Rememorar e Comer: Uma análise sociológica sobre criança e comida

Alimentos, literatura e infância: O que há em comum?
Alimentos, literatura e infância: O que há em comum?

Psicologia

04/12/2013

A ação de se alimentar está vinculada a uma perspectiva nutricional, entretanto, temos que levar em conta que este ato vai além de uma atitude de subsistência, pois está relacionado, além disso, há uma função social, de juntar pessoas em torno de uma mesa para degustação, de realizar conversas entre familiares, realizar negócios, interagir, descontrair ou mesmo de preparar uma criança para o convívio social.


Apesar de tanta importância, os alimentos em um processo histórico-cultural, passaram por uma grande adequação, tanto em relação a sua utilização quanto a inserção apropriada para refeições mais saudáveis e nutritivas.


No decorrer dos anos, pesquisas nutricionais colocaram muitos alimentos numa situação, ora de vilões ora de ‘mocinhos’ em relação à saúde humana, um determinado momento, por exemplo, o café, a batata e o ovo[1] foram colocados como maléficos atualmente, estudos científicos apontam que cada qual dentro de seu uso coerente é importante para a nossa saúde. Observamos que numa configuração de valor, alguns alimentos, em seu processo histórico, tornaram-se tão importantes e imprescindíveis para a nossa vida como é o caso dos grãos, sementes, frutas e verduras.


Ao ato de se alimentar nem sempre é realizado de maneira reflexiva, geralmente, nos atentarmos para o valor calórico, mas sem se preocupar com o valor nutricional dos nossos pratos. Nessa perspectiva, nos alimentamos sem questionarmos o porquê da escolha de alguns alimentos, ou ainda, sem sabermos como foi se adequando ao longo dos anos. De acordo com Carneiro (2003) “a fome biológica apresenta-se diferente dos apetites, dos desejos humanos e cuja satisfação se solidifica em hábitos, costumes, rituais, etiqueta”.


Apesar da grande maioria da população brasileira utilizar grandes quantidades de fast ou junk food[2] e, termos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, um número significativo de crianças e adultos obesos, atualmente, têm ocorrido uma preocupação frequente com os alimentos mais nutritivos ou saudáveis. Com uma rotina corrida e sem muito tempo para o preparo das refeições, muitas famílias preferem alimentos semi-prontos ou optam por se alimentar fora de casa.


Para aquelas famílias sem muito poder aquisitivo, as refeições são feitas em casa, entretanto, nem sempre, as escolhas dos cardápios são benéficas ou balanceadas.


Independentemente da classe social, as pessoas buscam adequar sua alimentação à condições mais acessíveis.


Se buscarmos em nossa história, os diversos tipos de alimentos ou pratos verificaremos que a escolha pelo alimento adequado sempre foi recorrente. Mas para realizarmos uma análise sobre as escolhas dos pratos e culinária, torna-se necessários levarmos em conta várias implicações como a região ou localização de determinado prato típico, colonização a qual a população foi sucumbida, a influência de hábitos, clima da região, produção e cultivo de grãos, cereais, frutos, verduras ou legumes além dos costumes da população.


Não podemos falar em prato típico se não contextualizarmos com os grupos ao qual o alimento está inserido, período, região e hábitos alimentares da população. Um exemplo é a utilização da carne bovina em determinadas regiões brasileiras, tornando-se comum e frequente o uso cotidiano nas regiões sudeste, sul, centro e nordeste, não sendo tão rotineiro na região norte do país, que tem como hábito a utilização do peixe como prato principal das refeições da maioria das famílias, tanto pela facilidade do prato como adequação de preço do alimento.

Outro dado a ser observado é a influência dos diversos povos, culturas ou mesmo fatos históricos que formaram a base alimentar de cada local. Para os sul-mato-grossenses, a inserção da chipa ou sopa paraguaia é algo notório em toda a região fronteiriça e que acabou disseminando por todo o país. Ou ainda, a feijoada advinda de Minas Gerais que acabou adequando-se tão ricamente no Rio de Janeiro e demais estados brasileiros, incrementando a nossa culinária brasileira.


Temos uma diversidade de alimentos e pratos típicos e a escolha do feijão com arroz, bife e salada ficaram designados como o prato preferido do brasileiro, assim como, a melhor combinação de nutrientes e vitaminas. Entretanto, com as inúmeras possibilidades de oferta e demanda de alimentos industrializados, ocorreram mudanças nos estilos de vida e no aumento da obesidade populacional, já não podemos dizer que o prato brasileiro seja somente esta combinação, mas sim, uma mescla de muitos alimentos ricos em gorduras e açúcar.


