O IDOSO EM UMA PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA-CULTURAL E PSICOLÓGICA

O IDOSO EM UMA PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA-CULTURAL E PSICOLÓGICA.
O IDOSO EM UMA PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA-CULTURAL E PSICOLÓGICA.

Psicologia

17/07/2015

ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.

Faculdade Anhanguera de Dourados

Curso de Psicologia

HENRIQUE LOPES ESPINOLA


O IDOSO: NUMA PERSPECTIVA SÓCIO-HISTÓRICA-CULTURAL E PSICOLÓGICA



DOURADOS

2011


O Idoso

Antes minhas pernas fortes me conduziam

Para onde o meu ser desejava

Lá estava eu

Hoje sem forças

Conduzem-me para onde, eu nem desejo ir...

Ao cantar minha voz não alcançam ao tom da harmonia

Das filhas da música

Antes do romper do fio da prata

Meus olhos não desejam ver as estrelas brilhando no manto negro

Minhas vistas cansadas apenas querem ver

A grávida dando a luz

E o sorriso tão inocente da criança

E o sorriso tão nobre da madre que o gerou

Se naquele instante tivesse entendimento em saber que um dia não poderá falar mais alto que o som das trombetas

Seus moedores serão poucos

E seus olhos se escurecerão

Saber que será um ancião

Pediria naquele instante para voltar à madre

Do que sofrer o distanciamento dos seus entes queridos

A hipocrisia de ainda de chamar de família,

Sendo que na matéria como argamassas na essência como o azeite e água

Nos seus olhos deslizarão a tristeza por sofrerem o descaso de muitos

De muitos que estão ao seu lado, que vão se afastando... se afastando...

Embora viva como estivesse em um paraíso, não faltará alimento e nem água fresca, mas se sentirá como estivesse caminhando em um deserto

E ouvirá neste deserto

Na negra noite apenas uma voz:

Continue caminhando no silêncio, eles não deram valor em você, estão perdendo um mestre

Quero que saiba, você está saindo do deserto deles

Eles caminharão perdidos em seus conceitos por se julgarem sábios

Quando tiveram um sábio e desprezaram

Voltarão a evoluir espiritualmente, antes de sentir a velhice em si

E começar a ensinar seus filhos a amar seus velhos

Dizendo de todo coração: Eu te amo vovô ou eu te amo vovó.

Para sentir o amor por todos os anciões de forma universal

Não precisará reunir nações para elaborar novas leis para os idosos

Então não terá necessidade de ficar lendo e ensinando o Estatuto do Idoso

Pois terá o devido respeito que vem do amor ao próximo

Henrique Espinola (Fonte de Inspiração: Livro de Eclesiastes)


Olhe para o idoso de hoje

Porque o idoso de amanhã será você

Não deixem de expressar o amor

Ensine esta geração a amar os idosos

Não se esqueçam, os idosos de amanhã

Seremos nós

Henrique Espinola



RESUMO

ESPINOLA, Henrique Lopes. O Idoso: Numa Perspectiva Sócio-Histórica-Cultural e Psicológica. 2011. 54 f. Trabalho de Conclusão de Curso Psicologia – Faculdade Anhanguera de Dourados, 2011.
Pesquisa bibliográfica que teve como objetivo apresentar a trajetória do idoso no contexto sócio-histórico-cultural e psicológico, que ao colocar em paralelo a família modelo tradicional com a família moderna, em foco a sua exclusão, a importância da participação da família contemporânea na vida do idoso, e a intervenção do psicólogo com intuito de amenizar o sofrimento da mudança de identidade causada pela ruptura que envolve a sua saída do meio familiar e até o distanciamento social.

Palavras-chave: idoso, sócio-histórico-cultural, psicólogo.


Introdução

O presente TCC é um trabalho de referência bibliográfica de forma exploratória, identificar o idoso na exclusão social, nos períodos que abrangem a Idade Antiga, Média e Moderna, a metodologia empregada na pesquisa foram através de livros provenientes das Faculdades Anhanguera, Universidade Unigran, artigos científicos disponíveis na internet e site Scielo.

O pesquisador se interessou pelo tema, devido à experiência pessoal através de serviços bancários prestados aos idosos e algumas observações no cotidiano que se tornaram relevantes.

Devido ao presenciar no Brasil os idosos serem excluídos do meio familiar e social, o que dificulta realmente é a questão do sistema que os cercam, negam a oportunidade e não oferecem subsídios para os idosos deem continuidade nos seus projetos de vida.

A idade é usada como forma de restringir o seu avanço, impossibilitando, limitando o que desejam realizar e chega a privar o direito de ser cidadão, embora a Legislação Brasileira tenha por respaldo que não deve haver distinção de idade, assegurando ao idoso a sua inclusão na sociedade.

Alguns fatos observados em seu trabalho como correspondente bancário, as dificuldades dos idosos enfrentam, tais como: quando vão receber sua aposentadoria mais da metade ao receber seus benefícios não tem o acompanhamento familiar e alguns não se interam ao avanço tecnológico, tem dificuldades em digitar a senha bancária para sacar o seu benefício de aposentadoria, e alguns por vergonha em dizer que não sabem digitar suas senhas, começam a coçar os olhos e dizem que não enxergam direito, que levam a argumentar que esqueceram seus óculos ou precisam comprar óculos (Obs.: estas desculpas chegam a abarcar várias cidades circunvizinhas), outros passam mal na fila, devido à fragilidade do seu estado de saúde, quando questionado se tem um filho/filha ou algum neto/neta, para estar auxiliando a digitar a senha, suspiram e dizem: “Não tenho ninguém por mim, sou eu e DEUS”.

No dia a dia ao presenciar no ônibus coletivo, quando um idoso nem se acomodou no assento, o motorista dá aquele arranque, o idoso acaba caindo, quando o ônibus está lotado, cidadãos mais jovens ficam olhando para o lado de fora ou fingem que estão dormindo para não ceder lugar ao idoso. Quando vai atravessar a rua o sinal do semáforo fica verde, a impaciência dos motoristas e motoqueiros chegam a tirar “fininha” e buzinam assustando o mesmo.

Os empréstimos consignados aos idosos, oferecido por diversos bancos com a intenção em ajudar, no entanto a ajuda dá resultado contrário ao que se esperava, reduz o poder aquisitivo, diminui a qualidade de vida, muitas vezes fazem empréstimos para pagar conta de farmácia, ou filhos manipulam os mesmos para realizarem empréstimos tirando proveitos próprios. Se existisse uma política que atendesse a necessidade do idoso, principalmente um salário que correspondesse a sua necessidade, para viver de forma independente, viver e não sobreviver como acontece, não precisaria recorrer a empréstimos bancários.

A preocupação a situação nacional quanto ao envelhecimento populacional acelerado do Brasil e a existência de vários fatores, que contribuem de forma negativa seja ela política, social e familiar, numa senescência sem qualidade. Suscitando a questão quanto à exclusão do idoso no meio familiar e social, o que o psicólogo pode realizar para atenuar o sofrimento do idoso?

A premissa da pesquisa consiste em abordar a ruptura que envolve a saída do idoso do meio familiar e até o distanciamento social, o que acaba emergindo em relação a isto, modificando a sua identidade com a chegada da velhice, que diretamente influencia em vários aspectos de sua vida. Através de rompimentos de ordem familiar, trabalho, social, a perda do cônjuge, contribuindo na sua exclusão no meio familiar e social abrange a pesquisa do idoso em seus aspectos sócio-histórico-cultural e psicológico.

Não com o intuito de esgotar os estudos já realizados ao tema da questão do idoso, tem-se o intento de trazer questões para o conhecimento à necessidade da pesquisa social e científica a problemática nacional, a exclusão do idoso, o aceleramento do envelhecimento populacional no Brasil, demonstram fatores pertinentes a esta dificuldade, que incide na família e no idoso na contemporaneidade.

Esta pesquisa tem o objetivo de trazer informações para conscientização do direito do idoso para a sociedade, reconhecer a necessidade do idoso, diante de várias situações, na qual está inserido, garantindo uma senescência com qualidade. A vida não acabou, não deve permitir a exclusão do mesmo, mas buscar meios que os tornem mais participativos no meio familiar e da sociedade.

