Abordagem ergonômica da organização do trabalho

Levantamentos posturais ajuda a diagnosticar disfunções ergonômicas
Levantamentos posturais ajuda a diagnosticar disfunções ergonômicas

Psicologia

03/04/2013

A ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e espaços de trabalho. Seu objetivo é elaborar, mediante a contribuição de diversas disciplinas científicas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de aplicação, deve resultar em uma melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos, dos ambientes de trabalho e de vida (IEA, 2000).

O trabalho diário realizado em condições adversas, com o passar do tempo, pode desencadear o aparecimento de diversos problemas, como de saúde física e mental e, é por isso, que as empresas e Unidades de Informação devem compreender a relação entre as condições de trabalho e seus possíveis reflexos no rendimento dos funcionários (SILVA e LUCAS, 2009).

É sabido que qualquer organização que vise ou não o lucro tem o potencial humano como de suma importância. Assim, focalizando a atenção nos trabalhadores de qualquer que seja o ambiente ou a organização do trabalho, a ergonomia buscará o aspecto da humanização deste, tendo em vista propiciar condições satisfatórias para um melhor desempenho de seus colaboradores.

- Modelos de organização

Modelo é a representação de alguma coisa. Os modelos físicos ou matemáticos são importantes para facilitar a compreensão do funcionamento dos sistemas. Segundo Montmollin (1997), "modelo é um sistema de representação intencionalmente empobrecido e simplificado da realidade.”

Aquilo que os sociólogos chamam de ideologia, são diferentes modelos os quais se encontram relacionados a outros mais amplos ou mais gerais, de entendimento da realidade.

A importância da utilização de modelos em ergonomia está relacionada, fundamentalmente, a três fatores:

• manipulação da representação e não da realidade;
• incerteza organizacional;
• facilidade de elaboração de modelos.

Existem dois tipos de modelos:

• isomorfos: possuem formas semelhantes;
• homomorfos: formas proporcionais.

- Sistemas Ser(es) Humano(s) - Máquina(s)

É um conjunto de postos de trabalho, articulados entre si. Pode-se estabelecer, de forma aleatória, e compreende três estágios da evolução dos sistemas homens - máquinas:

1. Estágio da ferramenta: neste estágio, a percepção das informações e as respostas dadas pelo ser humano são diretas. É o estágio do desenvolvimento tecnológico da ferramenta. As atividades de trabalho do ser humano consistem basicamente na manipulação de ferramentas, concebidas para ampliar suas capacidades ou reduzir suas limitações.

2. Estágio da mecanização: neste estágio a percepção e as respostas são indiretas. É o estágio do desenvolvimento tecnológico industrial da mecanização, baseado nas tecnologias mecânicas, a partir da máquina a vapor de WATT. As atividades de trabalho do ser humano consistem basicamente no comando e no controle de máquinas e sistemas industriais de produção, através de um dispositivo de comando e de um dispositivo de controle.

3. Estágio da automação: É o estágio do desenvolvimento tecnológico da automação industrial, baseado nas tecnologias microeletrônicas, a partir de microprocessadores. As atividades de trabalho do ser humano consistem basicamente na supervisão e diagnóstico de máquinas e sistemas de produção programáveis, através de sistemas de controle e comando.

- Sistemas Ser Humano – Tarefas

Compreende as condições ambientais e organizacionais do trabalho, apresentam-se mais elaborados do que os sistemas ser humano – máquinas, citado anteriormente. E não envolvem somente as condições técnicas de trabalho.

Segundo Poyet (1990 apud SANTOS e FIALHO, 1997), tem uma determinada situação de trabalho, sempre podem-se identificar três tipos de tarefa, mais ou menos formalizados:

• tarefa prescrita;
• tarefa induzida ou redefinida;
• tarefa atualizada.

Para a compreensão do sistema ser humano – tarefa, deve-se proceder com:

• A definição da missão do sistema;
• A definição do perfil do sistema;
• A identificação e descrição das funções do sistema e subssistemas;
• O estabelecimento de normas;
• A atribuições de funções aos operadores e às máquinas.

Não importando se é um simples posto de trabalho ou um complexo sistema de produção, o sistema ser humano – tarefa deve ser avaliado, seguindo as seguintes funções:

• funções do sistema geral: normas de ação, intervenção corretiva ou de retificação;
• funções do sistema de produção considerado: normas de rendimento, de tempo e de qualidade do trabalho;
• funções dos subssistemas entradas e saídas: normas de arranjo físico do posto de trabalho;
• funções das relações e conexões do sistema de produção: normas de bom funcionamento hierárquico e funcional.

Continuando a análise do sistema ser humano – tarefa, é necessário fazer a descrição dos componentes deste sistema, ou seja, a identificação das exigências da tarefa, no âmbito técnico, ambiental e organizacional. Isto permitirá o levantamento de várias informações a respeito da situação de trabalho considerada:

• dados referentes aos operadores, informações e ações de trabalho;
• dados referentes às máquinas, controles e comandos, entradas e saídas;
• dados referentes às condições técnicas de trabalho;
• dados referentes às condições ambientais de trabalho;
• dados referentes às condições organizacionais de trabalho.

Com as descrições do sistema ser humano–máquina, podemos com propriedade definir o tipo de intervenção ergonômica e as diversas áreas envolvidas; identificar os grandes processos; preparar planos de enquetes (questionários, protocolos verbais, levantamentos posturais, etc.); e diagnosticar disfunções ergonômicas evidentes.

- Situação de Trabalho

Uma situação de trabalho, do ponto de vista ergonômico, é um sistema complexo, dinamicamente inter-relacionado, cujas entradas (as exigências técnicas, ambientais e organizacionais de trabalho, caracterizadas na tarefa) determinam os comportamentos do homem no trabalho (caracterizadas nas atividades em termos de informações e ações) e, cujas saídas (os resultados do trabalho em termos de produção e saúde), são as resultantes deste sistema (SANTOS, 2010).

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