Mas, o que esse prato tipicamente brasileiro tem haver com a história dos costumes alimentares? Podemos dizer que para chegarmos a essa combinação, tivemos um longo processo de adaptação e conhecimento cultural dos grupos e pessoas.


Vamos compreender melhor esse processo.

1. A história dos alimentos e pratos brasileiros

A história dos costumes alimentícios brasileiros está relacionada aos hábitos indígenas, a colonização portuguesa, a cultura negra deixada pelos escravos e pela vinda dos imigrantes italianos, espanhóis, alemães, árabes, poloneses e japoneses entre outros povos que cooperaram nessa diversidade alimentar que temos atualmente, diferenciando cada região pela sua maneira peculiar de escolher e preparar os alimentos (RAMALHO; SAUNDERS, 2000).


Os deliciosos sabores, cheiros e cores advindos, inicialmente, de Portugal foram ganhando formas e mesclas de outras culturas e povos. A mandioca, o milho, a batata alimentos na base alimentar dos índios foi adaptando-se aos pratos portugueses como os caldos, doces e ensopados. O churrasco, os embutidos, o vinho e as compotas foram disseminados pelos alemães e italianos. Algumas frutas e verduras foram trazidas pelo povo japonês ao solo brasileiro. Tudo isso foi acrescentado aos hábitos de comer, como por exemplo, o de se reunir em torno de uma mesa aos finais de semana.


Ao se realizar uma análise bibliográfica da história do alimento no Brasil, observamos que a preocupação de uma alimentação nutricional nem sempre foi algo almejado pela população, de acordo com Câmara Cascudo a escolha dos pratos, restringia-se aos sabores e a tradição de alguns pratos:

A população guarda sua alimentação tradicional porque está habituado e aprecia o sabor [...]. Pode não nutrir, mas enche o estômago e, há gerações e mais gerações que são fiéis a este ritmo. (CÂMARA CASCUDO, 2004, p. 15).


A diversidade de técnicas de conservação, utilização de temperos, condimentos e outras peculiaridades são uma mescla dos conhecimentos europeus, indígenas e negros:

[...] dos portugueses herdamos a técnica de conservação de carnes e peixes através do sal, os temperos verdes, as especiarias, o azeite de oliva, as farinhas (como a cevada, a aveia, o centeio e a do reino - hoje, farinha de trigo), a linguiça, o ovo, o uso de carnes de certos animais e a doçaria, maior contribuição portuguesa. Dos índios vieram o milho, o palmito, o maxixe, a batata doce, a mandioca, a carne de caças, as frutas nativas e o moquém (técnica de assar ou secar carnes em uma grelha feita de varas). Os africanos trouxeram à nossa culinária o azeite de dendê, o quiabo, o leite de coco, a pimenta malagueta. Como as negras africanas dominavam a cozinha, elas introduziram novas técnicas de preparo do peixe e da galinha e modificaram pratos portugueses e indígenas (SENAC 1995, p. 9-14 apud CORREA, 2003, p. 54).


A alimentação nem sempre foi democrática ou realizada com todos os integrantes da família. Em determinados momentos, em algumas sociedades ou tribos indígenas, ocorria uma hierarquização: primeiro, os homens é quem se alimentavam e, só depois de servidos é que as mulheres e as crianças poderiam comer.
Costumes e hábitos são feitos por meio de uma normatização de um grupo de pessoas que os inserem em seu cotidiano. O costume de se alimentar em conjunto foi algo que paulatinamente foi ganhando forma em meio à população brasileira. Talvez por isso tenha surgido a analogia, ‘a macarronada do domingo’; “o arroz e o feijão nosso de cada dia’. Tanto adultos quanto crianças participavam juntos desse momento tão importante.


Se buscarmos na história brasileira resquícios da cultura alimentar, compreenderemos que há inúmeras inferências aos nossos saborosos pratos.
Uma das possibilidades de análise dessa cultura alimentar através da histórica e de seus grupos sociais pode ser a própria literatura. Os textos literários oferecem a originalidade da produção discursiva:

No caso da produção literária, os signos constituem-se como representações. A literatura, entendida como prática simbólica, configura-se como a formulação de outra realidade que, embora tenha como referente constante o real no qual o autor e leitor se inserem, guarda com a realidade uma relação não de transparência, mas de opacidade própria da reconstrução. O conceito de representação significa considerar que o autor não reproduz o real, mas o reconstrói, tendo como matéria-prima os signos. No momento de produção do texto, traz para a escrita a sua compreensão do real, bem como o projeto de realidade pretendida. (GOUVEA et al, 2007, p.43,44).


