Os principais métodos utilizados na terapia infantil e no contexto escolar

A ludoterapia possibilita a construção das representações psicológicas
A ludoterapia possibilita a construção das representações psicológicas

Psicologia

25/03/2013

Existem várias técnicas que podem ser utilizadas na terapia e no contexto escolar, vejamos alguns:

A ludoterapia

A palavra ludoterapia é derivada da palavra inglesa play-therapy, podendo ser literalmente traduzida como terapia pelo brincar (AXLINE, 1984, p. 8).

A ludoterapia é uma técnica muito utilizada na clínica infantil por psicólogos. É usada no tratamento de transtornos ou problemas de comportamento. Baseia-se na utilização de recursos lúdicos como jogos, brinquedos e nas brincadeiras de faz-de-conta. A ludoterapia propicia a criança autista um momento de imaginação.

A brincadeira de faz-de-conta é uma técnica que auxilia o psicólogo entender o processo de desenvolvimento da criança. É um trabalho que pode ser realizado com a equipe multidisciplinar. O psicólogo deve trabalhar aspectos ligados à afetividade, interação e socialização e o psicopedagogo ajudará esta criança no seu desenvolvimento cognitivo. Essa abertura é muito importante, já que a criança autista, como Lacan diz, de fecha diante das possibilidades e do mundo.

A ludoterapia possibilita a construção das representações psicológicas. Os objetos para a criança autista tem um sentido muito especial. Vygotsky (1984) relata que: durante o brincar, a criança substituí os objetos por outros que lhe dão mais sentido. A produção de sentido permite que a criança se organize enquanto ser social. O brincar da criança propicia a construção subjetiva dos signos e dos significados, dos eventos e das relações humanas.

Desse modo, o processo de ludoterapia é um espaço de construção de significados e sentidos e de ressignificação. É indicado como uma forma de prevenção e de desenvolvimento da criança.

As contribuições do lúdico para a aprendizagem

Dentre as contribuições mais importantes do lúdico para o aprendizado, Santos (1997) ressalta:
• As atividades lúdicas possibilitam fomentar a “resiliência”, pois permitem a formação do autoconceito positivo.
• O brinquedo e o jogo são produtos de cultura e seus usos permitem a inserção da criança na sociedade.
• O brinquedo ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos relaciona ideias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu próprio conhecimento.
• O jogo simbólico permite à criança vivenciar do mundo adulto e isto possibilita a mediação entre o real e o imaginário.


As brincadeiras de faz-de-conta

Vygotsky (1984), entende a brincadeira como uma atividade movida pela imaginação, atividade consciente, que se desenvolve conforme seu crescimento. Isto significa que as crianças muito pequenas ainda não possuem tal capacidade. Vygotsky dá importância à ação e ao significado no brincar. Segundo ele, uma criança com menos de três anos não consegue envolver-se em uma situação imaginária, pois é só brincando que ela pode começar a compreender o objeto não da forma que ele é, mas como gostaria que fosse.

É na brincadeira que o objeto perde sua característica real e passa a ter o significado que lhe dão. O brincar é uma situação imaginária criada pela criança, e que tende a suprir necessidades que mudam conforme a idade.

Vygotsky (1998) analisa o faz-de-conta tecendo a vinculação existente entre o real e o imaginário, num processo dialético constante, afirmando que existe um impulso criativo capaz de reordenar o real em novas combinações. Logo, a imaginação sempre se compõe a partir de elementos retirados da realidade, de experiências coletivas e práticas sociais partilhadas e re-significadas na experiência do indivíduo com o mundo externo.

Tanto a função lúdica quanto a educativa estão presentes nas brincadeiras de faz-de-conta, mesmo sendo modificadas promovem aprendizagem de conceitos. Para que o jogo didático não se descaracterize como lúdico, ou seja, não perca o status de jogo ou brincadeira, é preciso que haja a interferência de um adulto nesse processo (RAMOS, 2000).

Conforme Rocha (2000), o faz-de-conta se constitui em um dispositivo fundamental para o desenvolvimento da criança, sendo considerado uma das formas pelas quais a criança se apropria do mundo, e pela qual o mundo humano penetra em seu processo de constituição, enquanto sujeito histórico.

O jogo no desenvolvimento da linguagem, sociabilidade e aprendizagem

Os jogos são importantes instrumentos de desenvolvimento na aprendizagem da criança. Longe de servirem apenas como fonte de diversão, eles propiciam situações que podem ser exploradas de diversas maneiras educativas.

O significado dos jogos e brincadeiras e sua relação com o desenvolvimento - aprendizagem há muito tempo vêm sendo investigados por pesquisadores de diversas áreas do conhecimento. As teorias interacionistas elegem como principais representantes, Piaget (1896-1980), Wallon (1879-1962) e Vygotsky (1896-1934), estes autores preconizam a imitação como origem de toda representação mental e a base para o aparecimento do jogo infantil.

Piaget (1996, apud Khimoto, 2001, p. 40), o desenvolvimento do jogo de forma espontânea, ou seja, conforme se organizam as novas formas de estrutura, surgem novas modificações nos jogos que, por sua vez, vão se integrando ao desenvolvimento da criança por intermédio de um processo denominado assimilação.

Nesta perspectiva, o brincar é identificado pela primazia da assimilação. Wallom analisa que o psiquismo infantil é o resultado de processos sociais.

Vygotsky (1998) explica a influência dos jogos na formação da inteligência e no desenvolvimento do sujeito. Neste sentido, ele valoriza o fator social, diz que: “ a criança cria uma situação imaginária e incorpora elementos do contexto social” (p. 112). Para este autor, a questão fundamental do jogo é que ele propicia a zona de desenvolvimento proximal, ou seja, o jogo é o responsável pelo impulso do desenvolvimento dentro dessa zona. As brincadeiras são aprendidas no contexto social, tendo o suporte de seus pares e adultos. Esses jogos contribuem para a emergência do papel comunicativo da linguagem.

A Musicoterapia


A música constitui uma ferramenta auxiliar na terapia. Ajuda no tratamento e na integração de crianças em programas terapêuticos. A música envolve criatividade, performance, escuta, memória, comunicação, expressão, sentimentos e emoção. Ela contribui para o desenvolvimento cognitivo, favorecendo a recepção de informações de modo espontâneo.

A musicoterapia é indicada para crianças autistas. O trabalho de musicoterapia é desenvolvido por um psicólogo com formação musical, mas pode ser desenvolvido também por uma equipe multidisciplinar.

O uso da música como técnica tem permitindo a criança com baixo nível de desenvolvimento linguístico, se expressar de forma mais coerente. No processo de tratamento, a criança autista escuta a música e desenvolve atividades junto com o terapeuta. No entanto, as crianças autistas repetem trechos da música, mas não compreendem a mensagem que ela traz. Apesar de muitos não compreenderem os significados, são bons ouvintes, alguns chegam a se destacar no mundo musical.

Porque isso acontece? As crianças autistas possuem uma memória auditiva bastante desenvolvida. Entretanto, as causas provenientes do desenvolvimento auditivo ainda são desconhecidas e não se tem nenhuma pesquisa atualmente sobre o tema.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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