Teste do labirinto em T elevado

Transpostos para a condição de ansiedade
Transpostos para a condição de ansiedade

Psicologia

20/02/2013

Em função do teste do labirinto em cruz elevado aparentemente gerar tipos diferentes de medo/ansiedade, os criadores do labirinto em T propuseram a modificação, na tentativa de separar os diferentes tipos de ansiedade e, assim, estudar cada um mais a fundo. Desta maneira, os pesquisadores Viana, Tomaz e Graeff publicaram um trabalho em 1994 propondo a modificação e, consequentemente, a criação do teste do labirinto em T elevado. O labirinto em T constitui-se, portanto, de dois braços abertos dispostos perpendicularmente a um braço fechado.

Ao contrário do labirinto em cruz elevado, o labirinto em T permite o estudo de dois tipos de comportamentos negativamente motivados:

1) a esquiva inibitória, medida através do tempo que o animal leva para, colocado no braço fechado, alcançar um dos braços abertos.

2) a fuga, considerada o tempo que o animal leva para, colocado na extremidade de um dos braços abertos, alcançar o braço fechado. Os autores do teste afirmam que essas duas medidas podem estar relacionadas a dois tipos diferentes de medo: o medo condicionado e o medo inato, respectivamente. Transpostos para a condição de ansiedade avaliada na clínica, o medo condicionado estaria relacionado ao transtorno de ansiedade generalizada, enquanto que o medo inato estaria relacionado ao transtorno do pânico. Assim, drogas com perfis mais seletivos de ação para cada um desses transtornos agiriam de maneira diferente em cada uma dessas medidas.

A validação farmacológica deste teste demonstrou que drogas utilizadas preferencialmente na clínica para o tratamento do transtorno de ansiedade generalizada, como o benzodiazepínico diazepam. O agonista serotonérgico buspirona e o antagonista serotonérgico ritanserina, fizeram com que os animais saíssem mais facilmente do braço fechado em direção ao braço aberto, indicando um perfil ansiolítico de ação. No entanto, quando avaliadas no braço aberto do modelo (medida relacionada ao medo inato e, portanto, ao transtorno do pânico), não produziram alterações. A partir destes dados, os autores sugeriram que a esquiva inibitória (medida no braço fechado) realmente estaria relacionada com o transtorno de ansiedade generalizada.

Já a avaliação da droga imipramina no modelo, droga utilizada na clínica como um medicamento antipânico, mostrou que esse composto fazia com que os animais permanecessem mais tempo quando colocados em um dos braços abertos, ou seja, os animais não fugiam para o braço fechado do labirinto. Esse efeito, de acordo com a interpretação feita pelos criadores do teste, realmente relacionaria a medida de fuga observada no teste com os sintomas do transtorno do pânico, observado na clínica.

Resumidamente, portanto, o labirinto em T elevado representa um teste de ansiedade que permite avaliar, no mesmo animal, respostas relacionadas a dois subtipos diferentes de ansiedade: o transtorno de ansiedade generalizada (pela análise da esquiva inibitória no braço fechado) e o transtorno do pânico (pela análise da fuga de uma via no braço aberto). É importante ressaltar que este modelo, bem como os primeiros estudos de sua validação farmacológica, foi idealizado por um grupo de pesquisadores brasileiros na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo. Representa uma das muitas contribuições que diferentes pesquisadores brasileiros têm feito a respeito do estudo das bases neurofarmacológicas dos transtornos de ansiedade.

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