As bibliografias sobre as produções literárias apontam que o autor, ao criar a sua obra, acaba por incrustar nela o resultado de suas percepções e interações com o real, geralmente nos re-apresenta algo que já sabemos, mas ele o faz de forma diferente. É o caso, por exemplo, da obras memorialísticas ou autobiográficas sobre a infância, em que temos fatos já vistos anteriormente, mas contadas de uma nova maneira pelo autor, é apresentada sob a perspectiva dele e pelo seu universo criativo. Nessa circunstância, a criança descrita na obra literária não é, e não poderá ser reconhecida como escritora, mas será vista a partir da voz do adulto e apresentada sob os diversos aspectos.


Para Lucien Goldmann, as autobiografias dos autores podem nos dar uma análise profunda sobre a vida e o contexto no qual estão inseridos: “para uma análise mais profunda acerca da biografia, deve-se, essencialmente fazer a relação entre a obra e as visões do mundo que correspondem a certas classes sociais”. (GOLDMANN, 1979, p. 74).


Utilizaremos dessa forma, as obras literárias para compreendermos como ocorria a relação da criança com o momento de se alimentar e como eram vistas pelos seus pares já que alimentar-se é um ato social, provido de costumes e hábitos que definiam os comportamentos de um determinado período, local e região e que foi paulatinamente construída ao longo do tempo. As refeições eram uma atividade que demandava conhecimento e certa postura dos adultos. As crianças estavam sempre próximas a cozinha ou ambientes externos os da sala de jantar, a convivência da criança junto aos adultos podem nos oferecer vestígios de como os alimentos e os costumes alimentares foram se adequando através dos tempos, espaços e grupos sociais.


Ao verificarmos algumas obras literárias do século XIX, XX e XXI temos uma análise conceitual de tradição e hábitos brasileiros quanto a escolha dos pratos, alimentos e posturas mediante ao ato de se alimentar.


Na obra ‘Os meus Romanos: alegrias e tristezas de uma educadora alemã no Brasil, traz relatos de uma preceptora alemã, Ina Von Binzer, ocorrida em final do século XIX (1856-1916). Ela foi contratada para educar sete crianças de uma família abastada em Rio de Janeiro. Suas impressões, convivência e percepções podem ser vistas a partir de suas estratégias de alfabetização, permeadas pela vida cotidiana do dormir, brincar, vestir-se ou alimentar-se das crianças e adultos daquele período histórico.
A preceptora narra por diversos momentos os tipos de pratos e alimentos, uma delas é a comemoração de festa junina em que relata o seguinte:
Sobre a mesa, grandes assados já cortados, montes de arroz (naturalmente cor de tijolo, por causa dos tomates), travessas gigantes e feijão preto acompanhados pelo seu inseparável complemento, o bolo de fubá, o “angu”; como sobremesa, havia compota de batata, doce, milho novo cozido em leite (canjica) seguido pelo melado, goiabada, que um doce maravilhosos preparado com a fruta da goiabeira e até vinho a “discrétion”. (BINZER, 1982, p. 31)


Hoje ao meio-dia iniciou-se a era do ‘melado’ que já foi servido ao almoço acompanhado de canjica (milho cozido); depois disso, as crianças tiveram que trocar de roupa duas vezes. (Idem, p. 126).


Observamos que a mistura do arroz com feijão já era comum neste período, apesar de ser uma festividade, temos esses dois componentes misturados com os alimentos e pratos indígenas como o milho, a batata doce e as receitas europeias como o bolo de fubá e as compotas.
Outra obra do qual verificamos um costume alimentar é a ‘Baú de ossos’ de Pedro Nava[3], uma obra memorialística que retrata a convivência familiar e acontecimentos das tradicionais famílias mineiras em início do século XIX, em que durante suas memórias, observamos o quanto o prazer de criança ao degustar os doces, salgados e os pratos típicos são demonstrados por este autor:

“(...) as maiores, as melhores, as mais suntuosas empadinhas que já comi no mundo. Eram pulverulentas apesar de gordurosas, tostadas na tampa, moles do seu recheio farto de galinha ou camarão. Desfaziam-se na boca. Difundiam-se no sangue”. (NAVA, eno e p. 92)


A cozinha mineira, pouco abundante nos pratos de sal, que ficam nas variações em torno do porco, do toucinho, da couve, do feijão, do fubá e da farinha - é de uma riqueza extraordinária em matéria de sobrepastos. Hoje tudo mudou e minguou. Mas lembro-me bem da mesa de minha avó materna, em Juiz de Fora, onde a Inhá Luísa, da cabeceira, podia olhar a ponta dos meninos e das compoteiras, de que havia, ao jantar, umas quatro ou cinco repletas de doce. Menos, era penúria.


