Considerações sobre a atuação do Psicólogo Hospitalar

A Psicologia Hospitalar é o conjunto de contribuições profissionais, científicas
A Psicologia Hospitalar é o conjunto de contribuições profissionais, científicas

Psicologia

17/04/2014

A psicologia enquanto campo do saber e espaço de intervenção vem a cada dia mostrando o quanto pode contribuir com seu olhar, seus questionamentos e sua posição em articulação com as mais diferentes áreas de atuação. Desta maneira, no campo da Saúde Coletiva e do trabalho hospitalar, não seria diferente. A psicologia hospitalar emerge enquanto especialidade que busca basicamente ‘somar forças’ com outras áreas da saúde inseridas nesse contexto.

Sendo assim pode-se dizer que de acordo com RODRÍGUEZ-MARÍN (2003) a Psicologia Hospitalar é o conjunto de contribuições profissionais, científicas e educativas que as diferentes disciplinas e conceitos psicológicos fornecem para melhor auxiliar aos pacientes no hospital. Nesse sentido, o psicólogo hospitalar é aquele que reúne esses conhecimentos e técnicas para aplicá-los de maneira sistemática e coordenada, visando à melhora da assistência integral do paciente hospitalizado, sem se limitar, por isso, ao tempo específico da hospitalização. Desta forma, seu trabalho é especializado no que se refere, essencialmente, ao restabelecimento do estado de saúde do doente ou, ao menos, ao controle dos sintomas que prejudicam seu bem-estar, focalizando sua intervenção na promoção de saúde, dando menos valia para a doença.

Ainda quanto ao conceito, de acordo com CHIATONE & SEBASTIANE (1991), o Psicólogo no contexto hospitalar, deve inserir-se na Equipe de Saúde, redefinindo seus limites no espaço da Instituição com uma atuação diferente do contexto clínico. Assim, suas intervenções devem considerar as próprias possibilidades da Organização bem como suas potencialidades, dificuldades e limitações determinadas por atravessamentos institucionais, caracterizados por regras, rotinas e dinâmicas de funcionamento.

Nesse sentido, podemos descrever algumas das possíveis atribuições desse profissional no ambiente hospitalar. É importante ressaltar que a diversidade de sua atuação depende de diversos fatores e do objetivo da instituição com a contratação desse profissional. Desta forma, uma das possíveis atribuições do psicólogo nesse contexto, diz respeito a uma função de coordenação, podendo realizar atividades com os funcionários do hospital no sentido de orientar ou ainda dar algum suporte quando necessário. Também podem ser realizados trabalhos no nível de consultoria, ajudando outros profissionais no manejo dos pacientes ou ainda aprimorando diversos serviços da Organização. As outras atribuições são relativas ao contato mais direto com o paciente. Desde a intervenção utilizada na busca de uma maior qualidade do processo de recuperação e adaptação deste quando da sua internação, até o atendimento mais sistemático ou a estruturação conjunta com outros profissionais de programas ou orientações na tentativa de modificar comportamentos. (Rodriguez-Marín, 2003)

Dentro desse contexto, se torna bastante comum que o trabalho do Psicólogo Hospitalar seja feito em conjunto com o Assistente Social, principalmente em serviços cujo objetivo seja o acolhimento psicossocial. Este acolhimento basicamente, trata-se das primeiras intervenções que visam esclarecer dúvidas, tranqüilizar pacientes e familiares e assim, dar condições para que estes prossigam bem com o seu tratamento tanto no âmbito hospitalar ou no que diz respeito à futuros encaminhamentos que possam ser realizados para o restante da rede de atendimentos.

Desta forma, esse trabalho conjunto possibilita um primeiro contato importante na estruturação da abordagem utilizada por esses e outros profissionais durante todo o período de internação do paciente. Além disso, esse olhar de diferentes campos do saber se coloca como fundamental dentro desse contexto. Abre espaço para nortear intervenções e discussões a respeito das possibilidades de trabalho e/ou mesmo ainda, quando surjam questões específicas em cada caso que se colocam com base nesses primeiros contatos e que podem ser levadas e discutidas com o restante da equipe posteriormente.

O trabalho com saúde pública e coletiva, apresenta muitos desafios e por isso se faz indispensável que se trabalhe cada vez mais, no sentido da interlocução e do diálogo. Médicos, enfermeiros, assistentes sociais, técnicos de enfermagem e demais profissionais que atuem na instituição precisam trabalhar em conjunto e focados em um mesmo discurso e modelo de intervenção. O psicólogo surge como alguém para contribuir na consolidação desse processo, trabalhando com ética e flexibilidade, busca através de suas ações, uma atuação preventiva e de promoção de bem-estar e de saúde. Seja com pacientes, familiares, colegas ou de uma maneira mais ampla, suas tentativas, através de suas intervenções, são de que os serviços de Saúde de sua rede ‘caminhem para o mesmo lado’. Desta forma, a partir dessa articulação na construção de diferentes possibilidades, acredita-se que se constroem Intervenções em Saúde mais compromissadas com o Ser Humano e suas particularidades.

Referências

Chiattone, H. B. C. & Sebastiani, R. W. Introdução à psicologia hospitalar. São Paulo: Nêmeton Centro de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Saúde. 1991.
RODRÍGUEZ-MARÍN, J. En Busca de un Modelo de Integración del Psicólogo en el Hospital: Pasado, Presente y Futuro del Psicólogo Hospitalario. In Remor, E.; Arranz, P. & Ulla, S. (org.). El Psicólogo en el Ámbito Hospitalario. Bilbao: Desclée de Brouwer Biblioteca de Psicologia, (2003).
Site da web: http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_hospitalar acessado dia 16 de abril de 2014.
Site da web: http://www.psicologiananet.com.br/psicologia-hospitalar-atuacao-e-intervencao-psicologica-no-hospital-papel-do-psicologo-hospitalar/1090/ acessado dia 16 de abril de 2014.

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Dieison Soares Leal

por Dieison Soares Leal

Psicólogo formado em 2009/II na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI campus de Santo Ângelo-RS. Portador do CRP 07/18560. Trabalha desde 2010 no Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, CEDEDICA, em São Luiz Gonzaga-RS. Trabalha desde junho de 2011 na Unidade de Saúde Mental do Hospital Geral de Caridade de São Luiz Gonzaga-RS.

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