Versando o idoso nos aspectos que consistem o envelhecimento e suas características peculiares a idade no âmbito institucional e familiar, conglomerando numa visão sócio-histórica-cultural do idoso, mencionando aspectos concernentes ao crescimento do envelhecimento mundial, os vários tipos de sofrimentos em idosos ocasionados pelas mudanças e a intervenção do psicólogo em várias circunstâncias para atenuar o sofrimento.


1. O Idoso

1.1. O Envelhecimento


Para Fontaine (2000), o envelhecimento é consequência de um conjunto de processos que o organismo sofre após a sua fase de desenvolvimento, velhice seria acima de sessenta anos de idade, e que o envelhecimento não pode ser visto como sinônimo de velhice.

Fontaine (2000) acrescenta que, envelhecimento e desenvolvimento são conjuntos de fenômenos dinâmicos que evocam transformações do organismo de natureza biológica ou psicológica, em função do tempo.

Nesse sentindo, exemplifica que:

Estudiosos anglo-saxônicos fazem abordagem long life span, que é uma abordagem de “vida inteira”, esta abordagem ressalta o fato que são observáveis profundas modificações psicológicas ao longo de toda a vida, incidindo no princípio da teoria freudiana, que a nossa estrutura mental se estabelece durante a infância e repercutindo por toda a vida, com resultados positivos ou negativos, aprendemos “a viver com”. Para se ter o entendimento do envelhecimento, é necessário referir com a “vida inteira”. (FONTAINE, 2000, p. Introdução XV).

Porém Fontaine (2000) pontua que o envelhecimento não é um estado, mas um processo de degradação progressiva, ou seja, segundo ele, envolve todos os seres vivos, num termo natural bem específico, é a morte do organismo. Sendo assim é impossível datar a sua instauração, devido não poder precisar em que situação se encontra essa pessoa psicologicamente, biologicamente ou sociologicamente, a velocidade e gravidade de cada um, varia de pessoa para pessoa.

Como menciona Fontaine (2000), [...] que o envelhecimento é indissociável do fato de todos os organismos vivos serem mortais e que o fim natural do processo de senescência é a morte. 1.1.1. Envelhecimento Normal e Patológico

No século XIX, havia a propagação do conceito negativo de envelhecer, incutindo a visão qualitativa como decaimento, danificação ou a perda da estrutura, colocando em foco a patologia de multiformes, independente de origem orgânica ou psicológica, e Freud pontuou que não havia diferença de natureza, mas exclusivamente de grau, no que condiz entre o normal versus patológico e ao partir da ideia do continuum normal-patológico, o envelhecimento poder qualificado como a trajetória de casa sujeito neste continuum. (FONTAINE, 2000).

O que difere entre as pessoas, seria uma questão que envolve a velocidade e grau, do envelhecer, mas através do tempo, a velhice redundaria numa situação patológica de abrangência de senilidade ou demência. Embora a forma negativa de avaliar a velhice não extinguiu, mas aos poucos a representação da imagem positiva do envelhecer vem evoluindo, seguida das evoluções farmacológicas, programas da qualidade de vida, contribui de forma significativa a perspectiva de vida do idoso, prolongando seus dias de vida, com isto o grande número de idosos com boa saúde. (FONTAINE, 2000).

O envelhecimento não se dá na mesma forma, segundo o Fontaine (2000):

Seguidamente, nem todos os nossos órgãos e funções psicológicas envelhecem ao mesmo ritmo. Algumas pessoas mostram-se resistentes ao envelhecimento, chegando mesmo a mostrar melhor desempenho com a idade, ao passo que outras declinam ao sofrerem um processo patológico.


1.1.2. A Gerontologia e a Geriatria


Há uma diferenciação entre a gerontologia e a geriatria, que na conceituação de Fontaine pode-se verificar:

A gerontologia estuda as alterações das seguintes ordens morfológicas, fisiológicas, psicológicas e sociais consecutivas à ação do tempo no organismo, referindo diretamente ao envelhecimento, sem considerar qualquer acontecimento patológico, enquanto a geriatria se corresponde ao aspecto terapêutico da gerontologia, estuda formas de combater os efeitos decorrentes do envelhecimento, por isto está mais relacionada à farmacologia, que dão origem e aperfeiçoamentos aos tratamentos, exemplificando o tratamento hormonal, que é realizado nas mulheres, que combatem os efeitos provenientes da menopausa. (FONTAINE, 2000).

Neste contexto, Fontaine ressalta que:

A psicologia do envelhecimento partilha sua contribuição à gerontologia das variantes formas, pois a psicologia do envelhecimento, sempre prioriza o seu foco no ser humano e realiza comparações estruturais e funcionais dos diversos domínios psicológicos da criança, do adulto e do idoso, estuda e pesquisa a senescência que é o envelhecimento normal e a senilidade que é o envelhecimento patológico, envolvendo em seus estudos e pesquisas a inteligência, o comportamento, a linguagem, a memória, a personalidade e etc., a psicologia do envelhecimento em seus estudos não descarta nada que está correlacionada a dimensão psicológica. (FONTAINE, 2000).


1.1.3. As Características da Velhice

O corpo humano de forma biológica passa por algumas alterações ao passar dos anos e MOREIRA, TORRES e BARROS, 2004 apud RIBEIRO, 2006 p.6, descrevem algumas alterações orgânicas, morfológicas e tegumentares que apresenta no corpo humano em sua senectude.

• Na composição corpórea, ocorre uma redução da água corporal de 70% para 52%, e sua estatura, após os 40 anos de idade, cerca de 1 cm por década, está diminuição em sua progressividade depois dos 70 anos, apresenta um achatamento vertebral, redução dos discos intervertebrais, presença de cifose dorsal.

• Quanto ao peso, tende a reduzir após os 60 anos de idade, devido à perda da massa muscular e alteração orgânica.

• E a pele sofre lentidão da renovação epidérmica, perda da elasticidade, perda da lubrificação tegumentar. Os pelos ficam menos espessos e mais fracos, e perda da pigmentação, as unhas com crescimento lentificado, sendo mais frágeis, são mais secas e se tornam quebradiças.

• Os olhos ficam mais fundos, com o aparecimento do arco senil, a audição diminui devido o tímpano ficar mais espesso, ocorre à degeneração do ouvido interno e nervo auditivo.

• A boca fica mais seca, alterando o paladar, perda progressiva dos dentes e o nariz aumentam de tamanho e a capacidade olfativa diminui.
Estas características corporais são inerentes à idade biológica, é pertinente ao processo do envelhecimento humano.


1.1.4. As Idades do Cérebro

Segundo Nogueira (2011) ao citar a pesquisa realizada por Alysson Muotri (2010), pesquisador brasileiro no Instituto Salk, em La Jolla, Califórnia (EUA), não ocorre uma grande perda de neurônios durante o envelhecimento normal (quando não existem doenças degenerativas acelerando o processo), o que ocorre é uma diminuição do número de sinapses, da velocidade de maturação e da chamada plasticidade cerebral - a capacidade do cérebro de alterar suas configurações para atender às demandas do ambiente externo, e ao envelhecer, além da perda de sinapses, a dopamina também diminui , afetando a capacidade cognitiva.

E ao envelhecer a memória, algumas vezes não se consegue lembrar-se do que aconteceu há algumas horas, mais provável conseguir lembrar de lembranças antigas seria pelo fato de o hipocampo estar cada vez com menos neurônios novos. MUOTRI 2010, apud NOGUEIRA, 2011, afirma que o hipocampo “Ele nunca fica pronto, está sempre em transformação, porque a neurogênese (surgimento de novos neurônios) continua durante toda a vida”.

MUOTRI 2010, apud NOGUEIRA, 2011, explica o que acontece com um hipocampo com menos neurônios novos, "O clássico da velhice: lembramos do passado, mas temos dificuldade de aprender coisas novas e conectá-las com o tempo", diz o cientista. "Também perdemos a memória de trabalho, ou temporária: 'Onde foi que deixei a chave do carro? ', 'e o nome daquele neto mesmo? ', coisas do tipo."