E que doces... Os de coco e todas as variedades, como a cocada preta e a cocada branca, a cocada ralada ou em fita, a açucarada no tacho, a seca ao sol. Baba-de-moça, quindim, pudim de coco. Compota de goiaba branca ou vermelha, como orelhas em calda. De pêssego maduro ou verde cujo caroço era como um espadarte no céu-da-boca. De abacaxi, cor de ouro; de figo, cor de musgo; de banana, cor de granada; de laranja, de cidra, de jaca, de ameixa, de marmelo, de manga, de cajá-mirim, jenipapo, turanja. De carambola, derramando estrelas nos pratos. De mamão maduro, de mamão verde - cortado em tiras ou passado na raspa. Tudo isto podia apresentar-se cristalizado - seco por fora, macio por dentro e tendo um núcleo de açúcar quase líquido.


Mais. Abóbora, batata roxa, batata doce em pasta vidrada ou pasta seca. Calda grossa de jamelão, amora, framboesa, araçá, abricó, pequiá, jabuticaba. Canjica de milho-verde tremendo como seio de moça e geleia de mocotó rebolando como bunda de negra. Mocotó batido, em espuma que se solidifica - para comer frio. Pamonha na palha - para comer quente, queimando os dedos. Melado. Tudo isto variando de casa para casa, segundo os segredos de suas donas e as invenções de suas negras - se desdobrando em outros pratos, se multiplicando em novos. Dos aristocráticos, com receitas pedindo logo de saída trinta e seis gemas, aos populares, como o cuscuz (só fubá, só açúcar, só vapor d'água e tempo certo) e como a "plasta" de São João del Rei (só fubá, só rapadura, só amendoim e ponto exato) - que tem esse nome pelo seu aspecto de bosta de boi, do emplastro que forma no tabuleiro quando cai da colher de pau.


E a abóbora da noite de São João? Era aberta por cima, esvaziada dos fiapos e caroços, cheia de rapadura partida, novamente tampada, embrulhada em folhas de bananeira e enterrada a dois palmos de fundo, debaixo das grandes fogueiras. Aí ficava duas, três horas e quando saía dessa moqueada, tinha cheiro de cana queimada e gosto ainda mais profundo que o das castanhas. Comia-se no fim das festas de junho bebendo crambambali e cantando até cair ao pé das brasas que morriam. O crambambali é bebida sagrada - um quentão legitimamente centro de Minas. A receita? Uma travessa cheia de pinga, rodelas de limão, lascas de canela e rapadura. Toca-se fogo na cachaça e deixa-se esquentar bastante. Apagar, coar e servir em canequinhas de gomo de bambu. (NAVA, 1974, p. 13-17)
Pedro Nava, detalhadamente, nos mostra a fusão das frutas, legumes, tubérculos, grãos tipicamente brasileiros às receitas europeias, principalmente as de Portugal resultando numa explosão de sabores e delícias. Além da elaboração de uma bebida produzida pelos escravos e que se propagou como a bebida brasileira. Há ainda, mostra da empada, uma receita, embora pouco saudável tornava-se um deleite para o autor.
Outra obra que retrata a culinária mineira é o Joãozito: a infância de João Guimarães Rosa em que podemos encontrar as memórias de um menino diferente de seu tempo: estudiosos, autodidata, inventivo, introspectivo e criativo de uma pequena cidade de Minas Gerais, Cordisburgo. Tem o tempo todo a o relato dos adultos em sua narrativa. Os pratos, as receitas, os cheiros e sabores de sua infância são dispostos de maneira minuciosa:

Os segundos abraços eram para Vó Chiquinha que, na véspera em mais dias antes, para o afetual agrado, no forno de tijolo e barro rareado com vassourinhas verdes de alecrim cheirosos, recendendo de leite, biscoitos de polvilho, de araruta também, e gostosíssimas macias fofas fatias de trigo com ovos e leite, em forma de meia-lua. E os doces? Eram especiais. Doces de limão e de figo, os mais apreciados por Joãozito, e doce de coco para mim. Além desses, o de leite, infalível fitas enroladas – em calda e seco – este com enfeitante açúcar cristal por cima; de Cida ralada; de ovos; quindins e...e...e...todos muito gostosos. (GUIMARÃES, 2006, p. 59)


Na obra autobiográfica Menino de engenho de José Lins do Rego, temos uma obra com um riquíssimo conteúdo social, com a realidade dos engenhos de cana-de-açúcar, do envolvimento do menino da Casa Grande com os “moleques da bagaceira”, das relações entre o senhor de engenho e seus servidores, interrelacionadas com a convivência da família e do seu cotidiano. Mostra um menino órfão solitário e em meio a precocidade sexual. Temos a diversidade de raças e costumes alimentares como as frutas, os doces e embutidos que eram degustados pelas crianças e adultos da casa-grande:

Pediam-nos para furtar coisas da casa-grande para eles: laranjas, sapotis, pedaços de queijo. Trocavam conosco os seus bodoques e os seus piões pelos gêneros que roubávamos da despensa. (REGO, 2003, p. 91).

