A aposentadoria está ligada comumente a esta etapa peculiar da vida humana
Psicologia
17/04/2014
Atualmente, vivemos em um cenário onde cada vez mais o trabalho ocupa um lugar de espaço na vida do indivíduo.
Antigamente o trabalho era exercido com a finalidade clara de subsistência humana. O homem dispensava sua força de trabalho em prol de condições propicias á sobrevivência. Em outros tempos o trabalhador se inseria em uma empresa e lá permanecia durante todos os anos que exercesse as atividades laborais. No entanto, nos dias em que presenciamos, muitas tem sido as mudanças ocorridas nesta relação entre o homem e o trabalho. Trabalhar passou do significado torturante em que se concebem as origens da palavra, para algo prazeroso e significante.
Passamos mais horas de nosso dia no âmbito do trabalho do que com nossa própria família. Por intermédio desta relação nos constituímos e colaboramos na constituição do outro em uma troca mutua de experiências arraigadas de sentidos. Criamos vínculos, somos reconhecidos, construímos uma identidade profissional que permeia nossa própria identidade pessoal, de forma as vezes não conseguirmos separar os papéis. Dedicamos um tempo longo ás tarefas laborais e por vezes levamos trabalho para casa após o horário de expediente.
Identificamo-nos tanto com a empresa, seu padrão, missão, valores, sua visão, que passam a serem nossos princípios que muitas vezes norteiam nossos comportamentos. Já dizia o antigo ditado: “ o trabalho edifica o homem”. Essa edificação é plausível aos olhos da sociedade que valoriza o ser em sua capacidade produtiva. Enquanto isso outro velho ditado condena: “ mente vazia é oficina do diabo”.
A condenação se volta para o ócio, tão descriminado em nossa existência que por vezes ao nos proporcionarmos um momento de prazer nos culpamos seriamente por praticar um ato tão desprezível: a ociosidade. Se por vezes somos entrevistados em uma emissora de TV, atentamo-nos para o enunciado abaixo de nosso nome que se destina a ocupação. Se deparamo-nos em uma conversa com alguém desconhecido ou que talvez haja anos que não encontrasse a pergunta se revela: “ O que você faz?”. Definitivamente, não somos o eu Maria ou João, somos a Maria da padaria, o João do setor de compras da empresa tal. Somos o que exercemos perante a sociedade que nos cerca.
É fato que o ser humano contemporâneo anseia mais que subsistência nas contratações que se propõe a efetuar. O trabalho passou a ser motivo de realização pessoal.
Diante aos fatos descritos até aqui, se faz notório que o ser humano se constitui através do olhar do meio que o cerca. No entanto como este meio tão focado no capitalismo na produtividade se refere á aposentadoria? Como é retratado este período de transição da vida humana? O que a sociedade espera deste sujeito que não mais se doa nos cenários organizacionais?
A palavra aposentadoria em suas origens e significados, remete-nos o recolher aos aposentos. Quando deparamo-nos com a categoria de aposentados em seus registros formais encontramos a palavra inativa, para referencia-los, ou seja, sem capacidade de ação. Espera-se que o aposentado então descanse recostado em sua poltrona e desfrute do tempo vazio o qual não podemos encontrar em nossas agendas tão compromissadas.
Estamos vivenciando uma época onde a expectativa de vida aumentou significavelmente e percebemos então a necessidade de se atentar para a fase da vida humana o qual designamos como terceira idade. Pesquisas constatam que a sociedade não se encontra preparada para lidar de forma eficaz com esta demanda que cada vez mais se acentua.
A aposentadoria está ligada comumente a esta etapa peculiar da vida humana e em contraste com tudo o que se impõe em uma sociedade extremamente capitalista. Ao ser estigmatizado como descrito, o aposentado começa a se comportar como se espere que ele se comporte de forma acomodada perante o estereótipo a ele designado como norteador de suas atitudes. Devido a tais comportamentos, muitos aposentados entram em processo de adoecimento, pois se privam de atividades prazerosas ao se pensar já estar muito velho para pratica-las.
Devido aos relatos expostos, é esperado que o indivíduo em processo de pré aposentadoria se sinta inseguro em relação ao seu futuro. Se notoriamente somos o que fazemos o que seremos quando nos desligarmos definitivamente da função a qual exercemos por tanto tempo? Qual será o sentido da existência? Dessa necessidade surge a preparação para aposentadoria.
Este é um projeto que visa auxiliar o sujeito que se encontra prestes a se aposentar ou que já está aposentado há pouco tempo e ainda não se adaptou a nova realidade. A intenção primordial da PPA é acolher o indivíduo em suas dúvidas, anseios, medos inerentes à este processo o incentivando a resignificação de vida, recuperação de projetos já abandonados, criação de sonhos e novas perspectivas desmistificando falsas crenças ligadas aos aposentados e proporcionando uma melhor qualidade de vida. E você, caro leitor que se encontra neste cenário, esta se sentindo preparado para se aposentar?
Magna Lilian Silva
Psicóloga. CRP 04/40728
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Magna Lilian Silva
Bacharel em psicologia em especialização na área de Orientação Profissional e Gestão estratégica de pessoas, psicologia organizacional. Trabalho com planejamento de carreira, preparação para aposentadoria, orientação profissional, gestão de pessoas, treinamento e desenvovimento de talentos.
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