O olhar da fenomenologia sobre o homem: uma breve reflexão

Psicologia

17/10/2015

A fenomenologia vai em um movimento contrário em relação a mentalidade metafísica do mundo ocidental, renegando que possa existir apenas uma verdade e um saber único e absoluto, colocando tal perspectiva como excessiva e equivocada e em contraposição permitindo um olhar capaz de abranger diversos pontos de vistas e verdades simultaneamente sobre uma mesma temática.

O olhar metafísico tem grande dificuldade na compreensão da relatividade da verdade em decorrência da perplexidade, da mutabilidade do mundo e das coisas, além da insegurança proporcionada por tal condição. Assim, a tentativa de superar tal insegurança é o que mobiliza o pensar da metafísica, estabelecendo como ponto de segurança outro no mundo que se encontra fora de si mesmo, por exemplo, o conhecimento, a tecnologia e ideologias. Afinal, o mundo, as ideias e os preconceitos não pertencem ao sujeito e este não pertence a tais elementos.

Pensar na fenomenologia é um pensar sobre o ser no mundo, pois o mundo não consegue nos abrigar e acolher e em decorrência de tal condição o homem habita e vive na inospitalidade ao longo de toda sua vida.

A relatividade da verdade é ontológica ao próprio ser humano, uma vez que a vida se encontra em mutabilidade e os sentidos colocados sobre as coisas se modificam ao longo do tempo, da história e da cultura. Por isso, não é possível compreender e descobrir tudo sobre alguma coisa, uma vez que a mudança é interminável. Assim, quando a representação deixa de conter e expressar as coisas em seu ser, perde-se o sentido que ser tinha ao sujeito. E juntando tal situação a inospitalidade do mundo, temos a angústia.

É na angústia que se abre ao ser humano as possibilidades de conhecer e existir. Considerando que o sujeito não pertence a nenhum sistema ideológico, preconceitos ou crenças. A vida humana não se encontra aprisionada em nada, e a todo instante pode haver a falta, falhas e a quebra de sentido e significado, não havendo por isto o pertencimento e a segurança em nada. E mesmo a metafísica querendo superar tal constatação, apoiando-se na lógica para superar a emoção, não consegue, uma vez que essa é uma condição ontológica do homem, e assim a representação formada sobre algo apenas superficialmente deixa a impressão de transpor a insegurança diante da inospitalidade do mundo.

Em síntese a liberdade e a mutabilidade é uma condição ontológica do homem, não é possível serem quebradas ou superadas, mas sim compreendidas, uma vez que pelo olhar da fenomenologia a angústia em que o homem se encontra diante do nada é um mecanismo que lhe permite alcançar a reflexão a partir do pensamento e começar a entender a si mesmo.