O conhecimento sobre Relações Humanas ajuda a melhorar as relações no trabalho?

Muitos não sabem como utilizar os conhecimentos sobre relações humanas.
Muitos não sabem como utilizar os conhecimentos sobre relações humanas.

Psicologia

21/06/2014

Relações Humanas é uma ciência que envolve um amplo conhecimento sobre as relações intrapessoal (de si mesmo) e interpessoal (com outras pessoas).

Saber até que ponto pode ser útil estudar sobre relações humanas, deve ser uma pergunta que muitos se fazem. De que serve saber sobre funcionamento de grupos, causas de conflitos intragrupais e/ou intergrupais, tipo de conflitos funcionais (que são positivos para o crescimento do grupo), que fatores da percepção, valores e atitudes podem contribuir ou prejudicar as relações humanas, saber sobre motivação, liderança, entre outros temas? Será que ter esses conhecimentos irá fazer de você um indivíduo diferente?

Bem, eu já posso adiantar que a resposta é não. Só adquirir esses conhecimentos certamente não vai fazer de você uma pessoa especial, diferente ou de muito sucesso no trabalho. Porque de nada adianta você estudar, estudar, estudar e não por em prática tais conhecimentos. Pois é, por em prática! Talvez seja esse o ponto chave do problema. Como alguém colocará em prática um novo modo de interpretar os acontecimentos, de se comportar diante dos outros se ele mesmo não acredita que isso lhe trará bons resultados? Eis mais uma palavra importante neste texto: acreditar. Pois é, a crença sobre a eficácia da aplicabilidade dos conhecimentos sobre Relações Humanas é necessária, se não indivíduo pensará que tudo não passa de “blá, blá, blá”, de teorias e mais teorias.

Agora pergunto: e porque não acreditar? Para você que ainda está se questionando sobre esta eficácia, observe o que está escrito no primeiro parágrafo deste artigo: “Relações Humanas é uma ciência”. Isso mesmo: ciência! Ou seja, suas teorias são baseadas em fatos. Claro que quando se trata de ciência humana haverá exceções, mas daí a acreditar que você sempre estará entre essas exceções já passa a ser um problema de conformismo ou pessimismo.

Quero compartilhar com o leitor um pouco da minha experiência como professora de Relações Humanas. Todas as vezes que inicio uma nova turma, eu me deparo com três perfis de estudantes:

 

Perfil 1: Os que acreditam não precisarem de conhecimentos sobre relações humanas porque se auto avaliam com boa competência interpessoal e isso já é o suficiente;

 

Perfil 2: Os que acham interessante estudar o tema, mas duvidam da sua eficácia justificando que as pessoas são como são e não podem mudar seu “jeito de ser”;

 

Perfil 3: Os que acreditam que o conhecimento científico pode ajudar e buscam fazer uso do mesmo.

 

Vou falar um pouco sobre cada perfil imaginando-os com estas mesmas atitudes no ambiente de trabalho.

 

Perfil 1: Até mesmo os indivíduos mais simpáticos e empáticos do mundo têm seus momentos de crise emocional. E nada impede que esses indivíduos não consigam tomar a melhor decisão nesses momentos. Certamente fazendo uso do conhecimento sobre autocontrole, autoconsciência, fenômenos grupais, terão mais condições de acertar.

 

Perfil 2: É característico dos indivíduos desse perfil frases como: “Aaaahhh! Eu não tenho paciência para estar conversando, explicando nada não”; ou “Comigo é assim eu digo logo na hora. Se doer, doeu. Que aguente e encare as consequências. Fez errado? Tem que escutar na hora”; ou ainda “Eu não tenho que ficar botando panos quentes, eu digo logo. A pessoa tem que saber o que ela fez”.

