Depressão em Idosos

Em idosos a depressão costuma ser acompanhada por queixas somáticas
Em idosos a depressão costuma ser acompanhada por queixas somáticas

Psicologia

14/12/2013

RESUMO:

A expectativa de vida tem crescido significativamente no país, e com isso o aparecimento da depressão em idosos afetando sua qualidade de vida tem sido algo recorrente. Existe uma multiplicidade de fatores que podem desencadear a doença, colocando até mesmo a vida do paciente idoso em risco. Veremos que para um diagnóstico diferencial é necessário um olhar integral e individual à saúde do idoso. Abordaremos também o tratamento, ressaltando a importância do cuidado atento do profissional da saúde e da família.

O idoso brasileiro


No Brasil, o envelhecimento vem aumentando significativamente. “Estima-se que, para o ano 2025, haverá, em nosso país, cerca de 32 milhões de idosos” (STELLA et al  2002, apud TAMAI, 1999). No entanto, longevidade não é sinônimo de saúde, bem estar e autonomia para uma porcentagem considerável de idosos (PARADELA, 2011).

Segundo Oliveira et al (2006) logo após a fecundação começa o processo de envelhecimento, sendo que muitas células mortas ou velhas são trocadas por novas antes mesmo do nascimento. Sabe-se que o envelhecimento é algo natural na dinâmica da vida, e que, portanto existem consequências biológicas que levará o ser humano a velhice (OLIVEIRA et al, 2006).

Com o aumento da expectativa de vida, surge também à preocupação para com o aumento das doenças crônico-degenerativas, entre elas as neuropsiquiátricas, em particular a depressão (STELLA et al, 2002). “A Organização Mundial de Saúde considera a depressão um grave problema de saúde pública e estima que 154 milhões de pessoas sejam afetadas em todo mundo” (SILVA et al, 2012, p. 1388). A depressão é considerada “a doença psiquiátrica mais comum entre os idosos [...] e está associado ao maior risco de morbidade e de mortalidade”, aumentando o uso dos serviços de saúde, o descuido no autocuidado, o desinteresse no que tange a processo terapêutico e também maior risco de suicídio (GONÇALVES, ANDRADE, 2010, p. 290).

“A síndrome depressiva é caracterizada pela presença de humor predominantemente depressivo e/ou irritável e anedonia (diminuição da capacidade de sentir prazer ou alegria)” (PARADELA, 2011, p.31). Para Borges (2013) entre os muitos transtornos, a depressão deve ser olhada com cuidado, já que a mesma afeta a qualidade de vida do idoso negativamente. Segundo o mesmo autor, existe uma multiplicidade de causas que podem influenciar no surgimento e persistência dos períodos de depressão. Entre estas estão os fatores genéticos, biológicos e ambientais, como fatores estressantes por exemplo.

Sabemos que alguns fatores de risco para a depressão já estão instituídos com o avanço da idade. Gonçalves e Andrade (2010, p. 290) enfatizam que no idoso, com frequência a depressão “é secundária a outras doenças, como câncer”, demência, a utilização de alguns tipos de medicamentos, diabetes entre outros. Associado a isto, considera-se também as perdas, como o fim da vida profissional, reprodutiva, morte de familiares, viuvez recente, falta de vínculos, e, portanto o isolamento social.

Diversos estudos, sobre a depressão em idosos concordam que intervenções precoces, e um olhar integral no que tange a saúde do idoso, podem minimizar e até mesmo prevenir os fatores de risco que comprometem a funcionalidade do mesmo. Carvalho et al (2011, p. 25) ressalta que a “capacidade funcional abrange muito além da manutenção das capacidades físicas e intelectuais, envolvendo aspectos psicológicos, crenças e relações sociais da vida do idoso”, sendo assim entende-se que possui relação direta com qualidade de vida.

Quanto aos aspectos clínicos e ao diagnóstico da depressão “em pacientes idosos, além dos sintomas comuns, a depressão costuma ser acompanhada por queixas somáticas”, como baixa autoestima, hipocondria, efeitos adversos dos medicamentos, pensamento frequente de suicídio e delírios (STELLA et al, 2002, p. 92). Referente aos sintomas mais comuns na depressão, os mesmos atingem três esferas: “(1) Afeto: choro, tristeza, apatia; (2) Cognição: desesperança, culpa, sentimentos de inutilidade e menos valia, ideias de morte e (3) Somáticos: falta de energia, dores difusas, alterações no sono, apetite e hábito intestinal e diminuição da libido” (PARADELA, 2011, p. 32).

