Psicologia hospitalar: atuação do psicólogo em equipe multidisciplinar
Contribuição do psicólogo no contexto hospitalar
Psicologia
18/09/2015
Trabalhar no contexto hospitalar exige a integração de uma equipe de profissionais para que o atendimento seja com garantias de qualidade, humanização e que possa atender a singularidade de cada paciente.
“A integração da equipe de saúde é imprescindível para que o atendimento e o cuidado alcance a amplitude do ser humano, considerando as diversas necessidades do paciente e assim, transcendendo a noção de conceito de saúde, de que a ausência de enfermidade significa ser saudável”. (FOSSI, GUARESCHI, 2004, p. 31).
A atuação do psicólogo no contexto hospitalar se caracteriza por um “conjunto de ações psicoterapêuticas capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde mental e de intervir nos problemas sanitários decorrentes da patologia orgânica, da hospitalização, dos tratamentos medicamentosos e cirúrgicos, e da reabilitação”. (ALAMY, 2013, p. 19). É fundamental que haja a inter-relação das diversas modalidades de atuação para atender as necessidades do paciente, e nesse ponto, o trabalho em equipe multidisciplinar se mostra relevante ao atendimento com paciente e seus familiares.
O trabalho em equipe é essencial no contexto hospitalar, onde médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas e os demais profissionais envolvidos nesse atendimento possam estabelecer uma integração para que o paciente possa encontrar nesse cenário um atendimento humanizado e a resposta a outras necessidades do mesmo. (TAVARES, VENDRÚSCOLO, KOSTULSKI, GOLÇALVEZ, 2012).
Essa integração da equipe para estabelecer um plano de trabalho com cada paciente se dá através do uso de prontuários pelas equipes de saúde, onde cada profissional descreve as considerações e relevâncias do paciente e seu adoecimento. É fundamental que seja aberto um espaço para discussão dos casos de cada paciente.
Segundo Fossi e Guareschi, citado por Tavares et.al.(2012, p. 2):
A equipe multidisciplinar deve construir uma relação entre profissionais, onde o paciente é visto como um todo, considerando um atendimento humanizado. Dessa forma, foca-se nas demandas da pessoa, e a equipe tem por finalidade de atender as necessidades globais da pessoa, visando seu bem-estar. Para que isso ocorra é importante que haja um vinculo entre o paciente e os profissionais, que pode ser considerado no manejo do psicólogo inserido no contexto hospitalar. Tal inserção é favorável nas instituições quando esse tem a oportunidade e espaço para reuniões entre os variados profissionais da equipe multidisciplinar, para poder destacar a importância do reconhecimento do conjunto dos aspectos emocionais do paciente.
O psicólogo tem um papel central na tríade paciente-família-equipe de saúde, pois exerce a importância da comunicação entre essa tríade, para resultar positivamente no tratamento e cuidado ao paciente além do suporte aos familiares. O psicólogo também tem a responsabilidade de organizar e esclarecer sobre a importância das funções e suas relações exercidas em beneficio do paciente.
Em equipes multidisciplinares compete ao psicólogo: esclarecer sobre acontecimentos biológicos que provocam mudanças significativas na vida das pessoas; informar sobre causas, consequências e tratamento de doenças que os pacientes apresentam; assegurar a adesão ao tratamento; auxiliar na adaptação à nova condição de saúde; propiciar trocas de experiência entre pessoas que enfrentam situações semelhantes; criar oportunidades de contato com a equipe para esclarecer duvidas; comunicar normas e rotinas de determinada unidade; e avaliar a qualidade dos serviços oferecidos pela instituição. (TONETTO, GOMES, 2007, p.44)
O psicólogo precisa auxiliar a equipe de saúde para conscientização da importância do trabalho multidisciplinar, onde poderá ajudar a equipe entender claramente suas funções, objetivos, facilitar a comunicação entre paciente, familiares e equipe. O psicólogo precisa comunicar seu saber científico e as percepções do paciente para a equipe de saúde, expressando a necessidade de visualizar o paciente em sua singularidade, e assim inserir ações humanizadas. (TAVARES, VENDRÚSCOLO, KOSTULSKI, GOLÇALVEZ, 2012).
