OS MOTIVOS QUE LEVAM E GERAM VIOLÊNCIAS NO MEIO SÓCIO-ESCOLAR.

A violência no Contexto Sócio-escolar.
A violência no Contexto Sócio-escolar.

Psicologia

22/12/2015

AUTORES: José Evangelista Damasceno & Marcus Aurélio de Medeiros Karbage.

Resumo: A violência no contexto sócio-escolar tem se mostrado uma constante negativa no ambiente escolar. Os pressupostos filosóficos educativos ensinados como modelos educacionais no transcurso dos tempos, não alcançam mais um diálogo sócio-interacionista com o sócio-construtivista, para a construção social. Contudo, o modelo educacional que está posto na contemporaneidade, tendo como função ressocializar através do ensino e do aprendizado, no sentido de instruir o indivíduo está fragmentado, e mostrando-se distante da função ressocializadora da educação que conduz a cidadania como pressupostos propostos na Constituição do Brasil de 1988, e, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB de 1996. Este artigo traça uma abordagem discursiva sobe a violência silenciosa que impera nas Redes Sociais e manifesta-se no ambiente escolar, familiar e social, por estar e ser um fator implícito e inerente a cada indivíduo, onde, as frustrações sociais provocam comportamentos agressivos, inadequados e antissociais que contribuem para a crescente violência sócio-escolar.

1. A ESCOLA COMO COAUTORA OU VÍTIMA DO PROCESSO DE VIOLÊNCIA SÓCIO-ESCOLAR

Observando o contexto sócio-educativo atual, percebe-se que as diversas manifestações da violência, sobretudo quando envolvem as crianças, adolescentes e os adultos que estão inseridos no meio como autores ou vítimas, tem sido um grande desafio para os docentes do nosso país e do planeta.

Em pleno século XXI, ainda atribui-se para as Escolas e Universidades a responsabilidade de educar no sentido familiar e social, quando na verdade, a escola contribui com a instrução, aquisição e transmissão de conhecimentos que por sua consequência leva ao ensino, estimulando no ser social o aprendizado adquirido. Ela (a Escola) é coautora deste processo, pois o trabalho pedagógico dentro da escola deve criar condições para que os educandos e educadores se apropriem de conhecimentos, fazendo com que a unidade escolar seja responsável pelo processo de humanização. Cabe a família como preceitua a LDB Lei nº 9.394/1996, artigo 1º que: “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. (BRASIL – LDB LEI Nº 9.394/1996).

No entanto, percebem-se que a família é a principal autora e coautora no processo educacional das crianças, adolescentes, jovens e ou adultos. E a escola, tem papel secundário no processo, a bem da verdade, no entendimento de muitos e para muitos, a escola deve assumir o papel principal, e a família o secundário, quando na verdade é o inverso. O artigo 2º da LDB de (1996), enfatiza que: “A educação, é dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Assim nos questionamos:

2. Quais formas de violência na escola, da escola e contra a escola que mais impactam no contexto socioeducativo?

A violência escolar é um fenômeno de caráter social e complexo que envolve as diversas gamas da sociedade, fato pelo qual, dentro da temática aqui dissertada, ressaltam-se o bullying, as ameaças, as agressões verbais, físicas e psicológicas, feitas por educandos aos educadores, educadores a educandos, educandos a educandos, educandos a sociedade ou vice-versa.

O problema vem se agravando dentro da nossa realidade institucional (à Escola), sendo possível presenciar essa realidade nas Escolas Públicas e/ou da Rede Particular, tendo em vista a reprodução da ideologia dominante e das desigualdades sociais, emparedando professores e alunos em suas normas, regras e leis, impedindo-os de movimentar-se para direcionarem-se de forma autônoma e, sobretudo, transformadora.

O maior impacto desta violência dentro do contexto educacional, sócio-educativo e sócio-inclusivo, estar na manifestação do bullying – que na atualidade, trata-se do maior tipo de violência utilizada pelos adolescentes, jovens e adultos, pois no geral são situações de maus-tratos, de opressões e humilhações. – Das sanções tidas como educativas, - da cessação de direitos dos educandos e educadores, - das brigas entre educandos, - das intimidações entre outros, que por sua vez afetam diretamente o psicológico das crianças, dos adolescentes, dos jovens e adultos, provocando consequências mais gravosas como fobia social, psicoses difusas, estresses, depressões e principalmente leva ao baixo rendimento escolar e acadêmico.

