A expressão mais intensa da sexualidade não significa um problema, exceto se esta sexualidade não está funcionando a favor da pessoa e prejudica outras áreas da vida. De acordo com a 10ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10, 2011), homens e mulheres podem ocasionalmente se queixar de impulso sexual excessivo como um problema por si só, usualmente durante o final da adolescência ou início da vida adulta.
Este transtorno faz com que ocorra a falta de controle dos impulsos, resultando em incapacidade de resistir à tentação de realizar atos sexuais. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quarta Edição, Texto Revisado (DSM-IV-TR, 2002) afirma que nos Transtornos Sexuais Sem Outra Especificação, encontra-se: sofrimento acerca de um padrão de relacionamentos sexuais repetidos envolvendo uma sucessão de parceiros sexuais sentidos pelo indivíduo como coisas a serem usadas. Como identificar a dependência de sexo?
De acordo com Abdo (2010) alguns aspectos podem ser manifestar, tais como: uma busca compulsiva de novas parcerias (múltiplos parceiros); masturbação compulsiva; múltiplos relacionamentos sexuais simultâneos; consumo incontrolável de filmes e/ou literatura erótica e uso compulsivo da Internet (sites ou salas para prática de sexo virtual) para excitação sexual.
O DSM-IV-TR (2002) define as compulsões sexuais como comportamentos sexuais repetidos e exacerbados e causam sofrimento e prejuízo clínico significativo nos últimos 12 meses, caracterizados por três ou mais dos seguintes aspectos:
a) duração longa e intensidade crescente do comportamento;
b) fracasso em controlar o comportamento;
c) tolerância, diante de práticas sexuais cada vez mais exacerbadas e frequentes para obter a mesma satisfação que havia no começo do contexto. À medida que a satisfação não ocorre, o ciclo se retroalimenta;
d) ritual de busca: muito tempo e energia gastos com atividades para obter sexo;
e) prejuízo das atividades sociais, ocupacionais e recreacionais;
f) continuidade do comportamento, a despeito das consequências adversas;
g) abstinência, caracterizada pela presença de sintomas físicos e/ou psíquicos, quando o indivíduo evita se envolver em práticas sexuais.
Há uma sequência de fases nos episódios de busca por sexo:
a) Fissura – quando a pessoa fica absorvida como num transe, em pensamentos sobre sexo;
b) Ritualização – a pessoa desenvolve uma rotina sexual com excitação frequente e crescente;
c) Gratificação – a pessoa não consegue interromper ou terminar o processo antes de se satisfazer, ficando distante de estímulos ambientais que o detenham antes da finalização do ato sexual;
d) Desespero – a pessoa sente culpa. Abdo (2010) afirma que o comportamento sexual excessivo pode decorrer da tendência a aliviar a dor, de abuso infantil ou negligência.
Também afirma que o constrangimento, a autoestima negativa e sentimentos de inferioridade podem provocar relacionamentos íntimos disfuncionais que acompanhados de dor e angústia, conduziriam à busca de algum elemento com qualidades analgésicas originando a compulsão (por bebidas alcoólicas, drogas, alimentos, jogo, trabalho ou sexo).
O tratamento para este transtorno é realizado através de medicamentos e psicoterapia. A educação sexual adequada também pode auxiliar no desenvolvimento afetivo-sexual saudável e na sua prevenção. O Hospital das Clínicas da USP realiza pesquisas sobre a compulsão sexual, no Ambulatório de Impulso Sexual Excessivo, no Instituto de Psiquiatria.
Mais informações no site http://compulsaosexual.com.br/?p=408
Referências
Abdo CHN. Sexualidade humana e seus transtornos. São Paulo: Casa Leitura Médica, 2010. Associação Psiquiátrica Americana (APA).
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Texto revisado (DSM-IV-TR). Tradução Cláudia Dornelles, 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. Organização Mundial da Saúde (OMS). Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde. Texto revisado (CID-10). Tradução Centro colaborador da OMS para a família classificações internacionais em português. 10ª ed. São Paulo: Edusp, 2011.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Mirian Bernardes Lopes Alves
Pós-Graduada em Sexualidade Humana pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP), psicóloga e licenciada em Psicologia pela Universidade Paulista (UNIP), credenciada no Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP/99520), escritora de poesias, consultora em redação técnica, colunista da Revista Taboão News, em Taboão da Serra/SP e do Portal Trocando Fraldas em São Paulo.
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