A psicanalise lacaniana acredita na possibilidade de cura da perversão
Psicologia
22/03/2013
No drama, Narciso despedaça corações, mas não é capaz de ver o efeito que sua beleza tem sobre as ninfas. Ele só pensa em si próprio. É incapaz de se identificar com as outras personagens do drama.
Este drama enfatiza um olhar diante das patologias. Refere-se uma patologia grave, onde o sujeito narcísico é incapaz de amar o outro, a não ser a si próprio – amor egoísta. A ausência de afetividade, egoísmo, narcisismo, exibicionismo, são traços frequentes do perverso.
O desenlace trágico de Narciso refere-se a uma reflexão sobre enamoramento pela sua própria imagem e não pelo outro como no caso da ninfa Eco. Tal desespero leva Narciso à morte. Narciso ama a si próprio e se enfraquece, Eco ama ao outro e também se enfraquece.
O que há de comum nos dois casos? “O amor”, só que um amor em excesso, egoísta e patológico. Narciso não se junta à ninfa Eco, fica impossibilitado de amar o outro. Ele cria um mundo para si, pensa que não precisa do outro. O narcísico é único e todo poderoso. O sujeito narcísico é considerado onipotente em pensamento e palavras. Exalta a sua própria imagem, não deixa de investir parte da sua libido no eu.
É importante destacar que um dos sintomas principais da perversão é o “THE BEST” que corresponde “ao melhor”, “ao todo poderoso” caraterístico do desenlace trágico de Narciso.
O sujeito narcísico é aquele que dá amor de forma irrestrita. Só deseja ser idolatrado e admirado. Cria na sua mente um mundo idealizado que não corresponde com o mundo real. Não pode receber nada que vem de fora, a não ser elogios.
Narciso é considerado um deus do amor próprio, interessado apenas em satisfazer a sua vaidade. No drama, Narciso chega à destruição por causa do seu excesso de vaidade e exibicionismo, enfraquece até a morte. Não consegue lidar com a frustração e com seus próprios sentimentos. Onde está o núcleo da tragédia narcísica? Na patologia perversa.
A ausência de sentimento e a transcendência condena Narciso à solidão e a destruição própria. É notável que à tragédia se assemelha a um patologia grave, “o sujeito narcísico” vive isolado em seu mundo, não consegue se relacionar efetivamente com ninguém, não sente culpa e nem remoço. O sujeito narcísico tem traços marcantes como a ausência de sentimentos e valores sociais.
O sujeito que tem um grau elevado de exibicionismo e vaidade tem uma probabilidade maior de ser “um narcísico”, mas isso não quer dizer que ele tenha sintomas de perversão ou outro tipo de patologia. Para ser considerada uma patologia, o sujeito deve apresentar um conjunto de sintomas. Todos nós em certo grau somos narcísicos, mas não em nível patológico.
A psicanalise lacaniana acredita na possibilidade de cura da perversão. O analista lacaniano vai trabalhar justamente o narcisismo do sujeito. Ele procura fazer com que o este não olhe só para si, mas para outras pessoas. A sua satisfação também deve ser a satisfação do outro.
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por Colunista Portal - Educação
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