Engenho de comida à vontade, onde era servido o chá com beiju de goma, inhame, pamonha e requeijão feitos pelo velho Amâncio. (REGO, 2003, p. 92).

Nós os da casa-grande, estávamos ali reunidos no mesmo medo, com aquela pobre gente do eito. E com eles bebemos o mesmo café com açúcar bruto e comemos a mesma batata doce do velho Amâncio (REGO, 2003, p.59)

Quando chegamos em casa, o café estava pronto. Na grande sala de jantar, estendia-se uma grande mesa com muita gente sentada para a refeição. O meu vô ficava do lado direito e a minha tia Maria na cabeceira. Tudo o que podíamos comer estava a nossa vista: cuscuz, milho cozido, macaxeira, angu, requeijão. Não era, somente, a gente da família que ali se via. Outros homens de aspecto humilde também, comiam (REGO, 2003, p. 9)


Neste árido nordeste dos engenhos de açúcar compreendemos a diversidade de frutas que são dispostas pelo menino autor, além da utilização do café e do queijo em seu cotidiano alimentar.


Em Infância de Graciliano Ramos, temos os sentimentos e ressentimentos de um menino, que convivera com uma família patriarcal e demais pessoas que fizeram parte de sua infância. Os relatos de suas memórias personificam a experiência infantil, desmistificando a imagem de inocência e de infância feliz. Demonstrando a sua experiência de criança, a partir da indiferença, dureza e injustiça que delineiam sua primeira infância, a narrativa delimita-se entre o nascimento do autor, em 1892, e a data de seu ingresso no internato, em 1905.


Nesta obra, percebemos a rigidez de uma educação permeada por costumes e hábitos nordestinos. Em que os alimentos aparecem de maneira sutil durante as memórias do autor:

Perto da cozinha, três velhas, tias da professora, miúdas e cor de piche, torravam milho no caco, pisavam milho no pilão, enchiam de fubá caixinhas coloridas e franjadas. Os alunos astutos compravam aquilo, massa pegajosa, amarga, nauseabunda – e os ganhos da indústria caseira excediam talvez o vencimento que o tesouro pingava. (RAMOS, 2009, p. 182)


Nunca havia me ocorrido que as rapaduras fosses consequência de trabalho humano. Encaixadas, nas bodegas, não pareciam exigir tantos preparos. Aquilo era uma diversão curiosa. Bonitas, cor de ouro, empilhavam-se ainda quentes. E desejei permanecer ali, ao calor da fornalha, vendo a cana esmagar-se , o líquido borbulhar nas talhas, engrossar, solidificar-se. (RAMOS, 2009, p. 160).

Ora uma noite, depois do café, meu pai me mandou buscar um livro que deixara na cabeceira da cama. Novidade: meu velho nunca se dirigia mim. E eu, engolindo o café, beijava-lhe a mão, porque isto era praxe, mergulhava na rede e adormecia. (RAMOS, 2009, p. 206).


Através do menino Graciliano, notamos a utilização frequente do milho e da cana-de-açúcar, sem que haja uma maior preocupação com a higienização ou a nutrição. Percebemos também, que há uma participação da criança no momento das refeições ou lanches da família.
Nas memórias de Érico Veríssimo em Solo de Clarineta, ocorrida na década de 70, temos uma rememoração de seus tempos de criança, seus espaços-cidade e sua inventividade com as pessoas mais importantes da sua formação. Retrata a família e, enfatiza a figura de seu pai que por conta de suas investidas amorosas, fica sem a família e acaba morrendo solitariamente. Nesta obra, podemos notar a participação constante das crianças em meio aos adultos. Observamos uma nítida participação das crianças durante as refeições e a degustação de iguarias como o vatapá:
Meu pai sentia um prazer genuíno em agradar os outros. Tornara-se o mais o mais extravagante presenteador, o mais generoso anfitrião. Raro era o dia em que não houvesse pelo menos um convidado à mesa. Nos domingos quase sempre tinha três ou quatro convidados. Lembro-me de um famoso almoço dominical para o qual a nossa cozinheira preparara um delicioso vatapá – claro com sotaque gaúcho. Os convidados elogiam a iguaria que meu pai, à cabeceira da mesa, rosto afogueado, bebendo, a curtos espaços e estalando a língua, gole de vinha francês. Havia em seus olhos um brilho que não lhe vinha apenas – suponho – prazer de bem de comer e bem beber, mas também do fato de estar proporcionando esses mesmo prazeres e seus convidados. (VERÍSSIMO, 2006, p. 41).