Estudos já realizados que através da realização periódica de exercícios físicos pode estimular a criação de novos neurônios. "Camundongos idosos, mas que fazem exercícios voluntários diariamente consegue aumentar a neurogênese em 50%, atingindo níveis semelhantes aos de jovens sedentários", diz MUOTRI 2010, apud NOGUEIRA, 2011. Através de mudanças no estilo de vida podem trazer bons resultados, e a atividade física tem de ser voluntária, e não forçada, ficando explícito que o cérebro não aceita um estímulo na base da obrigação, mas através da motivação própria. O fator determinante será a forma como ela interpreta a vida, que irá definir a idade do seu cérebro. 1.2. O Idoso nas Instituições

1.2.1. Idosos nos Asilos

Os homens idosos em asilos é a minoria, alguns fatores justificam a razão disto ocorrer, segundo Veras (1994), devido às diferenças biológicas que contribuem significamente, exemplificando o fator de proteção concedido pelo hormônio feminino em relação a eventos circulatórios, notadamente isquemia do miocárdio, e há dentre outras possíveis explicações que incidem.

O homem é exposto à brevidade, por fatores com que venham reduzir o seu período de vida em relação à mulher, fatores tais como: exposição a fatores de risco sejam eles acidentes de trabalho ou trânsito, suicídios, homicídios e etc., o consumo de álcool e fumo, o consumo dessas drogas é bem maior em relação à mulher, outro fator explicativo, pelo fato das mulheres viverem mais que os homens, o que difere, e a atitude da mulher em relação a doenças, a frequência dela é bem maior nos serviços de saúde, conseguindo através de diagnósticos precoces, tratamentos adequados que contribuem para a cura, estendendo sua expectativa de vida. O homem é muito relapso nesta questão, que muitas vezes, por exemplo, até por preconceito não vão ao médico, realizar um simples exame de próstata. (VERAS, 1994).


1.2.2. O Idoso e a Família

Segundo Teixeira (2011) o idoso no âmbito familiar pode ser ressaltados em duas vertentes, o idoso com suas necessidades e expectativas e a família moderna na sua organização e dinâmica muitas vezes não correspondendo com o processo que o idoso vem vivenciando em sua senectude.

A família em sua definição é um grupo inserido numa sociedade que distribui papéis com responsabilidades sociais, e na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), define a família como base da sociedade, é dever da família, da sociedade e do Estado “amparar as pessoas idosas assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o direito à vida”.

Teixeira (2011) sugere que os membros da família têm que buscar compreender o idoso nesse processo de vida, no qual passa por transformações, ver suas fragilidades, sejam físicas ou de ordem psíquicas, moldando sua visão e atitude na questão do envelhecer, ou seja, colaborar de tal forma para que este idoso continue de forma participativa, no grupo familiar e da sociedade. A família precisa se adaptar, a esta nova situação, respeitando as necessidades dos pais e evitar que se sintam um peso sobre seus filhos.

O idoso esforçar-se de diversas maneiras, não se entregando na inatividade, entrega-se na dependência familiar, isto acaba afligindo o idoso, que acaba por sentir-se sem liberdade. Observa-se que no modelo tradicional, que o idoso tinha seu destaque, e experiência, nos tempos modernos, têm ocorrido mudanças, fazendo-se a necessidade do entendimento das transformações sociais e culturais que vem se originando, para enfrentar-se de novas maneiras, a velhice. (TEIXEIRA, 2011).

Segundo Teixeira (2011), não há uma estrutura que sirva de padrão ou modelo na organização familiar do futuro, mas devem-se primar pelos vínculos afetivos da família em relação aos seus idosos, para manter o que denominamos ainda de família, unidos dando suporte um ao outro de diversas maneiras, demonstrar e se fazer notório o mesmo afeto antes demonstrado, o respeito e o amor.

A família tradicional é caracterizada na regência da figura masculina, o homem era o chefe da casa, que ia trabalhar para garantir o sustento familiar, e a mulher ficava em casa, cuidando do lar e dos filhos, e a partir da revolução industrial, seguida do êxodo rural, a família tradicional foi se moldando a nova realidade.

A família não é um sistema estático, mesmo sendo tradicional, ela está em constante mudança. Por exemplo, a família se porta de maneira diferente quanto tem um filho de três anos e quando este filho passa há ter 28 anos, se porta de outra maneira frente a esta mudança de idade, esta diferenciação de idade, contribui para o desenvolvimento da família.

As famílias modernas diferenciam das famílias tradicionais no que se refere a sua configuração, pois pode ser formada de variadas formas, a mãe solteira e seus filhos, as famílias de recasamentos, as famílias homossexuais, as famílias em que há vários recasamentos em várias gerações, etc.
No entanto a figura do idoso é encontrada na família tradicional e na família moderna. (TEIXEIRA, 2011).


2. Uma Visão Sócio-Histórica-Cultural do Idoso

2.1. Conceito de ser Velho ou Idoso


Estabelecer o princípio da velhice é um trabalho de difícil resolução, pelo fato devido à generalização em relação à velhice, ressaltando que há diferentes tipos de idosos e velhos.

Há diferentes formas de se realizar uma definição e conceituar a velhice, e a definição recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) tem por base a idade cronológica, nos países desenvolvidos, a idade do idoso, inicia aos 65 anos e nos países em desenvolvimento a partir dos 60 anos, esta disparidade de idade, não é uma acepção entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimentos, mas devido o fato da perspectiva de vida dos habitantes dos países desenvolvidos serem maiores do que dos países em desenvolvimento.

No Brasil, em conformidade com o Estatuto do Idoso, as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos são consideradas como idosas. Mas apresenta algumas incoerências, no que se referem alguns direitos como a gratuidade no transporte coletivo público urbano e semiurbano só são permitidos as pessoas acima de 65 anos. (BRASIL, 2007).

O envelhecimento humano passa por diversos influxos, cultural, padrões de saúde individuais e coletivos da sociedade, classe social, hábitos alimentares, e etc.

SAN MARTÍN E PASTOR 1996 apud SCHNEIDER, IRIGARAY, 2006 p.589, ressaltam que:

Não existe um consenso absoluto na nomeação da velhice, [...] as divisões cronológicas da vida do ser humano não são absolutas e não estão sempre correlatas às etapas do processo do envelhecer natural. O processo do envelhecimento, não pode estar explicitamente determinado, cronologicamente, mas deve levar em conta várias condições, sejam elas, mentais, funcionais, físicas. A afirmativa aplausível seria a observação das idades que se difere em questões biológicas e subjetivas em sujeitos de igual idade cronológica.

[...] a idade cronológica deixa de ser um aferidor exato para as variações que seguem o envelhecimento, sendo apenas, uma contagem numérica dos anos desfrutados, é claro com suas variações diversas correlatas ao seu estado de saúde, participação e níveis de independência entre pessoas mais velhas que têm a mesma idade. [...] acontecimentos eventuais, pertinentes à vida pessoal, seja ela familiar ou profissional, são um referencial para tais mudanças. No processo do envelhecimento humano, abrange vários fatores seja, cronológico, biológico, psicológico e social que são utilizados para mensurar as idades da velhice. (SAN MARTÍN E PASTOR 1996 apud SCHNEIDER, IRIGARAY, 2006).

A idade cronológica, apenas vem evidenciar a transição do tempo decorrido, conota apenas o número de anos da pessoa que transcorreram, como cita (Hoyer & Roodin, 2003, apud SCHNEIDER & IRIGARAY, 2006) a idade é meramente um marcador.

SCHROOTS & BIRREN, 1990, apud SCHNEIDER & IRIGARAY, 2006, a idade cronológica sugere como algo absoluto e nela são fixadas propriedades que podem ser medidas. Ela é medida pelo tempo, empregando-se um padrão absoluto ou escalas de medida. Dada a comparação do tempo com medida, esta definição tende a obscurecer o fato de que o tempo não é fundamentalmente absoluto ou objetivo, mas relativo e subjetivo, isto não vem evidenciar simultaneamente com a idade biológica no processo de envelhecimento.

A idade biológica caracteriza-se pelas mutações corporais e mentais, que estendem ao longo do processo de desenvolvimento evidenciando o envelhecer humano. É um processo que se principia antes do nascimento do indivíduo e percorre por toda a existência humana. O envolvimento por parte do governo Japonês em relação ao idoso, para cuidar os idosos que moram sozinhos, juntamente com algumas empresas, criaram medidores de consumo de água e gás que enviam automaticamente as suas leituras a um centro remoto de interpretação de dados, e através desse sistema, se o consumo não for na média que se costuma apontar, fica subentendido que o idoso poderia ter sofrido um desmaio ou outro problema de saúde. Tanto o governo e os cidadãos japoneses têm por objetivo que os idosos continuem independentes e produtivos. (CARRIVALE, 2009).

