Descreveremos, a seguir, alguns casos. Eles são o relato fiel de pessoas que superaram os transtornos ansiosos ou estão em fase de superação. Você poderá observar que são pessoas comuns que sofrem em silêncio até tomarem a decisão de que não merecem viver deste modo.
Transtorno de pânico: Viviane, 31 anos, comerciária, diante de um terrível desconforto.
Há seis anos, durante um almoço com um colega de trabalho, vivenciei uma das piores coisas do mundo. Tudo estava na mais perfeita harmonia e tranquilidade quando, de repente, sem mais nem menos, uma sensação horrível e angustiante tomou conta de mim. Começou com uma tontura, depois tudo ao meu redor estava estranho (as pessoas, o ambiente) e pensei que estivesse enlouquecendo. Minha vontade era de fugir dali, mas perdi o controle e desabei num choro compulsivo. Eu tive absoluta certeza de que iria morrer, que iria enfartar, um mal-estar indescritível! Tudo era muito intenso!
Meu corpo suava por inteiro, sentia enjoo, dormência na nuca, meu coração disparava e me sentia sufocada. Medo! Ninguém conseguia fazer aquele desespero parar, e os meus pensamentos eram os mais terríveis possíveis. Não fazia a menor ideia de o que poderia estar acontecendo e jamais me esqueci dessas cenas de horror. Até hoje não consigo passar por perto do restaurante. Tempos depois, as crises voltaram e cada vez mais frequentes. Meus pais se desesperavam junto comigo, percorríamos os prontos-socorros e as clínicas cardiológicas.
Fiz todos os exames que me pediram e o diagnóstico era sempre o mesmo: estresse. Convivi com isso por cinco anos, o que me impediu de trabalhar, sair sozinha e dirigir. Comecei a me informar sobre o assunto e procurei um psiquiatra. Hoje sei que tenho transtorno de pânico e, por meio de medicação e terapia adequadas, já me sinto muito mais segura e levando uma vida praticamente normal (SILVA, 2006, p. 48).
Transtorno de ansiedade social: Marisa, 25 anos.
Desde que eu me entendo por gente, sempre fui muito insegura. Lembro-me bem das sensações desagradáveis na minha infância e adolescência que, na época, eu definia como “medo”. Enquanto crescia, mais difícil se tornava meu relacionamento com as pessoas. Na faculdade, tudo ficou mais complicado, praticamente insuportável. Via-me só, tendo de lidar com situações de que, na realidade, até então, passei a vida toda me esquivando. Tinha medo das pessoas distantes e desconhecidas, nunca soube explicar direito. Enquanto o pessoal da minha classe formava seus grupinhos, eu me esforçava para não demonstrar o que me afligia, fugindo de todos. Encontros com o pessoal da turma após as aulas eram uma verdadeira tortura!
E foi nesse período que comecei a beber. Primeiro foram alguns chopes pra relaxar, mas depois as portas se abriram para outras drogas também. A maconha era minha grande aliada, pois conseguia enfrentar tudo e todos sem maiores problemas e, a qualquer hora do dia, estava “livre para viver”. Contudo, meu rendimento escolar foi decaindo a olhos vistos e sabia que precisava de apoio. Felizmente pude contar com o apoio incondicional da minha família que, além de palavras de incentivo e carinho, procurou um especialista.
Consegui me livrar (só Deus sabe como) das drogas e das bebidas alcoólicas, porém me encontrar com as pessoas se tornou mais difícil. Como enfrentá-las, agora, de “cara limpa”? Hoje sei que sofro de fobia social e faço tratamento apropriado para isso. Muitas situações ainda são muito complicadas para mim e os sintomas desagradáveis não cessaram totalmente, mas a cada dia me sinto mais fortalecida. Tenho certeza de que falta pouco para levar uma vida inteiramente normal (SILVA, 2006, p. 92).
Transtorno obsessivo-compulsivo: a arquiteta Analice, de 36 anos.
Eu já era um pouquinho “sistemática” desde nova... Gostava das coisas bem guardadinhas e alinhadas. Depois que tive o Pedro, minha mania de só fechar as gavetas de talheres quando eles estivessem arrumadinhos piorou bastante. Mas meu martírio mesmo começou quando passei a pensar que, se fechasse a gaveta e alguma faca se deslocasse lá dentro, seria capaz de pegá-la e ferir meu filho. O mais desesperador é que sempre fui uma mãe paciente, superapaixonada por meu filho, que foi um bebê bem tranquilo. Como, quando eu fechava a gaveta das facas, não conseguia ter certeza de que nenhuma faca tinha saído do lugar lá dentro, ficava abrindo e fechando a gaveta muitas vezes, porque, se não fizesse isso, me vinha à mente minha imagem, com a faca na mão, ferindo meu filho. Era horrível, horrível!
Hoje em dia ele é adolescente e não para de fazer chacota desde que soube dessa história. De vez em quando, ele me chama de Mamãe Jason. Mas quer saber? Agora que já estou livre disso também me junto a ele e dou boas gargalhadas (SILVA, 2004, p. 9).
Fobia específica (fobia simples) – medo de dirigir: Andrea
Realizei meu sonho: comprei um carro. Mas e o medo? Como sofri! No trabalho, meus colegas percebiam minha aflição e me incentivaram a procurar ajuda para vencer meu medo. Mas eu não conseguia agir. Fiz orações e novenas. Levei três anos até descobrir uma psicóloga especializada em medos. Foi o começo da solução (CORASSA, 2006, p. 19).
Há solução para os transtornos desde que as pessoas se proponham a sair da “zona de conforto” e partir para a ação. Desta forma, superarão gradativamente todos os obstáculos e voltarão a ter uma vida feliz.
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por Colunista Portal - Educação
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