Ressalta-se também, que a violência é uma questão social inter e intrapessoal, pode ser considerada e vista como: pluridimensional, multidimensional e transdimensional, por possuir um caráter complexo, que gera dificuldades de delimitações conceitual, evidenciando assim, um grave fator gerador de violência dentro da estrutura escolar, no que diz respeito, às precárias condições de trabalho dos professores brasileiros, tratando-se de um verdadeiro atentado. Com ênfase, a discriminação social da docência, tendo em vista a clara deterioração de sua posição social, pois para os professores no geral, a docência se tornou uma “profissão pobre”, com a falta de conhecimento, reconhecimento e empoderamento da profissão de docência e de ser docente.

3. Como considerar que a discriminação de pessoas por questões sociais, de gênero, sexo e raça é uma realidade no meio escolar?

Este processo é constante, nos meios de comunicação visual, escrita, audível e falada, onde está difundida pelas diversidades das comunicações através das TICs nas Redes Sociais. Este conjunto de sistemas informacionais, está a apresentar estatísticas da problemática de cunho, local, regional, nacional e internacional. Ou seja, a violência na escola e no mundo acadêmico está generalizada. Para muitos isso não existe, mais é real. Os desequilíbrios sócio-culturais, sócio-educacionais, sócio-institucionais e sócio-interacionista, dentre outros, favorecem planetariamente estes aspectos discriminatórios que permeiam o meio escolar.

Quando nos deparamos com a realidade enfrentada dentro das escolas podemos perceber que existem várias características, como raça, etnia, racismo, discriminação, preconceito, estereótipos e gênero, que através de vários estudos passam ser conceitos como: raça – É um misto de compilações sociais, políticos e culturais, seja nas relações de caráter social e/ou político; etnia – Está condição se refere a um conjunto de elementos, que historicamente ou mitologicamente possuem um ancestral em comum, com características voltadas para a religião, idioma etc, dentro outras semelhanças e que vivem geograficamente no mesmo território; já oracismo – Pode ser considerado como aversão, por vezes oriundo de ódio, em relação às pessoas que possuem uma origem racial observável através de sinais visíveis como, por exemplo: cor da pele, tipo de cabelo, etc; não obstante a discriminação – Pode ser considerada como a prática do racismo e a efetivação do preconceito, pois engloba a falta de valorização para o que pode ser diferente, podem ser praticada no contexto familiar, escolar, religioso, etc; porém, os estereótipos – Tidos como mecanismos de rotulação negativa praticado através de clichês, onde são expostos imagens cristalizadas ou idealizadas de indivíduos ou grupos de indivíduos; assim a questão de gênero – Tem a concepção de um conjunto de ideias e representações sobre o masculino e o feminino, ou seja, é uma construção de caráter biológico que vem a partir dos fatores genéticos.

No tocante, embora mencionados que os aspectos discriminatórios são permeados no meio escolar, ressalta-se que a escola tem papel primordial na construção, reconstrução e na manutenção das identidades sociais de seus educandos e educadores, partindo dos pressupostos de uma reflexão holística sobre a temática violência nas escolas e o contexto sócio-educativo inclusivo.

4. E questiona-se. Como Intervir no ser, na escola e na sociedade?

Uma educação que seja conscientizadora e que sirva para emancipar o ser deverá está imbuída das qualidades e capacidades sócio-educativas inclusivas, que levem e proporcionem cidadania para um melhor nível de envolvimento pessoal, intra e extra-família, intra e extra-social dos educandos, educadores e sociedades. Estes aspectos sociais e institucionais, são fundamentais para a implantação e implementação de projetos e práticas sócio-educativas inclusivas, que reduzam os atos discriminatórios, visando, estabelecer normas, diretrizes e ações coerentes para a conscientização de todos.

Outros fatores observados no processo socioeducativo inclusivo em relação às modalidades de educação para uma melhor interpretação nos vários níveis dentro da escola, utilizaremos as seguintes divisões:

4.1 Educação para a subsistência – Refere-se aos indivíduos que não sabem extrair os proveitos das possibilidades que surgem no meio sócio-educacional, por não terem o discernimento e a compreensão necessária de como utilizar-se dos processos educativos, revelando assim, a necessidade de obter-se o cuidado de saber utilizarem-se dos meios educativos de sobrevivência existentes no “Meio Ambiente e social” com o intuito de desenvolver nestes seres, alternativas de subsistências em sociedade.

