Em seu texto Rubem Alves faz importantes observações sobre como as pessoas gostam tanto de falar (sobre si, sobre os outros, sobre qualquer coisa), mas ninguém gosta de ouvir, as pessoas às vezes até escutam umas às outras, mas na verdade não estão pensando no que estão ouvindo, estão apenas esperando para chegar a sua vez de falar, como se o que a outra pessoa tivesse dito não tivesse importância, começa então uma competição para ver quem fala mais, ou seria quem escuta menos?
O psicólogo trabalha principalmente com a escuta, escutamos muito mais do que é dito pelo paciente, temos que ser capazes escutar também o que não é dito, o que se quer dizer e não tem coragem, porem mesmo nós estamos sujeitos a essa dificuldade dos tempos modernos. Se não sabemos como escutar corretamente nosso cliente, como poderemos ajuda-lo?
Escutar as pessoas é muito mais do que deixar ondas sonoras invadirem seus ouvidos e esperar que seus nervos receptores enviem um estimulo ao cérebro para que então ele possa produzir uma resposta, isso é apenas a primeira parte, isso nós fazemos instintivamente e não é preciso nenhum esforço especial, não é precisa aprender a fazer isso.
Escutar é refletir sobre o que a pessoa falou, mesmo que seja sobre algo que você já passou ou algo que você já sabe, você deve se colocar no lugar dessa pessoa e despir-se de qualquer outra opinião anterior, colocar-se no lugar do outro como se nós mesmos o fosse. É preciso estar em silencio absoluto, não apenas na fala, mas também em nosso interior.
Rubem Alves também notou que o silencio é outra coisa que parecemos ter esquecido de como fazer, falamos o tempo todo e sobre qualquer coisa, é cada vez mais difícil ficar sem falar nada, o mundo parece pedir a nossa opinião e a nossa história a todo momento. Dentro de um contexto como esse é preciso que se aprenda também a silenciar, não só a boca, mas também a nossa mente, silenciar a nos mesmos por completo.
Não adianta ouvir o cliente não o interrompendo em nenhum momento se nós estamos pensando em outra coisa, estamos apenas enganando a nós mesmos, o ato de escutar demanda um absoluto silencio interior e uma absoluta atenção ao outro.
Dentro de um mundo como o nosso onde as pessoas estão cada vez mais impacientes, é importante notar que para se escutar alguém é preciso parar e se dedicar ao outro, com o tempo parece que perdemos essa capacidade, antigamente tão simples, hoje escutar alguém se tornou algo sutil, é preciso treino para se escutar bem uma pessoa.
Se continuarmos nesse ritmo será cada vez mais comum encontrarmos relatos como ‘as pessoas não me escutam’ ou ‘me sinto sozinho’ quando indagarmos o paciente sobre sua queixa inicial, as pessoas precisam ser escutadas, precisamos ouvir o que elas têm a falar, tanto com psicólogos quanto como pessoas.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Itan Scheleder Fonseca
acadêmico de psicologia do 8º semestre pela Faculdade Cathedral, estagiário da câmara de conciliação da Boa Vista-RR
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