Diagnóstico: repensem seus conceitos e sensibilizem-se
Psicologia
22/04/2014
Criticamos a sociedade, o sistema, as pessoas, o que está “normal” e o que “não está normal”. Mas talvez, nunca paremos para refletir no quanto nossas palavras marcam o desenvolvimento e porque não, a história das pessoas que recebem diagnósticos psiquiátricos.
A psicologia, ao mesmo tempo em que está intrinsecamente ligada à fisiologia e a medicina, deve estar um tanto distante, neste sentindo. Em medicina, ao darmos um diagnóstico de câncer ao paciente, percebe-se uma comoção em sua família, este recebe visita de amigos e familiares. Recebe-se afeto. A rede social o ajuda.
Mas em psicologia ou psiquiatria, quando damos a um indivíduo o diagnóstico de esquizofrenia, por exemplo? Percebemos que se volta à idade média, onde possuir a sintomatologia deste transtorno tinha origens na demonologia. O indivíduo é excluído de sua própria família, internado em um hospital psiquiátrico, raramente recebe visita de amigos ou familiares. O indivíduo é taxado como “um esquizofrênico”. Sua autoestima é colocada lá em baixo e este, já debilitado emocionalmente por conta de seu sofrimento psíquico, sofre ainda mais por esta falta de apoio, esta exclusão.
Sou um estudante de psicologia neste momento, mas percebo o quanto o sofrimento mental é banalizado. Raramente ouço alguém falar que “está com depressão”, e sim, “sou depressivo”. Acredito, que muito além de classificar os sintomas de um paciente num quadro clínico, através de um manual, a maneira de se informar um diagnóstico é um dos pontos-chave em nossa profissão - assim como na psiquiatria -, para a evolução esperada de um tratamento.
Em psicologia, estamos paulatinamente avançando para uma era mais humanista. Não deixamos de lado os tais códigos que denominam os transtornos psiquiátricos, ainda baseamo-nos em manuais diagnósticos. Mas estamos tornando-nos menos empáticos em relação ao “rótulo-diagnóstico” que se colocava uniformemente, há poucos anos atrás, sem se preocupar com o impacto na vida de cada indivíduo que buscava saber o que o fazia estar em sofrimento.
Diagnosticar de forma que o indivíduo passe a achar que aquele sofrimento “é ele” e, desta forma, mesmo que indiretamente, fazer com que o mesmo denomine-se “eu sou depressivo”. Retira suas esperanças, deixa-os com uma angústia profunda e recorrente de que o sofrimento é ele, e que só com a morte terá fim.
Aos estudantes de psicologia, que dentro de seu curso acadêmico nunca tocaram neste assunto, espero que este texto os faça refletir. Aos já graduados, psicólogos ou psiquiatras, que fazem uso do diagnóstico, um rótulo, àqueles que os buscam, repensem seus conceitos e sensibilizem-se com os mesmos.
Não tratamos órgãos, tratamos seres humanos.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Lucas Willian Calonego
Master Coach e Consultor em Administração do Tempo
www.lucascalonego.com
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