Dentre os aspectos destacados aqui, entendemos que o tratamento dos idosos com diagnóstico de depressão, deve ter como perspectiva a valorização da autonomia, assim como da individualidade dos pacientes. O tratamento pode ser realizado com medicamentos e/ou acompanhamento psicológico (PARADELA, 2011).

Sendo a depressão uma condição clinica frequente em idosos, é necessário que os profissionais de saúde e os familiares que lidam com os mesmos, estejam atentos aos sinais muitas vezes mascarados da doença. Portanto, os profissionais de saúde, também devem estar cientes da particularidade de cada quadro clínico, com isso utilizando todos os instrumentos e informações possíveis, a fim de adequar o tratamento, promovendo qualidade de vida ao paciente idoso. (SIQUEIRA, 2009).


REFERÊNCIAS


BORGES, D. T.; DALMOLIN, B. M.. Depressão em Idosos de uma Comunidade assistida pela Estratégia de Saúde da Família em Passo Fundo, RS. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, [S.l.], v. 7, n. 23, p. 75-82, abr. 2012. ISSN 2179-7994. Disponível em: <http://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/381/490>. Acesso em: 13 Dez. 2013. doi:10.5712/rbmfc7(23)381.

CARVALHO, M. P.; GARCIA, E. M.; TEIXEIRA, A. O.; LAUZ, S.; Capacidade Funcional Como Determinante da Qualidade de Vida em Idosos: Uma Revisão de Literatura. VITTALLE, Rio Grande, 23(1): 19-27, 2011

GONCALVES, V. C.; ANDRADE, K. L. Prevalência de depressão em idosos atendidos em ambulatório de geriatria da região nordeste do Brasil (São Luís-MA). Rev. Bras. Geriatr. Gerontol.,  Rio de Janeiro,  v. 13,  n. 2, ago.  2010  Disponível em <http://revista.unati.uerj.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-98232010000200013&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  14  dez.  2013.

OLIVEIRA, K. L.; SANTOS, A. A. S.; CRUVINEL, M.; NÉN, A. L.; Relação entre ansiedade, depressão e desesperança entre grupos de idosos. Psicologia em estudo, Maringá, v.11, n.2, Aug. 2006 .Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141373722006000200014&lng=en&nrm=iso>. access on  13  Dec.  2013.  http://dx.doi.org/10.1590/S1413-73722006000200014

PARADELA, E. M. P.; Depressão em Idosos. Revista Universitário Pedro Ernesto. 2011; 10(2): 31-40

STELLA, F; GOBBI, S; CORAZZA, D.I; COSTA, J.L.R. Depressão no Idoso: diagnóstico, tratamento e benefícios da atividade física. Revista Motriz, Universidade Estadual Paulista – UNESP, Rio Claro, v. 8, n. 3, p. 91-98, 2002.

SILVA, E. R.; SOUSA, A. R. P.; FERREIRA, L. B.; PEIXOTO, H. M.; Prevalência e fatores associados à depressão entre idosos institucionalizados: subsídio ao cuidado de enfermagem. Rev. esc. enferm. USP,  São Paulo ,  v. 46, n. 6, Dec.  2012 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342012000600015&lng=en&nrm=iso>.access  13  Dec.  2013.  http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342012000600015.

SIQUEIRA, G. R. et al. Análise da sintomatologia depressiva nos moradores do Abrigo Cristo Redentor através da aplicação da Escala de Depressão Geriátrica (EDG). Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro ,  v. 14, n. 1, Feb.  2009 . Available from<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232g=en&nrm=iso>.accesso 14  Dec.  2013.  http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232009000100031.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Marley Christian T. da Costa

por Marley Christian T. da Costa

Psicóloga CRP 12/13824, Palestrante e Idealizadora do site Emoções em Pauta (site, facebook e Instagram) - Mini currículo - Especializando-se em Psicodrama Clínico; Formação em Mediação Familiar/CEJUR - Ext. Univ. em Tópicos Avançados em Neurociências /Neurobiologia do Estresse. - Atualizações em Psiquiatria - Ext. Univ. em Análise do Comportamento e TCC: Procedimentos, Técnicas e Aplicações.

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