Padrões Estéticos X Liberdade de Tomada de Decisão

Psicologia

14/09/2015

 

A edição de maio, da revista ELLE, teve como capa Juliana Romano, com o intuito de trazer para a pauta, “a liberdade de tomar as próprias decisões sobre o nosso corpo”.

Com isso, ela chama a atenção para uma mudança de atitude, que vem ganhando espaço nos últimos anos, com a vinda das modelos plus size, etc.

Essa mudança de atitude tem grande importância, pois em nossa cultura os padrões de beleza exigidos, impõem enormes esforços pessoais em manter os corpos num mesmo modelo, o que faz com que as mulheres não se sintam no direito de fazer do próprio corpo, o que desejar, já que há relacionado a isso, um sentimento comum a quem não se encaixa no padrão, de não pertencimento e de exclusão, pois existe pouca tolerância, para com aqueles que não se encaixam. Com isso, “os cuidados físicos revelam-se, invariavelmente, como uma forma de estar preparado para enfrentar os julgamentos e expectativas sociais.” (Novaes, p.3, 2005).

Logo, o caminho mais fácil é tentar se encaixar, e grande parte das mulheres o vem fazendo e aliado a isso, exigindo o mesmo das outras. “Disciplinamos o corpo à frequentar uma academia de ginástica a fim de que, as custas de muito suor e calorias perdidas, consigamos reconhecimento social e aprovação. ” (Novaes, p.4, 2005).

Tudo isso tem como explicação, o fato de nós, seres humanos termos como expectativa construída ao longo da vida, atender ao desejo do outro. A raiz disso vem do momento em que os pais, começam a idealizar o bebê, imaginando nele, características que gostariam que o filho tivesse. Ex: A mãe grávida, que idealiza o filho moreno, esperto, que será professor, etc (idealizações que serão diferentes, em cada realidade e de acordo com a história de cada um). Essa idealização, faz com que a criança cresça tentando atender à essas expectativas, sendo que em outro momento encontrarão outras idealizações em diferentes relações, já que vivemos em um meio social. Ou seja, ao longo da vida, tentamos satisfazer o desejo do outro, como uma tentativa de ser amado e aceito por esse Outro.

Ocorre, que toda essa exigência e busca por corpos perfeitos (longe da realidade, já que é uma busca sem fim, em que ao conseguir um efeito, a mulher passa a desejar outro e outro, ...), acabam ocasionando uma baixa da autoestima daquelas que se vêm diferentes do ideal dos padrões e da expectativa em serem perfeitas, pois não se vêm aceitas e pertencentes, e o sentimento de exclusão e inferioridade aparece intensamente.

Por isso, espaços como o aberto à Juliana Romano, tem enorme valor e importância para algo que vem pedindo por mudanças em nossa sociedade. São comportamentos como esse (que deveriam ser comuns), que abrem a possibilidade de nos encontrarmos com novas idealizações, e nos mostram que qualquer pessoa tem o direito de ser como desejar, de fazer do próprio corpo, o que achar melhor, e podem sim, ser capa de revista. E mais do que isso, fico pensando que ser quem você é, e poder escolher ser como se é, gera imenso prazer, e abre portas, para que muitas mulheres voltem a ter uma boa autoestima e se vejam pertencentes novamente.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

- NOVAES, Joana de Vilhena; SER MULHER, SER FEIA, SER EXCLUÍDA, 2005. Acesso em http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0237.pdf, em 09/06/2015.