Nas palavras de Carrivale (2009), portanto, é possível encontrar coincidências no que refere as funções sociais outorgadas aos idosos em diferentes culturas, que não foram reestruturadas em termos dos lineamentos políticos e econômicos reinantes no mundo pós-moderno.


2.1.3. O Preconceito em Relação ao Idoso

Neri (2007) pontua que o surgimento do preconceito é de natureza de negativa, cujo propósito avaliativo é omitir a qualidade e o valor, adentrando no campo dos estereótipos (na etimologia da palavra: do Gr. Stereós: sólido ou firme + typos: modelo, símbolo ou exemplar), os idosos são estereotipados de forma negativa em nossa sociedade, no que resulta a exclusão do meio da sociedade, que acabam num asilamento, devido às limitações que são impostas perdem até o seu direito de ir e vir perdendo o seu direito de cidadão, o preconceito relativo à idade, afeta de forma prejudicial o status social, o bem-estar psicológico e de igual modo até a saúde física dos excluídos. (NERI, 2007).

Em relação à sociedade formada pela família moderna há um despreparo para o enfrentamento do envelhecimento, no processo do envelhecimento humano, evidencia-se a importância de garantir aos idosos uma melhora na qualidade de vida. Os estudos sobre a velhice mostram que as condições de vida dos idosos são insatisfatórias e que a sociedade como um todo não está preparada para esse estágio da vida. (SILVA, 2002).


2.1.4. Idoso e as Inovações Tecnológicas

Teixeira (2011) salienta que os jovens aceitam com maior facilidade as mudanças, em sua maioria gostam das novidades e as aceitações do novo vêem a possibilidade de realizar outras escolhas. No entanto as pessoas idosas, esta questão é um pouco mais dificultosa, por serem resistentes, e em sua maioria são presas a paradigmas, e as situações desconhecidas provocam inseguranças e ansiedades.

Embora os idosos tenham aceitado algumas inovações com facilidade e tem se tornado algo comum no cotidiano, por exemplo, fazerem uso da escada rolante, o metrô, o aspirador de pó, o forno micro-ondas e etc. e com alguns aparelhos ainda apresentam dificuldades, por exemplo, ao utilizar um computador ou caixa eletrônico, no caso do caixa eletrônico ao acessar os serviços através do cartão magnético, é motivo de angústia para a maioria dos aposentados, no dia de receber a aposentadoria ou pensão ou ainda realizar um pagamento, muitas vezes exigindo a autenticação mecânica e do carimbo do banco como forma de comprovação do pagamento realizado, este procedimento conota atitude de desconfiança, traço às vezes peculiar nessa fase da vida. (TEIXEIRA, 2011).

Os idosos levam um tempo estendido para se adequar ao novo, mas de alguma maneira conseguem aprender e usufruir das inovações tecnológicas disponíveis, ultimamente a sociedade tem focado a velhice, dando uma atenção diferenciada de maneira pausada, estabelecendo-se uma inovação na nossa cultura, esta relação com a velhice, percebendo o envelhecimento como uma fase que abre possibilidades de continuar uma vida ativa, produtiva e independente. (TEIXEIRA, 2011).

O impacto que o avanço da tecnologia provoca nas pessoas e como ele se manifesta pode variar de acordo com o grau de necessidade de contato com os equipamentos, ou o interesse e curiosidade pessoal. No entanto, o idoso que já passou por tantas fases de transição e acompanhou a várias mudanças na sociedade adquiriu a experiência necessária para enfrentá-las com serenidade. A sabedoria do idoso consiste em flexibilizar-se e usufruir de todo o benefício que o progresso possa lhe oferecer para manter-se participativo e atuante na sociedade. (TEIXEIRA, 2011).


2.2. O Crescimento Acelerado dos Idosos

2.2.1. CENSO Demográfico 2010


Simon (2010), embasado nos dados no Censo Demográfico 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cuja coleta de dados foi realizada entre os dias 1º de agosto e 30 de outubro de 2010, Porto Alegre é a maior população de idosos, com 65 anos ou mais, Porto Alegre ultrapassa o Rio de Janeiro, que outrora tinha o reconhecimento como a capital com a maior população idosa.

Nas últimas décadas, o Brasil tem registrado que a diferença é mais evidente se comparadas às populações de até quatro anos de idade e acima dos 65 anos. Em 2010, de acordo com a Sinopse do Censo Demográfico, o País tinha 13,8 milhões de crianças de até quatro anos e 14 milhões de pessoas com mais de 65 anos.


2.2.2. O Crescimento do Envelhecimento Mundial


Fontaine (2000) cita que a humanidade atingiu o seu primeiro bilhão de habitantes em 1801, e que a partir de 1801 a 1925 os espaços de anos foram diminuindo:

1801-1925 espaço de 124 anos)

1925-1959 espaço de 34 anos)

1959-1974 espaço de 15 anos)

1974- 1986 espaço de 12 anos)

O espaço entre um período e o outro foram diminuindo, isto quer dizer que houve um crescimento acelerado, aumentou o número de habitantes e consequentemente o número de idosos.

O que leva o crescimento acelerado da população idosa é a redução na taxa de fecundidade, o aumento da expectativa de vida, atribuídos a diversas contribuições, seguida das evoluções farmacológicas, a medicina preventiva e programas voltados à qualidade de vida, contribui de forma significativa a perspectiva de vida do idoso, prolongando seus dias de vida, atribuindo um grande número de idosos com boa saúde.

O crescimento em larga escala do envelhecimento populacional gera custos altíssimos para previdência e saúde, refletindo de forma negativa no crescimento da economia seja de países ricos ou pobres.

Segundo Reuters (2011), o Departamento do Censo dos EUA em 2008 fez uma divulgação que o número de pessoas com 65 anos ou mais atingiu 506 milhões de pessoas no mundo. Este número tende a dobrar até 2040, chegando a 1,3 bilhões de pessoas, ou 14% da população global estimada, e segundo o relatório de Kevin Kinsella e Wan He, do Departamento do Censo dos EUA, o número de pessoas com 65 anos superará em números as crianças com menos de cinco anos. Ficando explícito que o envelhecimento já se tornou uma problemática a nível mundial, e a verdade que poucos sabem lhe dar com esta problemática.

Na conclusão do relatório, informa que pessoas com ou acima de 80 anos, e a parcela da população que mais cresce mundialmente, este número deve crescer 233% até o ano de 2040. Segundo esta pesquisa, a cada mês, em torno de 870 mil pessoas atingem os 65 anos, e dentro de 10 anos, cerca de 1,9 milhão, terão esta idade a cada mês.


2.2.3. Estatuto do Idoso

O Estatuto do Idoso tem por finalidade em amparar os idosos em várias questões, e o Estatuto do Idoso, surgiu através do Projeto de lei nº 3.561 de 1997 de autoria do Deputado Federal Paulo Paim, emergindo através da organização e mobilização dos aposentados, pensionistas e idosos vinculados à Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas (COBAP). (WIKIPEDIA, 2011).

No ano de 2000, a Câmara Federal, criou uma comissão especial para estar atendendo assuntos que se referem ao Estatuto do Idoso, com o objetivo de regular os direitos assegurados às pessoas, colocando em pauta a idade cronológica com ou superior a 60 anos e seus direitos fundamentais e de cidadania e oferecendo assistência judiciária.

O número de idosos tem aumentado no Brasil, levando o Governo Federal através da Secretaria Especial dos Direitos Humanos Presidência da República, estar realizando um trabalho de divulgação do Estatuto, para estar implementando suas ações através de parcerias Estaduais e Municipais.

O Estatuto do Idoso é um instrumento para a realização da cidadania, que consta os direitos do idoso que são: liberdade, dignidade, integridade, educação, saúde e outros direitos fundamentais individuais, sociais, difusos e coletivos, o Estado, a Sociedade e a Família tem a responsabilidade pela proteção e garantia desses direitos, que tem como objetivo promover a inclusão social e garantir os direitos desses cidadãos.

