Mulheres usuárias de crack: precisamos falar sobre isso
Capa do livro digital: Pesquisa Nacional sobre o Uso de Crack.
Psicologia
16/10/2015
O uso de crack no Brasil tem sido debatido em diferentes mídias: jornais, reportagens e até mesmo em novelas. Diante de tais informações, fica a questão: o que a ciência brasileira tem a dizer sobre o uso de crack? O que precisamos saber sobre as mulheres usuárias de crack?
Por muito tempo, o uso de drogas, e em especial o crack, foi foco de preconceitos por parte da sociedade. Ao invés da busca por dados confiáveis, muitas informações foram ditas sem amparo científico, contribuindo para que cada vez mais a sociedade quisesse se distanciar dessa questão.
Ao falarmos sobre mulheres usuárias de crack, o preconceito torna-se ainda mais presente. Tais mulheres necessitam de ajuda e acabam sendo excluídas. Atualmente, já há estudos consistentes que apontam para as características específicas que necessitam ser consideradas no tratamento. Dentre os estudos, destaca-a Pesquisa Nacional sobre o Uso do Crack, organizada pelos pesquisadores Francisco Inácio Bastos e Neilane Bertoni e publicada em um livro digital, fruto da parceria da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas Senad e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A referente pesquisa aponta que das mulheres entrevistadas, 44,5% relataram já ter sofrido violência sexual na vida, contra 7,0% relatos de mesma natureza em homens. Para manter o uso da droga, 29,9% das mulheres relataram a prostituição, enquanto essa proporção foi de 1,3% entre os homens. Além disso, mais de metade das usuárias engravidaram ao menos uma vez desde o início do uso do crack/similares. Outro dado que necessita ser destacado diz respeito a intensidade do uso. Mulheres relatam que em dias de maior uso, chegam a consumir 21 pedras de crack, enquanto homens relatam consumir 13 pedras.
Diante de tais dados, fica evidente a importância de tratamentos que deem conta desta realidade. Mais do que isso, o preconceito da sociedade necessita ser substituído por informação, compreendendo que tais mulheres necessitam de ajuda e possuem o direito de ter acesso a um tratamento de qualidade. Este tema complexo necessita ser discutido com seriedade, a fim de evitar informações equivocadas e inconsistentes.
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