Na obra autobiográfica Chove sobre minha infância um romance de Miguel Sanches que conta a história de um menino que tinha um sonho de ser escritor, mas que esbarra na dificuldade de convivência com um padrasto que projetara nele o interesse de torná-lo um produtor rural. A biografia ocorre no século XX, entre final da década de 1960 e meados de 1970, numa pequena cidade do Paraná. Denotamos nesta obra uma forte imposição do adulto à criança, inculcando normas e regras familiares e sociais. Nesta obra, podemos ressaltar os hábitos de uma família rural situada no centro-sul brasileiro:

O pai construiu um imenso galinheiro no fundo do quintal. Colocou telas e cobriu com telhas velhas, forrando o chão com palha de arroz. Não falou nada pra nós, mas no sábado chegou umas 20 galinhas gordas. Fomos ver a nova atividade do pai. Sempre criou porcos no fundo do quintal e a gente ajuda a pelar e a descarnar. O Luís roda o moedor de carne pra mãe. Dia de matar porco é feriado em casa. Ninguém vai pra escola. Cedinho o pai sangra o animal e daí começa a trabalheira. Na hora do almoço, comemos bife de pernil. A casa fica com um cheiro adocicado de carne fresca. Mas isso não impede que a gente coma bastante carne porque depois a serviçada é grande Fritar o toucinho no tacho pra tirar a gordura, preparar a carne da linguiça, salgar o couro. Trabalhando o dia todo, comendo torresmo ainda quente e mal frito com limão e sal. (SANCHES, 2000, p. 127)


Nesta obra mais atual, temos a carne suína, inserida no hábito brasileiro, provavelmente pelos portugueses, em que de acordo Santos, não podemos inferir que seja somente os estrangeiros que o tenham disseminado em nossos hábitos alimentos:

Na verdade não existe uma cozinha tipicamente paranaense, pois o seu arcabouço constitui uma mescla de sabores os mais diversos, passando pela culinária local (luso-brasileira) e dando verdadeiros saltos culturais ao encontra as cozinhas caipira e imigrante. Dessa maneira, o saber gastronômico local e regional, somado aos saberes externos, permitiu permanências e mudanças, sendo que alguns pratos se mantiveram e outros foram adaptados diante das circunstâncias do gosto e das práticas alimentares. Tudo isso é produto da dinâmica histórica das diversas regiões do estado do Paraná. (SANTOS, 1995, p. 115)


Neste trecho do romance de Sanches, o cotidiano familiar mistura-se aos hábitos rurais do preparo desta carne. O alimento ganha função imprescindível, neste dia as crianças não vão à escola. Toda a rotina é modificada. Apesar de saborosa a carne nem sempre passa pelos critérios de higiene e cuidados. Acabam por degustá-la ainda mal passada.


Nas quatro obras em referência podemos observar a junção de hábitos e misturas de influências estrangeiras em meio os alimentos cultivados pelos índios ou os escravos. A base alimentar dos grãos (milho, fubá, café) da diversidade de frutas e da cana-de-açúcar é destacado na obras que se referem aos séculos XIX e XX.


Percebemos que tanto crianças como adultos desfrutavam das delícias naturais e nem sempre saudáveis dos alimentos produzidos.
Há uma referência aos costumes originários brasileiros em consonância os africanos e com àqueles advindos da colonização estrangeira.
Compreendemos assim que o alimento descrito nessas obras literárias pode ser categorizado dentro de uma prática social, em que o ato de alimentar-se também, traz implicações de uma dinâmica social. O milho, por exemplo, fora acrescentado à culinária brasileira através dos indígenas, a partir desse alimento foram elaboradas outras receitas e pratos pelos portugueses. Na citação de Binzer, encontramos uma junção de milho e melado que não obteve muito sucesso junto às crianças.


De acordo com Norbert Elias que desenvolveu seus estudos a partir dos manuais de civilidade e o avanço do processo civilizatório sobre o apetite, analisando que as mudanças nos costumes e comportamentos foram adequando-se num processo de longa duração, queremos a seguir buscarmos apresentar uma análise sociológica e dos comportamentos sociais infantis e adultos por meio dos costumes alimentares brasileiros descritos nas obras literárias.
2. O processo alimentar como civilização de comportamentos e costumes

Para realizarmos uma análise sociológica sobre a cultural alimentar e as infâncias brasileiras nos amparamos nos estudos de Elias que dispõem que a civilização se fez por meio de um processo, em que determinada camada social desenvolve a transformação nos costumes em uma rede de interdependência de grupos, dos quais as crianças, assim como os adultos, não fazem de maneira consciente, mas na incorporação dos costumes civilizados.