O Estatuto do Idoso (Lei 10.741) entrou em vigor no dia 1 de outubro de 2003, foi assinado pelo presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, e foi publicado no Diário Oficial da União, no dia 3 de outubro de 2003. (WIKIPEDIA, 2011). 2.2.4. A Política Nacional do Idoso

Wikipedia (2011), a Política Nacional do Idoso instituída através da (Lei 8.842/94), tem por objetivo garantir os direitos sociais do idoso, com isto, promover sua autonomia, integração e participação na sociedade.

A regulamentação da Política Nacional do Idoso foi sancionada bem antes do Estuto do Idoso, entrou em vigor no dia 3 de junho de 1996, através do decreto 1.948 e o Estuto do Idoso em sua abrangência é maior que a Política Nacional do Idoso, considerando prioridade máxima aos idosos e institui punições com penas aplicáveis, ao desrespeito ou abandono aos cidadãos idosos.

Os principais pontos do Estatuto em relação à Saúde:

• Atendimento preferencial no Sistema Único de Saúde (SUS).

• A distribuição de remédios aos idosos, principalmente os de uso continuado (Cardiológicos, diabetes, e hipertensão e etc.), deve ser gratuita, assim como a de próteses e órteses.

• Os planos de saúde não podem reajustar as mensalidades de acordo com o critério da idade.

• O idoso internado ou em observação em qualquer unidade de saúde tem direito a acompanhante, pelo tempo determinado pelo profissional de saúde que o atende.


Os principais pontos do Estatuto em relação ao Transporte Coletivo:

• Os maiores de 65 anos têm direito ao transporte coletivo público gratuito. Antes do estatuto, apenas algumas cidades garantiam esse benefício aos idosos, e a carteira de identidade é o comprovante exigido.

• Nos veículos de transporte coletivo é obrigatória a reserva de 10% dos assentos para os idosos, com aviso legível.

• Nos transportes coletivos interestaduais, o estatuto garante a reserva de duas vagas gratuitas em cada veículo para idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos. Se o número de idosos excederem o previsto, eles devem ter 50% de desconto no valor da passagem, considerando-se sua renda.

Os principais pontos do Estatuto em relação Violência e Abandono:

• Nenhum idoso poderá ser objeto de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão.

• Quem discriminar o idoso, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte ou a qualquer outro meio de exercer sua cidadania pode ser condenado e a pena varia de seis meses a um ano de reclusão, além de multa.

• Famílias que abandonem o idoso em hospitais e casas de saúde, sem dar respaldo para suas necessidades básicas, podem ser condenadas a pena de seis meses a três anos de detenção e multa.

• Para os casos de idosos submetidos a condições desumanas, privados da alimentação e de cuidados indispensáveis, a pena para os responsáveis é de dois meses a um ano de prisão, além de multa. Se houver a morte do idoso, a punição será de4 a12 anos de reclusão.

• Qualquer pessoa que se aproprie ou desvie bens, cartão magnético (de conta bancária ou de crédito), pensão ou qualquer rendimento do idoso é passível de condenação, com pena que varia de um a quatro anos de prisão, além de multa.


Os principais pontos do Estatuto em relação Entidades de Atendimento ao Idoso:

• O dirigente de instituição de atendimento ao idoso responde civil e criminalmente pelos atos praticados contra o idoso.

• A fiscalização dessas instituições fica a cargo do Conselho Municipal do Idoso de cada cidade, da Vigilância Sanitária e do Ministério Público.

• A punição em caso de mau atendimento aos idosos vai de advertência e multa até a interdição da unidade e a proibição do atendimento aos idosos.

Os principais pontos do Estatuto em relação Lazer, Cultura e Esporte:

• Todo idoso tem direito a 50% de desconto em atividades de cultura, esporte e lazer.

Os principais pontos do Estatuto em relação ao Trabalho:

• É proibida a discriminação por idade e a fixação de limite máximo de idade na contratação de empregados, sendo passível de punição quem o fizer.

• O primeiro critério de desempate em concurso público é o da idade, com preferência para os concorrentes com idade mais avançada.

Os principais pontos do Estatuto em relação à Habitação:

• A reserva de 3% das unidades residenciais para os idosos nos programas habitacionais públicos ou subsidiados por recursos públicos é uma obrigatoriedade.


3. Questões Psicológicas do Idoso

3.1. Sofrimentos Diante das Mudanças


Conforme Rosa (1987) como em outras fases da vida, a velhice não diferencia no aspecto que concerne às tarefas evolutivas, a questão de vários ajustamentos (mudanças) contribui de forma negativa para gerar um possível sofrimento; ajustamento à aposentadoria, a ocorrência na redução salarial, ajustamento à morte do cônjuge, ajustamento relacionados com comportamento sexual, a interação com pessoas da mesma faixa etária, o ajustamento ao deveres cívicos e sociais como cidadão de idade avançada, adaptações na residência que atendam às suas condições físicas e possibilidades financeiras.

O ajustamento um pouco mais difícil quando se refere à realidade da morte, este é o fator mais decisivo do processo do envelhecimento, o desenvolvimento de uma adequada filosofia de vida talvez seja o melhor preparo para enfrentar a realidade da morte. ROSA (1987).


3.2. Os Vários Tipos de Sofrimentos em Idosos

Bett (2011) define a velhice como um período normal do ciclo vital, tendo por características algumas mudanças de ordem: físicas, mentais e psicológicas. Diversos fatores psicossociais de risco predispõem os idosos a transtornos mentais. Nos fatores de riscos abrangem: a perda de papéis sociais, da autonomia; falecimentos de amigos e parentes, o declínio da saúde, o isolamento social, a redução financeira, a redução do funcionamento cognitivo (capacidade de compreender e pensar de uma forma lógica) devido prejuízo na memória.

Segundo Bett (2011), ao envelhecer, muda todo o trajeto da vida principalmente após a aposentadoria, para se adequar ao novo ritmo de vida, muitas vezes seguido de invalidez, ou de perdas de um cônjuge pode representar a entrada em um terrível processo de luto, que leva a recusa de alimentos, insônia, irritabilidade, retraimento e outras formas de expressão de sofrimento, instauram-se e conduzem o idoso ao desenvolvimento ou agravamento de uma enorme quantidade de patologias, por exemplo, entre elas a demência.

De acordo com Bett (2011), os idosos na maioria das sociedades, tendem a ser tratados como descartáveis, peso social para a família. Os maus tratos contra a pessoa idosa, “a um ato (único ou repetido) ou a qualquer omissão que lhe cause dano ou aflição e que se produz em qualquer relação na qual exista expectativa de confiança”.

[...] a violência contra a população idosa é um problema universal, estudos de diferentes culturas vistas de forma comparativa têm demonstrado que pessoas de todos os status socioeconômicos, etnias e religiões são vulneráveis aos maus tratos na velhice, e que os mais comuns são os de natureza física, sexual, emocional, financeira ou fruto de negligências. (BETT, 2011).

As causas principais de morte dos idosos são: os acidentes de trânsito com um peso de cerca de 30%, as quedas que recobrem cerca de 23%. As dificuldades de movimentos próprias da idade se somam a muita falta de respeito e mesmo a violências impingidas por motoristas e a negligências do poder público. Uma das grandes queixas dos idosos se refere às longas esperas nos pontos de ônibus e aos arranques desferidos por motoristas que não os esperam se acomodar em assentos. As quedas podem ser atribuídas a vários fatores, a fragilidade física ou o uso de medicamentos que costumam provocar algum tipo de alteração no equilíbrio, na visão, ou estão associadas à presença de enfermidades como osteoporose. (BETT, 2011).

