A Prática do Psicopedagogo na clínica

A Psicopedagogia Clínica identifica as dificuldades de aprendizagem
A Psicopedagogia Clínica identifica as dificuldades de aprendizagem

Psicologia

12/12/2013

Resumo:

Este artigo tem como objetivo apresentar a prática do psicopedagogo na clínica a partir do diagnóstico clínico e verificar a importância da parceria entre psicopedagogo-escola-família. Pode-se concluir que o Psicopedagogo pode fazer muita diferença no desenvolvimento do educando, com uma escuta e um olhar mais sensível quanto às demandas de professores, alunos e famílias. Palavras-chave: psicopedagogia; aprendizagem; educação.


1. Introdução

A Psicopedagogia constitui-se, a princípio, em uma composição de dois saberes - psicologia e pedagogia - que vai muito além da simples junção dessas duas palavras. Isto significa que é muito mais complexa do que a simples aglomeração de dois vocábulos, visto que visa a identificar a complexidade inerente ao que produz o saber e o não saber. É uma ciência que estuda o processo de aprendizagem humana, sendo o seu objeto de estudo o ser em processo de construção e reconstrução do conhecimento.

Para compreender a prática do psicopedagogo, temos que entender o que a psicopedagogia estuda. A psicopedagogia é o processo de aprendizagem humana, sendo o seu objeto de estudo o ser em processo de construção do conhecimento e suas dificuldades, tendo um caráter preventivo e terapêutico. Terapeuticamente a psicopedagogia deve identificar, analisar, planejar, intervir através das etapas de diagnóstico e tratamento.

O psicopedagogo é o profissional que atua no aspecto clínico. No qual o seu trabalho consiste em ser o facilitador da aprendizagem prazerosa, ou seja, ele orienta o educando como estudar. Os psicopedagogos são profissionais preparados para atender crianças ou adolescentes com problemas de aprendizagem, atuando no seu diagnóstico, no tratamento do problema já instalado e na sua prevenção. Segundo Bossa (2000), a psicopedagogia preventiva se baseia principalmente na observação e análise profunda de uma situação concreta, de forma que podemos considerar clínico o seu trabalho.

O presente artigo surgiu da inquietação existente sobre a atuação e a importância do Psicopedagogo bem como suas formas de atuação dentro da clínica. De acordo com Gonçalves (2002, p.42) “as relações com o conhecimento, à vinculação com a aprendizagem, as significações contidas no ato de aprender, são estudados pela Psicopedagogia a fim de que possa contribuir para a análise e reformulação de práticas educativas e para a ressignificação de atitudes subjetivas.”


2. A atuação do Psicopedagogo na Clínica

O psicopedagogo inicia o seu tratamento com o diagnostico clinico, que dará suporte para identificar as causas dos problemas de aprendizagem. Utilizando de seus instrumentos de análise como: Anamnese, provas operatórias e provas projetivas. De acordo com Bossa (200, p.102), em geral, no diagnóstico clínico, ademais de entrevistas e anamnese, utilizam-se provas psicomotoras, provas de linguagem, provas de nível mental, provas pedagógicas, provas de percepção, provas projetivas e outras, conforme o referencial teórico adotado pelo profissional.

A entrevista inicial (anamnese) com os pais e/ou responsáveis é muito importante, pois segundo Weiss (2003, p.61), o objetivo da anamnese é “[...] colher dados significativos sobre a história de vida do paciente.”. E somente após a entrevista com os pais e com a criança, o psicopedagogo poderá indicar qual será o tratamento necessário. Caso ele identifique outros problemas, ele poderá indicar um psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista, ou outro profissional qualificado para ajudar no tratamento. Para a sua análise com a criança, o psicopedagogo utilizará recursos como jogos, desenhos, brinquedos, brincadeiras, conto de histórias, computador e outras situações que forem oportunas. Na maioria das vezes, a criança não consegue falar, expor de seus sentimentos, aflições e problemas e é através dos jogos, brincadeiras e principalmente os desenhos, que ela consegue expressaras suas ansiedades e dificuldades. Muito mais que o “brinquedo, o desenho da criança fascina. A criança desmancha o seu brinquedo quando o adulto chega, mas o desenho permanece como coisas escritas. Ele é um traço, é um testemunho” (Arfouilloux, 1988, p.128). Além do trabalho com a criança, o psicopedagogo vai orientar os pais e a escola indicando a melhor atitude a ser tomada. Pois só com a integração da tríade (aluno x pais x escola), irão conseguir construir ótimos resultados.

Segundo Lino de Macedo (1990), o psicopedagogo no Brasil ocupa-se das seguintes atividades: orientação de estudos, apropriação dos conteúdos escolares, desenvolvimento do raciocínio (promovendo um desenvolvimento cognitivo maio), atendimento de crianças deficientes mentais, autistas ou com comprometimentos orgânicos mais graves. O tratamento psicopedagógico define-se tanto pela adequação das estratégias utilizadas quanto pelos seus objetivos e pela qualidade da relação interpessoal que se estabelece entre o individuo atendido e o psicopedagogo.


Considerações Finais


A Psicopedagogia Clínica tem como objetivo identificar as dificuldades de aprendizagem, utilizando de sentimentos de alta autoestima, fazendo-as perceber suas potencialidades, recuperando desta forma, seus processos internos de apreensão de uma realidade, nos aspectos: cognitivo, afetivo-emocional e de conteúdos acadêmicos. O atendimento é individual, facilitando assim a criação de um vinculo entre aluno e psicopedagogo. Durante o tratamento são realizadas diversas atividades, com o objetivo de identificar a melhor forma de se aprender e o que poderá estar causando este dificuldade.

A criança, muitas vezes, não consegue falar sobre seus problemas e é através de desenhos, jogos, brinquedos que ela poderá revelar a causa de sua dificuldade. É através dos jogos que a criança adquire maturidade, aprende a ter limites, aprende a ganhar e perder desenvolve o raciocínio, aprende a se concentrar, adquire maior atenção. O Psicopedagogo irá ajudar a criança ou adolescente, a encontrar a melhor forma de estudar para que ocorra a aprendizagem, organizando, assim, o seu modelo de aprendizagem.

Segundo Bossa (1994, p.23) cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação.


Referências bibliográficas

BARONE, Leda M. C. Psicopedagogia – o caráter interdisciplinar na formação e atuação profissional. Porto Alegre: Rio Grande do sul: artes Médicas, 1987. Bossa, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil. Porto Alegre, Rio Grande do Sul: Artes Médicas, 2000.

BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1994.

BOSSA, A. Nadia; Fracasso Escolar – Um olhar psicopedagógico: Artmed, 2002 São Paulo.

FERREIRA, Renata T. da S. A importância da psicopedagogia no ensino fundamental – 1ª a 4ªséries. 2 ed. Porto Alegre: ARTMED, 2000.

MACEDO, Lino de. “Prefácio” a SCOZ et alii, Psicopedagogia – Contextualização, Formação e Atuação Profissional. Porto Alegre: Artes Medicas, 1992. PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 4 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.

WEISS, M. L. L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro, DP&A, 2003. WEISS, M. L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Stela Nolla Marrega

por Stela Nolla Marrega

Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2008) e pós-graduação em Psicopedagogia e Educação Infantil pela Universidade Dom Bosco (2013). Atualmente é professora da Garatuja Educação Infantil..

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