Assim, os comportamentos, as emoções e os sentimentos são ampliados num espaço de reflexão, obtendo assim, uma transformação na conduta; dessa forma, “planos e ações, impulsos emocionais e racionais de pessoas isoladas, constantemente, se entrelaçam de modo amistoso ou hostil”. (ELIAS, 1993, p. 194).


Mediante a esta proposição, compreendemos que a partir das obras literárias podemos denotar quais eram os comportamentos das crianças mediante às situações rotineiras envolvendo o ato de se alimentar. Ressaltamos que nenhuma das obras em destaque fazem referência exclusiva ao processo alimentar brasileiro mas destacamos nas mesmas, algumas inferências que nos possibilitam entender como se dava esse processo e como era a relação da criança/adulto neste contexto.


Destacamos que as obras nos oferecem resquícios de hábitos ou costumes que mediante as normas atuais de higienização dos alimentos ficavam muito aquém do que se propõe em nosso cotidiano atual, pois naquele período, tornavam-se aceitas ou facilmente praticáveis.


Quando na obra Infância o menino Graciliano relata o momento das crianças se alimentarem em ambiente escolar, os doces e alimentos eram preparados sem qualquer preocupação com a nutrição ou higiene. Na obra mais atual de Miguel Sanches há um relato minucioso sobre o momento do preparo da carne de porco em que o torresmo é degustado ‘ainda quente, mal frito com limão e sal’ percebemos na falta de preocupação com o cozimento da carne.


Em todas as obras, notamos que as crianças estavam sempre envolvidas no momento das refeições, não havia uma distinção para elas ou tipo de alimento diferente dos demais.


Na obra de Binzer podemos constatar que no período descrito há uma junção de costumes dos hábitos alimentares indígenas associados com os costumes trazidos da corte portuguesa. Na citação descrita acima, as crianças ao comerem a canjica misturada com o melado de cana-de-açúcar sofreram um desarranjo estomacal. Situação na qual, denotamos a mescla de alguns alimentos ou pratos que não tiveram sucesso e que atualmente, dificilmente são utilizadas em nossa culinária, por já se ter um conhecimento de que ambos não são compatíveis para uma boa digestão.


Nas citações de Graciliano Ramos e José Lins do Rego, ressaltamos os distintos tipos de frutas tipicamente brasileiras que foram elencadas pelos meninos autores. Pedro Nava, por sua vez, nos oferece uma riqueza de detalhes em que nos coloca sobre a diversidade de frutas, doces e compotas feitas pelas escravas e senhoras mineiras em meados do século XIX.


Ao analisar o processo civilizatório proposto por Elias, e as descrições das obras literárias, consideramos que ocorre uma mudança considerável quanto à utilização de alguns alimentos ou elaboração de alguns pratos típicos da culinária brasileira. O uso dos alimentos à base do milho é imensamente utilizado em nossa atualidade, entretanto, de maneira balanceada e menos calórica. A utilização das frutas, legumes, grãos, sementes e raízes foram destacadas nas obras literárias, mas não há uma mostra da importância das mesmas na alimentação das crianças ou adultos.
A utilização do melado era algo notório nas obras de Binzer, Nava, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, ocorridas no século XIX e XX. As crianças, assim como os adultos, utilizavam-na com frequência em seus hábitos cotidianos.
Temos clara a participação constante das crianças em meio às festividades, almoços, jantares e lanches não havia uma distinção ou espaço diferenciado para eles. Compreendemos assim que o costume de se alimentar socialmente foi algo que se fortaleceu ao longo dos tempos. Adultos e crianças interagiam, ensinavam e aprendiam durante os momentos de alimentação.


De acordo com as citações descritas, as frutas e os alimentos advindos da base indígena sempre fizeram parte do processo alimentar brasileiro. Contudo, utilizados pelo seu sabor e nem tanto pelo seu benefício nutricional. Em todas as obras há uma referência constante do uso do açúcar e dos doces, vinculados aos costumes alimentares das famílias.


Por meio da análise literária, observamos que a utilização dos pratos e alimentos sofreu uma adequação das culturas e povos. Os alimentos advindos naturalmente da base indígena foram adequados aos temperos e processos estrangeiros, principalmente, pelos hábitos portugueses. O açúcar e o milho foram inseridos na alimentação brasileira de maneira calórica e nem sempre nutritiva. A diversidade de doces demonstrados nas obras mineiras de Pedro Nava e Guimarães Rosa deixa clara a utilização constante e rotineira no cotidiano familiar mineiro.