As quedas e os acidentes de trânsito são fruto de omissão e de negligências dos familiares, das comunidades e das instituições que deveriam acomodar as habitações e lugares onde eles transitam a suas necessidades específicas. As lesões e os traumas provocados por quedas em pessoas idosas, frequentemente ocorrem em casa, entre o quarto e o banheiro; ou nas vias públicas, nas travessias das ruas, ao subir nos ônibus ou ao se locomoverem dentro deles. Associam-se, na maioria das vezes, a enfermidades como à osteoporose, à instabilidade visual e postural típicas da idade e às negligências de que são vítimas. Internacionalmente se estima que haja uma relação 03 (três) quedas não fatais para cada queda fatal. Os estudiosos estimam que um terço de idosos acima de 60 anos que vive em casa e a metade dos que vivem em instituições sofrem pelo menos uma queda anual. A fratura de colo de fêmur é a principal causa de hospitalização e metade dos idosos que sofrem esse tipo de lesão, falece dentro de um ano. Grande parte dos que sobrevivem fica totalmente dependente dos cuidados de outras pessoas.

Frequentemente, a violência estrutural (marcada pela desigualdade, pobreza e miséria), a violência institucional e a violência familiar ocorrem simultaneamente. Dentre os problemas mais frequentes ressaltamos os abusos financeiros que constituem a maior queixa às delegacias, às defensorias, ao ministério público e ao disque - idoso; as negligências provocadas pelos serviços públicos de saúde, de assistência social e de segurança; maus tratos e negligências em clínicas e instituições de longa permanência e nos ambientes familiares. (BETT, 2011) Continuando neste âmbito, é necessário pautar em uma reflexão:

É preciso repensar qual o tipo de sociedade queremos a partir da visão do envelhecimento como parte “natural” do processo humano. Não podemos mais conceber uma sociedade que vê na velhice algo simplesmente “negativo”. Isto é muito pouco em relação a todo um processo de uma vida inteira dedicados à sociedade, à família e a si próprio. A velhice precisa deixar de ser vista como uma limitação e sim como algo que está ai como parte do processo e que tem algo a oferecer a uma sociedade que cobra resultados imediatos de tudo e em relação a tudo. (BETT, 2011)


3.3. Os Principais Questionamentos Existenciais dos Idosos Brasileiros

Tessari (2009) menciona que a crise de identidade que manifesta no idoso é resultado da mudança de papéis, em face da regressão do padrão de vida provocada pela aposentadoria, cujo valor é inferior ao salário que a pessoa recebia quando estava trabalhando, e o que contribui para os questionamentos existenciais são as perdas diversas e a diminuição dos contatos sociais. Se a pessoa não teve uma boa vida, se não conseguiu alcançar uma realização pessoal, a maneira com a família o trata, segregando-o do convívio ou mesmo destratando-o, é nesta fase “terceira idade” que vai emergir tais questionamentos.

Relata-se que a pessoa estabelece limitações na sua capacidade, através de pensamentos negativos quanto ao ser idoso levando ao isolamento:
[...] muitos chegam a pensar que velhice é sinônimo de doença e de fraqueza, e que tanto o vigor físico como a saúde jamais estarão à sua disposição. Como é natural, com o avanço da idade, a memória começa a falhar e em face disso muitos chegam a admitir que não possa aprender mais nada e que suas habilidades intelectuais estão em declínio inevitável. A pessoa idosa, por conta dessa imagem negativa, pensa que não pode mais ser criativa e se priva de muitas atividades, por medo de fracasso ou de censura. Essa atitude, quase sempre, leva a pessoa idosa a isolar-se e a sentir-se rejeitada pelas gerações mais jovens. (ROSENFELT, 1965, p. 21, 37-43 apud ROSA, 1987, p.75-76).

Segundo Tessari (2009) a família ao afastar-se do idoso, diminui a atenção, em sequência vem à diminuição da autoestima, é uma brecha para o surgimento da depressão nos idosos, ainda mais quando eles não se envolvem em outras atividades sociais para que venha compensar a falta da atenção familiar.

Ela ressalta que a depressão é a principal doença mental da terceira idade:

A depressão nos idosos vem normalmente acompanhada de outros problemas físicos, o que acaba mascarando a doença (dores pelo corpo, mal estar, cansaço, apatia).

[...] para desencadear a doença: mudanças na renda (porque a pessoa se aposenta), os filhos saem de casa, alteração de papel social, a dificuldade em lidar com as limitações físicas próprias da idade, o medo de envelhecer, a perda de amigos e parentes, a perda do trabalho por conta da aposentadoria - que leva a uma mudança de vida nem sempre igual, ou melhor - a aproximação com a morte, a segregação familiar, além da dificuldade em elaborar novos projetos de vida e a falta de atividades que preencham o tempo disponível. (TESSARI, 2009).

Bett (2011) pontua:

A alta cronicidade, recaídas e recorrências, prejuízo psicossocial e físico, e alto risco de suicídio, o desespero em relação à vida, a angústia, o desejo de um fim, a morte como presença, o medo como aliado da existência, o abandono da autoestima. Ao sofrer de depressão, o indivíduo depara-se com sentimentos e pensamentos de pessimismo, desamparo, tristeza profunda, apatia, falta de iniciativa, descontentamento físico, dificuldade na organização e fluidez das ideias, comprometimento do julgamento. (BETT, 2011)

No estado depressivo é comum que o idoso deixe de lado as suas atividades normais do dia a dia, sem nenhuma causa que justifique esta paralisação (como uma doença temporária, por exemplo) ou que se queixe constantemente de dores pelo corpo, dificuldades físicas e incapacidade. Além disso, existe um isolamento do convívio familiar, aparência abatida, irritação e desânimo. Caso esses sintomas se apresentem por mais de três meses e na maior parte dos dias, é importante que a família leve-o para uma avaliação médica e psicológica o mais breve possível. (TESSARI, 2009).


3.4. Pensamentos Negativos do Idoso


O filósofo romano Cícero (106-43 a.C.), aos 61 anos escreveu um ensaio cujo título era De Senectude, expressava o seu ponto de vista pessoal no que concerne a variedades de aspectos da velhice, e várias queixas foram apresentadas tais como: a velhice é considerada maléfica, indesejável, é ruim e ser um passo que levava a morte.

Cícero verificou que há quatro razões principais porque a velhice é considerada uma fase infeliz da vida humana, primeiro a velhice é considerada má porque afasta o homem de suas atividades normais. Em segundo lugar, a velhice é encarada como algo indesejável porque diminui o vigor físico do homem. Terceiro, a velhice e ruim porque priva homem de quase todos os prazeres da vida, a quarta queixa frequente contra a velhice é que ela está apenas a um passo da morte. (ROSA, 1987).

Segundo Cícero, diante das razões citadas contestam as queixas que foram ressaltadas quanto à velhice, embasado no pensamento de Cícero, Rosa (1987) postula que as pessoas a quem faltam recursos interiores para uma vida feliz e agradável acham insuportável todas as fases da existência.
Cícero contrapõe os argumentos, quanto às atividades humanas, a velhice pode ser uma fase de realizações de planos anteriores concebidos e, e muitos casos, a fase do aparecimento de novos interesses capazes de conservar o homem em plena atividade criativa, em relação ao vigor físico, Cícero diz que o problema fundamental é saber usar adequadamente a energia disponível. (ROSA, 1987).

A pessoa idosa deve fazer aquilo que pode, com o vigor proporcional à energia que tem, o indivíduo emocionalmente amadurecido saberá ajustar-se ao processo natural de redução de suas energias físicas, com relação à morte, diz que é digna de compaixão a pessoa idosa que ainda não entendeu que a morte não é algo que nos deve angustiar ou nos preocupar. De duas uma, ou a morte representa uma extinção total do nosso ser, e neste caso é destituída de importância e significação, ou então ela nos conduz a um lugar onde viveremos para sempre, e neste caso a morte é algo desejável. (ROSA, 1987).

Na conclusão do seu argumento, Cícero faz uma ponderação sensata o que significa o ato de morrer:

Quanto ao ato de morrer, podemos experimentar alguma sensação, mas não será mais do que momentânea, especialmente para a pessoa idosa. Depois da morte, haverá uma sensação agradável ou não haverá qualquer tipo de sensação. De qualquer maneira, desde a mocidade devemos exercitar-nos no sentido de não nos preocuparmos com a morte, pois o individuo que não se treina nesse particular nunca terá paz de espírito. Porque todos devemos morrer e, até onde sabemos, nossa morte pode ocorrer hoje mesmo. A cada minuto de todas às horas a morte nos rodeia; se vivermos apavorados com a morte, como poderemos manter nossa sanidade? (RAPPOPORT, 1972, p.406 apud ROSA, 1987, p.77).