“A psicologia hospitalar busca comprometer-se com questões ligadas a qualidade de vida dos usuários bem como dos profissionais de saúde, portanto, não se restringindo ao atendimento clinico mesmo este sendo uma pratica universal dos psicólogos hospitalares”. (FOSSI, GUARESCHI, 2004, p. 34).
Segundo Fongaro e Sebastiani citado por Fossi e Guareschi, (2004, p. 34), “o pressuposto que permeia as atividades do psicólogo no hospital geral mostra outra visão de indivíduo, não fragmentada, mas como um todo, como um ser biopsicossocioespiritual com o direito inalienável à dignidade e respeito”.
“O psicólogo hospitalar é capaz de desenvolver ações de assistência, ensino e pesquisa. A assistência consiste em prestar atendimento a pacientes internados ou ambulatoriais e seus familiares, e assessorar equipes hospitalares na definição de condutas e tratamentos”. (TONETTO, GOMES, 2007, p.44).
“As ações assistenciais podem ser realizadas de forma individual ou grupal, em espaços reservados, junto ao leito do paciente ou em outros espaços hospitalares, conforme a pertinência do atendimento, com enfoque psicológico ou multidisciplinar”. (TONETTO, GOMES, 2007, p. 44).
Conforme Tonetto e Gomes, (2007, p. 44):
“A intervenção psicológica pode ser de apoio, orientação ou psicoterapia. Os objetivos são os mais diversos: avaliar o estado emocional do paciente; esclarecer sobre duvidas quanto ao diagnostico e hospitalização; amenizar angustias e ansiedades em situações desconhecidas; trabalhar vínculo mãe-bebê; trabalhar aspectos da sexualidade envolvidos na doença e no tratamento; preparar para cirurgia; garantir adesão ao tratamento; auxiliar na adaptação à nova condição de vida imposta pela doença; orientar os pais sobre maneiras mais adequadas de informar as crianças sobre a hospitalização ou morte de um familiar; e facilitar o enfrentamento de situações de morte e de luto”.
Uma questão importante a ressaltar, é que nem sempre o psicólogo tem uma porta aberta no contexto hospitalar. Essa resistência, ou desconhecimento de alguns profissionais, dificultam o acesso das funções do psicólogo para com pacientes, familiares e a própria equipe.
O psicólogo enfrenta dificuldades para trabalhar em equipe multidisciplinar em virtude de dois fatores limitadores. Um dele é o reduzido numero de psicólogos e, por conseguinte, a limitação de tempo, indicados nas dificuldades em conciliar o acompanhamento às visitas medicas, a discussão de casos e o atendimento psicológico. O outro é a pouca disposição dos chefes de serviços em conceder espaço ao trabalho de equipe. (TONETTO, GOMES, 2007, p. 45). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALAMY, Susana. Ensaios de Psicologia Hospitalar: a ausculta da alma. 3 ed. Belo Horizonte: Ed. Do Autor, 2013.
FOSSI, Luciana Barcellos; GUARESCHI, Neuza Maria de Fátima. A psicologia hospitalar e as equipes multidisciplinares.
Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, jun. 2004. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582004000100004&lng=pt&nrm=iso
TONETTO, Aline M.; GOMES, William B. Competências e habilidades necessárias à prática psicológica hospitalar. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 59, n. 1, p. 38-50, 2007. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/arbp/v59n1/v59n1a05.pdf
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Fernanda Paludo
Psicóloga pela UNIARA- Centro Universitário de Araraquara, Especialista em Gestalt-terapia clínica pelo Instituto DAISEN de Marília. Especialista em Saúde Mental pela Universidade Dom Bosco. Cursando pós-graduação em Psicologia Hospitalar pela Faculdade Internacional Signorelli. Experiência na área clínica com pacientes oncológicos e familiares e em projetos habitacionais como educadora social.
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