Percebam que em todas as falas os indivíduos indicam ter um baixíssimo grau de conhecimento de si mesmo e dos outros. São indivíduos que só contribuem para que a situação fique ainda mais tensa. Incapazes de perceber qual impacto provocam no ambiente em que estão e tendem a acreditar que sempre estão com a razão. Inclusive não compreendem porque não conseguem obter sucesso no local de trabalho, e interpretam o sucesso alheio como sorte, favoritismo, troca de favores entre outras causas.

 

Perfil 3: Esses indivíduos geralmente conseguem gerar um clima de trabalho mais saudável e se sensibilizam para perceber as situações em que podem fazer uso dos conhecimentos adquiridos. Vou relatar o depoimento de um estudante para ilustrar como se pode alcançar o êxito nas relações interpessoais no ambiente de trabalho:

Certa vez o estudante X compartilhou em sala de aula sua experiência. Contou que havia chegado um novo funcionário na indústria em que trabalhava e que este funcionário almoçava primeiro. X precisava aguardar que o novo colega o rendesse para que pudesse almoçar. Só que o novo funcionário não estava cumprindo com o horário. X contou que ficou até sem almoçar porque ele não chegava a tempo. Contou que de início os primeiros pensamentos foram: “Ele deve estar querendo me prejudicar. Nem bem chegou e já está aprontando”. Contou também que pensou em comunicar o ocorrido ao encarregado. Porém, por uns instantes lembrou-se das aulas e pensou que poderia estar errado com essa interpretação acerca das intenções do novo colega. Então, parou para pensar no modo como poderia falar com ele para que a comunicação fosse favorecida.

Contou: “Quando fui conversar com ele tentei fazer com que ele ficasse tranquilo em poder me dizer o que estava acontecendo. Então eu falei para ele que havia notado que ele não estava voltando na hora do almoço para me render porque eu estava ficando sem almoçar e perguntei se alguma coisa estava acontecendo e me dispus a ajudá-lo”. Então o novo funcionário contou o que estava acontecendo. Na verdade ele estava ainda no outro emprego e por isso estava trabalhando os três turnos. Como não estava com tempo para dormir, estava usando o horário do almoço para dormir. Pediu desculpas porque não havia percebido que estava prejudicando X e disse que já estava sendo resolvido o problema com o outro emprego. De fato o problema foi resolvido, X não precisou denunciar o colega, o colega por sua vez passou a respeitar o horário do almoço de X, e X conseguiu conquistar a confiança do novo colega.

O leitor tem alguma dúvida de que o comportamento de X foi adequado? Vou resumir o que aconteceu nesse exemplo:

-X entendeu que sua interpretação sobre as intenções do colega poderia esta errada;

-Buscou controlar suas emoções;

-Dialogou sem fazer juízo de valor ou acusações;

-Demonstrou interesse pelo problema do colega;

-Se dispôs a ajudar.

 

                O que podemos concluir de tudo isso? Para que você possa aplicar os conhecimentos adquiridos sobre relações humanas é necessário que você queira mudar alguma coisa. Você precisa estar motivado a isso. Do contrário, não vai adiantar estudar, estudar, estudar e na hora de aplicar, acreditar que será em vão. Então, o que você está esperando? Comece logo a praticar novos comportamentos, novos modos de interpretar os acontecimentos que certamente suas atitudes também irão mudar. Com isso, quando menos esperar tudo será tão natural para você quanto era antes o seu antigo modo de agir e de pensar. Aí, sim, você será um indivíduo diferente.

 

Vou falar um pouco sobre cada perfil imaginando-os com essas mesmas atitudes no ambiente de trabalho.

Perfil 1:
Até mesmo os indivíduos mais simpáticos e empáticos do mundo têm seus momentos de crise emocional. E nada impede que esses indivíduos não consigam tomar a melhor decisão nesses momentos. Certamente fazendo uso do conhecimento sobre autocontrole, autoconsciência, fenômenos grupais, terão mais condições de acertar.