O convívio familiar estava mesclado ao convívio social e as refeições eram usadas como pretexto para o entretenimento, diversão e valorização social assim como notamos na obra de Solo de Clarinete de Veríssimo. A degustação dos pratos estava em consonância com as conversas familiares, com as reuniões e festividades sociais.


Em relação ao comportamento das crianças mediante o momento da alimentação há resquícios de que havia um centro controle pelos adultos sobre a maneira de comer, na obra de Menino de engenho o menino narrador nos dá essa percepção:

Tinham chegado para passar um tempo no engenho, uns primos meus, mais velhos do que eu: dois meninos e uma menina. Agora não era só como moleques que me acharia. Meus dois primos afoitos, sabiam nadar, montar a cavalo no osso, comiam tudo e nada lhes fazia mal. (REGO, 2009, p. 10)


Compreende-se que ocorria uma restrição feita dos adultos para as crianças das quantidades e tipos de alimentos que poderiam ser degustados.
Neste processo de evolução dos tipos de alimentos e dos comportamentos ao se alimentar percebemos mudanças consideráveis ao longo dos anos em que tanto adulto quanto criança estava sujeitos as normas e costumes de um grupo e de um período histórico-cultural.


Considerações finais


A partir de Elias podemos inferir que a prática alimentar brasileira foi se adequando aos grupos sociais e aos ambientes de maneira progressiva e sutil.


Os alimentos advindos das nossas origens indígenas não deixaram de ser utilizados pelos colonizadores, mas foram paulatinamente sendo incorporados aos costumes e hábitos estrangeiros. Muitos alimentos ganharam maior visibilidade, importância e aceitação quando mesclados a outros, como por exemplo, o açúcar e as frutas que inseridos às receitas dos portugueses e italianos.


Ao se adequar esses produtos naturais não havia muita preocupação com a nutrição tanto de adultos como crianças, alimentavam-se pelo prazer de comer. Ademais, o ato de se alimentar era valorizado como possibilidade de entreter, de se valorizar e de se impor perante seus pares.
Sobre o comportamento e costumes verificamos uma postura de modelação da criança pelo adulto, nos momentos de interação à mesa e de alimentação. O ato de se alimentar estava voltado ao aprendizado e ao prazer. Na maioria das obras notamos momentos de deleite e de satisfação durante as refeições.


Definimos assim que a infância brasileira foi delineada, não somente, pela formação informal e formal, da família ou escola, sobre os comportamentos e pulsões, mas também, por outras formas de modelação social, ou seja, pela alimentação.


Sabemos que a infância se configura por regulações, normas e preceitos advindos do âmbito social, a criança participa e interage e o ato de se alimentar contém modos, pulsões e maneiras (etiqueta, respeito, postura ou de nojo) que determinam como uma criança deva portar ou comportar-se diante de inúmeras situações que envolvem tanto o doméstico, o restrito quanto o social. Nesta perspectiva, as crianças nas obras literárias passavam por orientações e modelações de seus grupos de interdependência. Assinalamos que a infância e a alimentação estão vinculadas por conta do seu caráter civilizador, em que as crianças passam por uma cobrança frequente sobre quais alimentos e maneiras devem ter em relação ao seu convívio na sociedade. De forma que o alimento e seu preparo acompanham essas modificações, bem como, os comportamentos e ações dos indivíduos de uma sociedade.
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[1] Fonte: Revista saúde. Quatro verdades e uma mentira sobre o ovo. Ano 8 - Edição 106 - Fevereiro/2011. Extraído: http://revistavivasaude.uol.com.br/saude-nutricao/72/artigo129392-1.asp

[2] Fast Food
tipo de alimentação norte-americana realizada a partir de pratos rápidos, geralmente calóricos e sem muitos nutrientes. Junk food, também tem base na alimentação norte-americana e possui alto teor de gorduras e açúcares prejudiciais à saúde.

[3] Baú de osso
s é uma obra que utiliza da expressão do corpo para narrar suas memórias, intensificando uma época, seus hábitos e consequentemente suas histórias. Seus ancestrais podem ser descritos com exatidão. A comida é que abre o seu baú de memórias, as delícias mineiras detalhadas com sabor e prazer.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Nubea Rodrigues Xavier

por Nubea Rodrigues Xavier

Professora multiplicadora do Núcleo de tecnologias educacionais de Dourados/MS, coordenadora do curso técnico Profuncionário, tutora presencial do curso técnico em Serviços Públicos da rede Etec-Brasil. Mestre em Educação, especializações nas áreas de gestão em Ead, Formação dos profissionais em Educação, Mídias educacionais e Tecnologias de Informação e Comunicação.

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