A relação mãe-bebê é de fundamental importância para o desenvolvimento psíquico da criança e podemos pensar no valor da relação entre a mãe e seu filho não apenas após o nascimento, e sim, antes, quando a mulher carrega ainda em seu ventre o pequeno ser.
Antes da décima semana o nome que recebe o pequeno ser é embrião, após as dez semanas de gestação ele se torna um feto e ficará no útero mais algum tempo até completar aproximadamente nove meses, desenvolvendo-se, para nascer e então ser um bebê.
No decorrer do período de gestação a mãe e o feto mergulham numa interação mais do que física, eles iniciam um processo de vínculo afetivo.
Estudos revelam que o feto após a 20º semana de gestação pode ouvir estímulos sonoros do ambiente externo e interagir emitindo reações como movimentos ou mesmo alterações no ritmo cardíaco (Maldonado, 1997)
A mãe pode dirigir-se ao feto, contar-lhe histórias ou mesmo passar a ouvir música juntos, assim a comunicação entre aquele que chegará e aquela que vive a espera de conhecer alguém que apenas é idealizado e imaginado passa a ser construída.
O pai e outros familiares também podem participar dirigindo-se ao feto e desfrutando da existência dele ainda no útero. Desta forma tanto a mãe quanto os demais iniciam um processo de adaptação sobre a nova configuração familiar e suas funções (no caso de pais de primeira viagem, o preparo gradativo em lidar com o sentido da função “ser pai” e função “ser mãe”) e para aqueles que já possuem filhos, o novo membro deve ser introduzido para que tanto os irmãos, quanto o bebê se percebam como constituintes de uma família.
Se a criança chegar numa família sem receber previamente um lugar, sem poder encontrar espaço para se constituir enquanto alguém que precisa manter laço social, desenvolver vínculos afetivos, ser escutada, olhada e cuidada, efeitos prejudiciais se instalarão do decorrer de seu desenvolvimento.
A relação com a mãe é que vai introduzir o bebê no universo dos sentidos e da existência, pois é ela, a mãe, que num vínculo potencial com seu bebê, o apresentará ao mundo.
Logo nos primeiros meses após o nascimento o bebê inicia, fora da barriga, sua jornada rumo à existência numa impressão de que ele e a mãe são um só. O encontro do bebê com o seio, a partir dos momentos da amamentação, lhe dá a percepção de que aquele objeto é uma extensão de si, até que ele compreenda que o seio lhe é alheio, parte não dele, e sim da mãe. É aos poucos que ele vai compreendendo que é constituído de um corpo distinto do corpo de sua genitora.
Para Fernandes (2003, p. 66) “Quando a criança nasce, seu corpo carece de integração. É o carregar, o banhar, o vestir, que vão construir uma pele sensorial, invólucro do corpo.” Desta feita, os cuidados com o bebê, em termos de corpo, e as palavras que lhe são dirigidas tem alta potencialidade e operam diretamente em sua apreensão de sentidos. A fala endereçada a criança permite que ela perceba-se como existente. O toque no bebê e o que lhe é discursado proporcionam seu desenvolvimento numa integração psíquica e corporal.
Quando a relação mãe-bebê é marcada pela rejeição, sintomas começam a se produzir e marcas traumáticas se inscrevem na criança. O corpo da criança pode responder com sinais de adoecer e angústia.
Não há receita e jamais será o objetivo dos que se propõe a trabalhar com a Psicanálise com bebês e crianças, produzir um manual de como a mãe deve se relacionar com seu filho. A relação mãe-bebê se constrói profundamente singular; cada mãe e cada filho vivencia uma experiência única. A análise ou o contato de um analista com bebês e suas mães, promove o trabalho de intervir sobre sentidos, traços e marcas deste romance.
REFERÊNCIAS
- MALDONADO, Maria T. Psicologia da Gravidez. São Paulo; Saraiva, 1997.
- FERNANDES, Maria Auxiliadora M. Quando uma Criança Precisa de Análise. São Paulo; Casa do Psicólogo,2003.
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