Perfil 2: É característico dos indivíduos desse perfil frases como: “Aaaahhh! Eu não tenho paciência para estar conversando, explicando nada não”; ou “Comigo é assim eu digo logo na hora. Se doer, doeu. Que aguente e encare as consequências. Fez errado? Tem que escutar na hora”; ou ainda “Eu não tenho que ficar botando panos quentes, eu digo logo. A pessoa tem que saber o que ela fez”.

Percebam que em todas as falas os indivíduos indicam ter um baixíssimo grau de conhecimento de si mesmo e dos outros. São indivíduos que só contribuem para que a situação fique ainda mais tensa. Incapazes de perceber qual impacto provocam no ambiente em que estão e tendem a acreditar que sempre estão com a razão. Inclusive não compreendem porque não conseguem obter sucesso no local de trabalho, e interpretam o sucesso alheio como sorte, favoritismo, troca de favores entre outras causas.


Perfil 3: Esses indivíduos geralmente conseguem gerar um clima de trabalho mais saudável e se sensibilizam para perceber as situações em que podem fazer uso dos conhecimentos adquiridos. Vou relatar o depoimento de um estudante para ilustrar como se pode alcançar o êxito nas relações interpessoais no ambiente de trabalho:

Certa vez o estudante X compartilhou em sala de aula sua experiência. Contou que havia chegado um novo funcionário na indústria em que trabalhava e que este funcionário almoçava primeiro e que deveria rendê-lo para que X pudesse almoçar. Só que o novo funcionário não estava cumprindo com o horário. X contou que ficou até sem almoçar porque ele não chegava a tempo. Contou que de início os primeiros pensamentos foram: “Ele deve estar querendo me prejudicar. Nem bem chegou e já está aprontando”.


Contou também que pensou em comunicar o ocorrido ao encarregado. Porém, por uns instantes lembrou-se das aulas e pensou que poderia estar errado com essa interpretação acerca das intenções do novo colega. Então, parou para pensar no modo como poderia falar com ele para que a comunicação fosse favorecida. Contou: “Quando fui conversar com ele tentei fazer com que ele ficasse tranquilo em poder me dizer o que estava acontecendo. Então eu falei para ele que havia notado que ele não estava voltando na hora do almoço para me render porque eu estava ficando sem almoçar e perguntei se alguma coisa estava acontecendo e me dispus a ajudá-lo”.


Então o novo funcionário contou o que estava acontecendo. Na verdade ele estava ainda no outro emprego e por isso estava trabalhando os três turnos. Como não estava com tempo para dormir, estava usando o horário do almoço para dormir. Pediu desculpas porque não havia percebido que estava prejudicando X e disse que já estava sendo resolvido o problema com o outro emprego. De fato o problema foi resolvido, X não precisou denunciar o colega, o colega por sua vez passou a respeitar o horário do almoço de X, e X conseguiu conquistar a confiança do novo colega.


O leitor tem alguma dúvida de que esse comportamento foi adequado? Vou resumir o que aconteceu nesse exemplo:

-X entendeu que sua interpretação poderia esta errada;

-Buscou controlar suas emoções;

-Dialogou sem fazer juízo de valor ou acusações;

-Demonstrou interesse pelo problema do colega;

-Se dispôs a ajudar.


O que podemos concluir de tudo isso? Para que você possa aplicar os conhecimentos adquiridos sobre relações humanas é necessário que você queira mudar alguma coisa. Você precisa estar motivado a isso. Do contrário, não vai adiantar estudar, estudar, estudar e na hora de aplicar, acreditar que será em vão. Então, o que você está esperando? Comece logo a praticar novos comportamentos, novos modos de interpretar os acontecimentos. Com essa mudança de atitude logo logo tudo será tão natural para você quanto era antes o seu modo de agir e pensar. Aí, sim, você poderá ser um indivíduo diferente.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Maria Soraia Silva Cruz

por Maria Soraia Silva Cruz

Graduada em Psicologia - UFPE Doutora em Psicologia Cognitiva - UFPE; Professora do IFPE - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Pernambuco.

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