Rosa (1987) postula que nem todos enfrentam o processo do envelhecimento da mesma forma e com a mesma atitude, citando exemplo de Cícero que teve uma atitude positiva diante da velhice e em contra partida o famoso escritor Hemingway, a o envelhecer para ele se tornou um peso e como alternativo optou pelo suicídio.

Rosa (1987) ressalta que a psicologia evolutiva contemporânea estuda o processo de envelhecimento do ponto de vista interdisciplinar, que o envelhecer transcende o fenômeno biológico, abrangendo aspectos psicológicos e sociológicos, e que:

A longevidade, através dos séculos, foi sempre considerada como algo extraordinário na experiência do homem. Para explicá-la, diferentes culturas criaram determinados mitos dentre os quais se salientam o tema antediluviano, segundo o qual o homem no passado tinha vida muito mais longa do que hoje. Na Grécia surgiu o mito hiperboreano segundo o qual, no país “além-do-vento”, a vida era longa e sempre muito agradável. A fonte da eterna juventude, que existiria em algum lugar da terra, foi também constantemente procurada com o propósito de assegurar a eternidade ao homem. Nenhum desses elementos, entretanto, afasta o inevitável do envelhecer e da morte. (ROSA, 1987, p.130-131)

Logo mais o homem, distanciou-se dos conceitos religiosos adentrou no campo científico:

O homem moderno se voltou para o estudo científico do processo do envelhecimento. Várias hipóteses foram formuladas na tentativa de explicar o fenômeno, chegando-se à conclusão de que o envelhecimento deve ser encarado de vários ângulos e não apenas de uma só perspectiva. (ROSA, 1987, p.131) Rosa (1987) cita as três fases do processo evolutivo:

Fase Anabólica: o organismo se encontra em crescimento, acumula mais energia do que consome.

Fase do Equilíbrio Dinâmico: o organismo mantém um equilíbrio entre a aquisição e o consumo de energia.

Fase Catabólica: é a perda da energia sem a capacidade de renovação das energias.

Diante deste fato, a velhice define algumas características de declínio:

Nesta fase é possível distinguir dois aspectos do processo: a senescência, que seria o período de declínio gradual do organismo e para a qual existem compensações, e a senilidade, marcada por deterioração física e mental. Aparentemente o maior mal no processo do envelhecimento é a perda da vontade de viver ou a aceitação passiva de determinados estereótipos da velhice. Se a pessoa desenvolve uma filosofia de vida, o envelhecer não se apresenta com características tão dolorosas. (ROSA, 1987 p.131)

As mudanças psicológicas são inerentes ao processo do envelhecer:

As mudanças psicológicas que ocorrem na velhice são talvez as de consequências mais graves em todo o processo. Se a pessoa idosa for capaz de manter uma identidade pessoal positiva, ela poderá enfrentar com galhardia as consequências naturais de sua deterioração física. Se, porém, sua atitude mental é negativa, tudo mais será agravado e o processo do envelhecimento será grandemente acelerado. (ROSA, 1987 p.132)


3.5. A Intervenção do Psicólogo


Segundo Rangé (2001) nas referências, nas últimas décadas tem diminuído a taxa de natalidade, contribuindo para a transformação do Brasil em um país de velhos, em seu parecer, a velhice se constitui em um período de grandes crises biopsicossociais, que muitas vezes levam o indivíduo a solicitar ajuda psicológica bem como de outros profissionais da área de saúde. (RANGÉ Org., 2001, p.149).

Embora há várias vertentes na psicologia que realizam terapia voltada ao idoso, cito a terapia cognitivo-comportamental por preferência pessoal, que pode ser utilizada nas dificuldades que concerne ao envelhecimento a:

Psicoterapia cognitivo-comportamental é uma prática de ajuda psicológica que se baseia em uma ciência e uma filosofia do comportamento caracterizada por uma concepção naturalista e determinista do comportamento humano, pela adesão a um empirismo e a uma metodologia experimental como suporte do conhecimento e por uma atitude pragmática quanto aos problemas psicológicos. Entende que uma psicoterapia precisa oferecer: efetividade, empiricamente demonstrável, otimização entre custo e benefício, reduzindo os custos emocionais, de tempo, de recursos financeiros, etc. e maximizando os benefícios e resultados, nenhuma iatrogênese, isto é, garantindo que não existirão efeitos perniciosos decorrentes da intervenção e a manutenção dos resultados, garantias de que a superação das dificuldades não diluirá no tempo. Compromete-se com estas premissas, procurando demonstrá-las por meio de estudos experimentais e sistemáticos. (RANGÉ, 2001, p.35-36)

O modelo cognitivo atende o tratamento na real necessidade do idoso, defende que a ação do ambiente sobre o organismo defende que a ação do ambiente sobre o organismo induz, primeiro, um processamento cognitivo que , dependendo de como ocorra, afetará de modo diferenciado os sentimentos e comportamentos. Segundo esta concepção dependendo das interpretações específicas e momentâneas que um indivíduo faz de cada situação, o afeto e comportamento que apresenta serão diferentes. O processo cognitivo envolve esquemas (crenças ou regras de interpretação de fatos), pensamentos automáticos (interpretações específicas em cada situação), processos imaginários, mnemônicos, de solução de problemas etc. (RANGÉ, 2001).

Desde então, a terapia cognitivo-comportamental oferece alternativas interessantes ao modelo de compreensão dos fenômenos psicológicos e psicopatológicos, aos processos e às técnicas de diagnóstico, às técnicas e abordagens terapêuticas e, sobretudo aos resultados, tendo se tornado inclusive na forma terapêutica em mais rápida expansão entre e meios psicológicos e psiquiátricos. (FICHTER e WITTCHEM, 1980 apud RANGÉ, 2001, p.37).


3.6. Características da Terapia Cognitivo-Comportamental Geriátrica

Para realizar o tratamento da terapia cognitivo-comportamental geriátrica, segundo Rangé (2001), o local do atendimento pode ser realizado no consultório ou na residência do paciente, quando observável que depende de terceiro pouco confiável e pouco colaborativo ou o mesmo ser portador de um defeito físico grave.

A estrutura física do consultório deve atender a necessidade do paciente, deverá estar situado em andar térreo ou edifício que tenha elevadores de fácil acesso, e possuir portas que tenha largura necessária para a passagem de cadeira de rodas, devida o fato de alguns idosos serem portadoras de paralisias em sua maioria sequelas de AVC. RANGÉ (2001).

O tratamento tem por objetivo, auxiliar o cliente na superação dos sofrimentos ocasionados através dos preconceitos sociais refletida na sua autoimagem e suas expectativas de auto eficácia, fornecer subsídios para que possa lidar com a problemática presente da saúde, seja aguda ou crônica, caso o tenha e orientar e facilitar a mudança de comportamentos desadaptativos por outros mais adequados, no sentido de proporcionar um maior bem-estar para o cliente em todas as áreas de sua vida, abordar questões do relacionamento familiar e com os amigos, relacionamento amoroso, vivência da sexualidade e atividades exercidas. RANGÉ (2001).

A metodologia aplicada se dá através da entrevista inicial, formulação de caso e processo terapêutico e alta, na entrevista inicial, são necessárias uma hora e meia, fazer uso de cinquenta minutos é insuficientes, em face da investigação a ser realizada sobre a queixa que o mesmo apresenta estabelecer uma relação terapêutica, permitindo que o sujeito sinta-se acolhido, abrandar a ansiedade do idoso e estimular suas expectativas em relação à terapia, e estabelecer o contrato de trabalho. RANGÉ (2001).

Na formulação de caso:

Após a entrevista inicial seguem-se algumas consultas em que o terapeuta vai procurar reunir dados suficientes, que lhe vai permitir levantamento da queixa do idoso e as variáveis que o mantém na situação que ele deseja modificar. Em outras palavras: Quais as distorções cognitivas que levam o cliente a sentir-se mal e comportar-se desadaptativamente? O que na história do cliente, em sua dinâmica de personalidade e nas variáveis do ambiente favoreceu o surgimento e favorece a manutenção dessas distorções cognitivas e comportamentos desadaptativos? Uma vez que o terapeuta formule uma hipótese inicial que lhe responda essas perguntas, ele deverá optar por uma estratégia de tratamento que lhe pareça promissora diante das particularidades do indivíduo e do caso que se apresenta. (RANGÉ ORG., 2001, p.156)

Segundo Mallet (2011), é relevante na entrevista fazer uma investigação precisa da vida do idoso, o que é importante verificar, qual a queixa principal ou o motivo da consulta, se sente feliz, só pelo fato de ser escutado ou acolhido, procurar verificar quais os sentimentos em relação à velhice.

