar os braços fechados, em detrimento dos abertos. A exposição dos ratos a situações naturalmente ameaçadoras, representadas no modelo pela altura e pelo espaço aberto, explicaria a maior aversão para explorar os braços abertos.


O labirinto em cruz elevado é um teste de ansiedade amplamente utilizado tanto para a descoberta de novos agentes ansiolíticos, quanto para investigar as bases psicológicas e neuroquímicas da ansiedade. Sua ampla utilização por pesquisadores de todo o mundo se deve aos seguintes fatores: é de simples e rápida utilização; não é um equipamento caro, podendo ser construído facilmente; é eficaz na detecção de drogas com possível atividade ansiolítica, sem que seja necessário o condicionamento aversivo, como ocorre com testes como o teste de punição da pressão à barra de Geller-Seifter ou o teste do beber punido de Vogel, mencionados anteriormente.

É considerado, portanto, um teste baseado em respostas naturais dos animais. Assume-se que os braços abertos do labirinto combinam dois componentes naturalmente aversivos aos animais: ser um ambiente novo e ser um espaço aberto, uma vez que não possuem paredes protetoras. Em contraste, os braços fechados por paredes altas representam, ao animal, um ambiente que oferece proteção contra estímulos potencialmente nocivos, tais como a presença de predadores.

 

Quando um rato ou camundongo é colocado no labirinto para que o explore livremente durante um período de tempo determinado, geralmente de 5 minutos, o animal tende a explorar os braços abertos somente durante 20 a 25% do tempo, sugerindo que a possível aversão causada por esses braços realmente exista. Esse parâmetro (tempo total de permanência nos braços abertos do modelo), portanto, representa um forte índice relacionado à ansiedade. Quando os animais são tratados com compostos ansiolíticos, tais como diazepam ou clordiazepóxido, o tempo total de permanência nos braços abertos tende a aumentar significativamente em comparação a animais que não tenham recebido nenhum tipo de tratamento. Contrariamente a esta resposta, quando os animais são tratados com compostos conhecidos por aumentar os níveis de ansiedade (compostos ansiogênicos), acabam passando mais tempo acuados nos braços fechados do que explorando os braços abertos.



Geralmente, o procedimento empregado no teste do labirinto em cruz elevado consiste em colocar o animal, individualmente, no espaço onde os braços abertos e os braços fechados se cruzam. A partir daí, cada animal é observado durante 5 minutos para registro do tempo total de permanência nos braços abertos do modelo, bem como do número de entradas em cada um dos braços. Após o desenvolvimento deste teste, muitas modificações foram introduzidas, sejam estruturais ou metodológicas. Atualmente, existem labirintos construídos em madeira ou em acrílico, com as paredes dos braços fechados sendo transparentes ou opacas, entre outras variações.

Com relação aos parâmetros observados, além do tempo total de permanência em cada um dos braços e do número total de entradas. Alguns pesquisadores também consideram na análise outras medidas, consideradas comportamentais, tais como o número de vezes que o animal explora a extremidade dos braços abertos, número de vezes que se levanta contra as paredes dos braços fechados, entre outras medidas. Os parâmetros obtidos neste teste podem ser observados tanto pela presença do pesquisador na sala do experimento quanto por meio de uma câmera filmadora, a qual grava as sessões-teste para análise posterior.


Este teste, entretanto, possui algumas limitações. Uma delas é o fato de que seu valor como teste preditivo para a ação de determinadas drogas ainda permanece incerto. Isso quer dizer que, embora algumas categorias de ansiolíticos utilizados na clínica produzam efeitos confiáveis e reprodutíveis (como os compostos benzodiazepínicos), outros ansiolíticos também utilizados na clínica nem sempre produzem resultados satisfatórios no modelo, como é o caso de agonistas serotonérgicos. Isso sugere que, na verdade, o teste esteja produzindo diferentes tipos de ansiedade.

 

Portanto, devido ao fato do teste do labirinto em cruz elevado aparentemente gerar tipos diferentes de medo/ansiedade, resultando numa complexa variabilidade dos efeitos de drogas serotonérgicas. Um grupo de pesquisadores (incluindo um pesquisador brasileiro) modificou o aparato por meio do fechamento da entrada de um de seus braços fechados, produzindo o que se conhece por labirinto em T elevado, o qual será discutido no próximo subitem.









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