Um dos sentimentos mais fortes que acompanha o ser humano desde a conquista de sua plena consciência até o exato dia de sua morte, sem dúvida, é o medo. Segundo a definição do dicionário Aurélio o medo é o receio, sentimento de viva inquietação ante a noção do perigo real ou imaginário, de ameaça; pavor; temor.
O medo nos acompanha durante todo o desenrolar de nossas vidas e não poupa ninguém. Apesar de muitas pessoas venderem uma imagem de muito corajosas e imunes ao medo, cedo ou tarde, esse sentimento estará presente.
Há quem entenda o medo como um fator positivo e, de fato, pode ser, pois esse sentimento pode nos manter na defensiva e respeitar uma situação que pode se configurar em um perigo iminente em nossa frente. Se sentirmos receio, podemos adotar extrema cautela sobre a situação ou simplesmente fugir dela, ao passo que outra pessoa que a encara, o que pode ser perigoso, não sente medo e sim um alto grau de confiança, podendo estar sujeita a se expor e a sofrer as consequências.
Em um assalto, recomenda-se nunca reagir. Não porque somos totalmente incapazes, mas sim porque estatísticas provam que, na maioria dos casos, a reação leva às piores consequências. Então, uma pessoa que enfrenta essa situação fica com medo e tem pouquíssimas chances de se arriscar enquanto aquele ausente de medo e repleto de autoconfiança acredita que pode reverter a situação. O medo, às vezes, é importante para a nossa própria sobrevivência.
Imagine um grupo de amigos passeando de barco em uma represa. Todos eles beberam um pouco e resolveram nadar no meio da represa sem coletes salva-vidas. Todos sabem nadar e são tão confiantes que pulam na água, exceto um deles que está com muito medo e se recusa, pois entende que bebeu um pouco além do normal e isso pode ser um fator de perigo iminente para ele. Ele sabe nadar, mas, naquele momento, as condições adversas lhe proporcionam receio e ele recua. Os amigos na água o ridicularizam e o chamam de covarde até que um deles começa a se afogar, justamente o que era, entre todos, o melhor nadador.
Portanto, devemos saber separar o medo da covardia.
Então até aqui deixamos claro que o medo é muito importante em nossas vidas e por isso devemos passar toda a nossa existência sentindo medo? Não necessariamente.
Vejamos o caso dos empreendedores. Muitos são famosos no mundo todo por criarem e controlarem grandes empresas ou trazerem inovações surpreendentes para nosso dia a dia. Outros não são tão famosos, como aquele indivíduo de seu bairro ou sua comunidade que de uma hora para outra mudou sua vida drasticamente para melhor.
E qual é o grande diferencial de um bom empreendedor? Coragem ou, se preferirmos, ausência do medo. Pois essa é a característica dos grandes empreendedores: uma boa ideia e uma crença muito positiva que trará os resultados esperados. Sabendo das dificuldades e dos riscos de fracasso. Mas, esse empreendedor não teme o fracasso e caso ele aconteça, ele o enfrenta, se reergue e parte para a próxima investida.
Aquele indivíduo que desenvolve uma ideia que lhe parece boa, mas não leva adiante, pois sente medo de se arriscar e perder, nunca será um empreendedor e jamais saberá se sua ideia era realmente lucrativa ou não.
Portanto, o medo está com você desde sua plena consciência até o último dia de sua vida. E ele se manifestará em diversas formas, assim como já conhecemos: medo de morrer, de voar, de água, de fantasmas, de briga, de envelhecer, de crescer, de matemática, de casar, de não casar, de engordar, de guerra, acidentes, de zumbis, de morcegos, de cobras, de altura, enfim, uma infinidade de tipos de medo.
Agora falaremos de um tipo de medo que aflige muitas pessoas: o medo de mudanças!
Por que a maioria das pessoas teme as mudanças? Às vezes é visível que a mudança será para melhor, mas mesmo assim causa em todos os envolvidos aquela sensação de desconforto e receio. Observe o exemplo a seguir.
Em uma grande indústria fabricante de móveis, durante uma pausa para um cafezinho, um funcionário da produção comenta para um colega que um novo grupo econômico estaria comprando a empresa e por consequência muita coisa iria mudar daquele momento em diante.
Esse funcionário que acabou de saber sobre essa novidade se encarregaria de contar, em tempo recorde, para outros dez funcionários e estes levariam a novidade para outros dez até que, antes mesmo do horário do almoço, todos os empregados já saberiam dela, instalando o pânico entre todos os colaboradores da empresa.
As famosas frases de terror dos funcionários começaram a ecoar pelos quatro cantos da empresa, tais como:
• “Com certeza, muita coisa vai mudar por aqui.”
• “A nova diretoria vai mandar todo mundo embora.”
• “Os caras investiram dinheiro e vão querer resultados, então podem esperar muitos cortes de despesas.”
• “No mínimo vão cortar todos os benefícios. Adeus plano dentário.”
• “Eles vão querer trabalhar com gente de confiança deles e a gente vai sobrar.”
E tantas outras frases de pânico que com certeza farão o ambiente ficar ainda mais repleto de preocupações.