Realizar levantamento em varias questões, quanto ao:

• Relacionamento Familiar:

Com quem mora?

Quantos filhos, netos?

Se forem casados, separados (como foi a separação)

Atendimento idosa coordenadoria.

Qual o filho e neto mais atencioso, carinhoso?

Qual o filho e neto mais distante?

Qual o papel do idoso na família?

Que papel desempenhava antes e agora?

Quais as atividades realizadas em família?

Investigar dadas festivas (natal, dia dos pais/mães, aniversários).


• Interesse Social:

Dado importante para saber se existe isolamento social e investigar motivos (violência doméstica, incontinência urinária, depressão etc.) Faz alguma atividade física? Qual?

Faz alguma atividade manual?

Ciclo de amizades e contatos (vizinhos etc.)


Relacionamento Afetivo:

Estado civil.

Se tiver parceiro fixo ou não.

Relacionamento casal.

Relacionamento dos familiares com o parceiro.

Sexualidade (disfunções e inadequações sexuais).


Uso do preservativo


• Vida Profissional e/ou Atividades Ocupacionais:

Ocupação anterior e atual.

Relatar as atividades da semana.

Se frequenta algum Grupo de Convivência?

Se sair sozinho ou se precisa de acompanhante?


• Controle Financeiro


Quem faz o controle do dinheiro do idoso. (família contra o relacionamento afetivo por causa dos presentes dos idosos)?

Se fez algum empréstimo para familiares.

Espiritualidade.

Histórico de Saúde.

Bebida - dado importante - violência doméstica.

Se é fumante.

Portador de doença crônica - se faz controle médico (dado importante negligência e autocuidado).

Se alguém acompanha nas consultas médicas?

Faz uso de algum medicamento - quem busca, se toma sozinho?

Se tem plano de saúde, quem paga?

Internações (periodicidade).

Quedas frequentes.

Hematomas (verificar).

Conversar com o cuidador ou familiar presente se necessário, separadamente.

O planejamento da bateria de testes deve ser norteado pela necessidade do psicólogo de compreender ampla e dinamicamente o paciente, de acordo com as hipóteses levantadas, assim como pelo tipo de caso e condições do paciente. (MALLET, 2011).

Quanto ao processo terapêutico e alta, segundo Rangé, (2001), p.156-157, pouco difere do adulto mais jovem. As particularidades estão nos temas relacionados às crises biopsicossociais às quais está submetido e, com alguma frequência, à fragilidade física faz com que um simples resfriado seja motivo de maiores atenções para um sujeito que está perto dos oitenta anos. Esse tipo de problemas físicos e outros como: mau funcionamento dos intestinos, enxaquecas e alterações na pressão arterial que causam mal-estar, levam a uma alta incidência de cancelamento das consultas agendadas e consequentes substituições de horários. O terapeuta há de ter compreensão para com essas situações bem como flexibilidade suficiente para que o andamento da terapia não fique prejudicado. E cliente com problemas de memória deve ser estimulado a escrever e colocar em lugar visível seu horário de terapia ou, quando tem ajuda de outras pessoas, solicitar que lembrem.


Considerações Finais


O idoso passa por envelhecimento normal e patológico, a gerontologia e a geriatria que observa o idoso neste aspecto. O envelhecimento do corpo humano se torna mais visível através da forma biológica porque passa por algumas modificações sejam orgânicas, morfológicas e tegumentares.

O envelhecimento humano não ocorre somente no fator biológico, passa por diversas influências de toda ordem: culturais, padrões de saúde individuais e coletivos da sociedade, classe social, hábitos alimentares, e etc.

Por isso ao avaliar um idoso deve levar em pauta a idade biológica, cronológica, social e psicológica.

Através da pesquisa realizada, observou-se que nas Idades: Antiga, Média e Moderna, as atribuições sociais dos homens idosos eram diferenciadas, no entanto nas sociedades contemporâneas em sua maioria não o valorizam de forma positiva, mas o que difere dos outros períodos é o aumento da expectativa de vida, atribuídos a diversas contribuições; a redução na taxa de fecundidade, as evoluções farmacológicas, a medicina preventiva, contribuem para o prolongamento de seus dias de vida, concedendo grande proporção de idosos gozando de boa saúde e idade avançada.

O desencadeamento do crescimento acelerado da população idosa e o crescimento em larga escala do envelhecimento populacional propiciam altos custos à previdência e a saúde, que vem atrasar o crescimento da economia tanto de países desenvolvidos, países emergentes quanto de países subdesenvolvidos. Este fenômeno do crescimento acelerado da população idosa é uma problemática nacional e internacional, não havendo um preparo do governo e da sociedade para enfrentar esta situação.

Fica explícito que diante das mudanças que ocorreram ao longo dos anos, seja ela familiar ou tecnológica, alguns paradigmas se dissolveram no âmbito familiar, no que refere na ocupação do papel na família tradicional e família moderna, que em ambos os casos a figura do idoso sempre foi existente. No momento contemporâneo a valorização e a atenção a pessoa do idoso é reduzida, ao segregar do seu trabalho, família e sociedade, deixando de ser um sujeito participativo, deste modo ao tirar sua fala, induzem ao sofrimento psicológico, além de sofrerem fisicamente e muitas vezes acometidos por doenças da própria faixa etária ou até mesmo agressões físicas por parte de familiares, como existem casos registrados.

Segundo estudos sobre a velhice retrata que as condições de vida dos idosos são insatisfatórias, num contexto geral a sociedade como um todo não está preparada para esta etapa da vida.

A velhice precisa deixar de ser contemplada de maneira restringida e ser aceita como parte do processo e que tem algo a oferecer a uma sociedade que cobra resultados imediatos de tudo e em relação a tudo. (BETT, 2011)

Embora a exclusão desponte na aposentadoria, quando o mesmo ou a mesma é reputado como não produtiva para a sociedade, pelo fato se ser velho ou velha.

A família ao deixar de dar atenção ao idoso, contribui à redução da autoestima, precedendo o surgimento da depressão nos idosos, se tornam mais propícios devido não se envolverem em outras atividades sociais de forma a compensar a falta da atenção familiar. (TESSARI, 2009) O filósofo romano Cícero cita quatro pontos negativos sobre a velhice, a velhice é considerada má, pois afasta o homem de suas atividades normais, é indesejável ao diminuir a energia física do homem, é ruim porque priva homem de quase todos os prazeres da vida, a queixa mais comum contra a velhice é que ela está apenas a um passo da morte. Cícero contrapõe os argumentos, ao afirmar que o problema fundamental é saber usar adequadamente a energia disponível, a pessoa idosa deve fazer aquilo que pode, com o vigor proporcional à energia que tem. (ROSA, 1987).

O psicólogo diante da exclusão do idoso pode ajudar amenizar o sofrimento, muitas vezes sendo mais um orientador do que propriamente um psicólogo, dando atendimentos breves, abordando problemáticas do momento, aliviando o sofrimento, para que o mesmo possa enxergar que ter idade avançada, é possível viver feliz.

Diante do despreparo social, o psicólogo através de participações multiprofissionais, pode elaborar palestras de conscientização ou orientação destinada diretamente ao idoso ou as suas famílias, para abordar os cuidados ao idoso físico e psicológico, tratamento familiar do idoso, direito dos idosos, sentimentos de abandono, de exclusão, como viver com qualidade de vida, viver esta etapa da vida contribuindo socialmente.

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Henrique Lopes Espinola

por Henrique Lopes Espinola

Bacharel em Psicologia com Ênfase em Processos Clínicos, Especialização em: Psicologia Organizacional; Psicologia Hospitalar e em Docência do Ensino Superior. Obs.: Especialização em Psicologia Clínica Terapia Cognitiva Comportamental (em andamento) e Especialização em Psicologia do Trânsito (em andamento).

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