Um ano se passou, a nova diretoria assumiu e a empresa se modernizou muito. Nenhuma mudança drástica foi tomada, não houve grandes demissões e muitas coisas ficaram bem melhores para todos os empregados dessa empresa. E após um ano da mudança positiva, é comum ainda ouvir os mesmos funcionários, antes temerosos pela mudança, falarem pelos corredores da empresa coisas do tipo: “Ah... desde o começo eu sabia que essa mudança ia ser boa...”.
Essa situação é muito comum em muitas empresas e já presenciamos nesse exemplo o medo dos funcionários em relação às mudanças assim que eles souberam que seriam iminentes.
Com a simples notícia, da nova direção, os funcionários tiveram medo. Isso acontece, pois se trata do fenômeno humano de rejeição e medo daquilo que é novidade ou o medo das mudanças. Esses mesmos funcionários não se preocuparam em tentar saber quais os benefícios e o lado bom que essa nova diretoria traria para eles. Antes de procurarem saber o quanto essa mudança poderia ser positiva, eles já manifestaram o medo e a rejeição a tudo aquilo que viria a mudar.
Para que mudar? Estava bom demais daquele jeito. Todos estavam acostumados!
Por que as pessoas sentem essa rejeição e esse medo antes mesmo de saberem se a mudança será positiva ou não? Simples. Porque, para mudar precisamos, antes de qualquer coisa, deixarmos a tranquilidade e a comodidade de nossa zona de conforto.
E por que deveríamos sair de lá? Está tão quentinho, aconchegante e aqui dentro estou seguro de qualquer perigo. Porque a mudança às vezes se faz necessária e devemos enfrentar nossos medos e nos arriscarmos ao invés de nos acomodarmos e observarmos o mundo progredir enquanto ficamos parados.
O medo de mudanças não está presente apenas no campo profissional. No campo afetivo ocorre o mesmo. Quantas pessoas vivem um relacionamento infeliz com o parceiro e são incapazes de buscar um novo direcionamento para a vida?
Estão insatisfeitos, mas temem as mudanças. Preferem permanecer vivendo um relacionamento infeliz porque são incapazes de enfrentar o medo e buscar a mudança para melhor.
Por que o ser humano, quando confronta uma mudança, enxerga primeiramente o lado negativo e as consequências que essas mudanças podem trazer antes do lado positivo?
Uma palavra muito importante que tem um papel fundamental nessa situação é a adaptação. Pois, de fato, qualquer tipo de mudança que iremos enfrentar, teremos, obrigatoriamente, um período de adaptação. É nisso que reside certos temores às mudanças, pois nós já estamos adaptados em nossa zona de conforto.
Por que começar de novo? Por que se adaptar novamente? São algumas das perguntas que povoam a mente de qualquer indivíduo quando este se defronta a uma situação de mudança.
Esse tipo de pergunta e dúvida não nos deixa analisar o lado bom que a mudança pode trazer e recuamos com medo e insegurança.
O medo acaba por sufocar um dos maiores trunfos que o ser humano possui, a imaginação. Ela é uma ferramenta poderosa que nos permite vivenciar, sonhar, analisar nossa atual situação e imaginar que uma nova e excitante realidade é totalmente possível.
Por que somos assim? Por que o homem tem uma tendência natural de enfatizar o negativo em detrimento ao positivo? Por que em uma situação de mudança, em primeiro lugar, nos preocupamos com o que pode dar errado antes de analisar o que pode dar certo e assim desenvolvermos medo e, em muitos casos, desistirmos das mudanças? Muitos psicólogos apontam para uma simples palavra: Evolução.
Desde os primórdios da humanidade, o homem das cavernas, para sobreviver, teve que se adaptar ao mundo novo e observar a sua volta o que era e de onde vinha o perigo. Ele teve que dar muita ênfase e se preocupar com tudo que poderia dar errado e assim poder sobreviver às doenças, à fome, aos predadores, ao frio e a todas as adversidades que enfrentou. Podemos concordar que, naquela época, o pensamento positivo e o otimismo não eram de muita utilidade, não é mesmo?
Portanto, a evolução fez o homem manter essas características. E nós, como descendentes dos homens das cavernas, carregamos esse instinto primitivo conosco que ainda hoje nos faz recuar e temer quando algo está prestes a mudar. Fruto da evolução da espécie humana e a necessidade de sobrevivência.
Porém, a raça humana sobreviveu, prosperou e não mais habita as cavernas. Por isso não é mais necessário que tenhamos tanto receio e encaremos com tanta ansiedade qualquer mudança. As mudanças podem ser para melhor, basta que deixemos o medo de lado e nos foquemos em suas vantagens.
Você tem medo de mudanças? Tem, não é? Sem problemas, pois isso é normal. Como veremos a seguir.
João sempre ia para o trabalho pela pista da esquerda. Um dia, ele resolveu mudar. O que realmente importa é que, quando a necessidade da mudança ocorrer, você deve analisar os prós e os contras com o mesmo peso de decisão e não deixar o medo te travar e recuar. Utilize a razão e a emoção e esteja pronto para mudar seu rumo, mudar sua vida, mudar seu emprego, enfim, mudar.
Encare seus medos e temores e não tenha receio de abandonar sua zona de conforto. O mundo lá fora pode ser sombrio, feio e perigoso, mas você está pronto para explorá-lo. Nós evoluímos, não vivemos mais em cavernas e mudamos muito desde então.
Pode ser seu momento de mudar. O que você está esperando?
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por Colunista Portal - Educação
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