4.2 Educação para a libertação – Este modelo sócio-educativo onde está volvida para a necessidade de ampliação da ação educacional, pois, diante da realidade que está posta, e como os homens conseguem tornar-se capazes de atos de responsabilidades necessários em sua vida cotidiana, com a finalidade de superar as questões da inexperiência da democracia, da marginalização econômica, da política, da cultural em sociedade. Assim, o indivíduo deve ser considerado em sua totalidade, não como um objeto que apenas se retroalimenta de informações. Neste contexto, a educação para ser verdadeiramente humanista e transformadora “deve ser libertadora” como sinaliza Paulo Freire e “não opressora”. Todavia, deve impulsionar o ser a conscientização, e o resultado deste confronto sócio-educativo, provocar uma realidade concreta e não a uma abstração social.

4.3 Educação para a comunicação – Este momento alude à necessidade de veiculação dos mecanismos inclusivos através das TICs, que possibilitem a conscientização das pessoas sobre as condições de vida social e em sociedade, enfatizando as experiências e os conhecimentos advindos dos confrontos sócio-educativos inclusivos, deixando claro a natureza fundamental da existência social como instrumentos de sociabilidade, que possibilite as interconexões e as convergências informacionais em um fluxo social contínuo;

4.4 Educação para a transformação – Este aspecto da educação, está voltada para observância e emancipação dos sujeitos no que se refere ao seu contexto e interesse sociável. Promove a transformação política, econômica, intelectual e social. Pois, envolve vários níveis sociais diferentes, deixando claro o caráter transformador da educação para a convivência em sociedade e na sociedade.

Em fim, a educação embora seja um fator primordial e necessária para evolução dos seres humanos, esbarra-se então, em vários tipos de violências, seja dentro ou fora das escolas e sociedades, fato pelo qual, devem ser combatidas, reprimidas e tomadas todas as providências cabíveis e imprescindíveis para que não se propaguem os atos discriminatórios no meio escolar, familiar e social, pois, a mesma tem caráter transformado e não opressor.

5. Há que se questionar ainda! Como lidar com algo implícito do ser (à Violência), quando os comportamentos sociais extrapolam o consciente, compreendendo mundos e coisas diferentes, assumido novas formas, novos contextos e novos comportamentos sociais que levam, geram e ocasionam as angustias sociais?

Neste sentido, a violência sobressai-se da sociedade atualmente constituída e estabelecida, adentrando, os muros das escolas e Universidades, onde antes, era um lugar seguro para os embates acadêmicos, científicos e filosóficos. Hoje, travamos verdadeiras batalhas comportamentais e sociais. É preciso distinguir-se o que éà violência social, violência contra a pessoa, à violência contra a propriedade, violência contra o patrimônio, à violência na escola, à violência à escola e à violência da escola.

A violência social – Pode ser cometida por indivíduos ou pela comunidade, estando diretamente ligada e relacionada ao impacto direto e ou indireto sobre o desenvolvimento social, físico, psicossocial e emocional do ser. Ela (à Violência) é ocasionada por quaisquer tipos de atos e ou motivos violentos, com uma finalidade social, que podem variar de acordo com o país, incluindo conflitos armados, violência de gangues, agressões entre pais e filhos, terrorismo, remoção forçada e/ou segregação social.

A violência contra a pessoa - Infere na promessa explicita de provocar danos ou de violar a integridade física ou moral, a liberdade ou bens de outrem, bem como diz respeito a diversas formas de violência, que pode ser ameaças, brigas, violência sexual, discriminação, bullying, coerção mediante o uso de armas (fogo e brancas) e outros.

A violência contra a propriedade – Está volta para a questão dos furtos, roubos e assaltos, ou seja, no caso das escolas, a prática dos furtos são realizadas por pessoas que possuem acesso à instituição e que acabam por serem tidas como natural pela comunidade envolvida. Porém, em relação ao roubo ou assalto, a comunidade escolar tem uma concepção diferente, pois entendem que são praticadas por pessoas externas e estranha a escola, com emprego de violência exacerbada.

A violência contra o patrimônio – Istodiz respeito à depredação ou vandalismo da estrutura física. Porém, partindo para a estrutura escolar, trata-se da dilapidação do espaço ou do equipamento público ou privado, através de pichações, depredação de muros, janelas, explosão de bombas e danificação de equipamentos pertencente ao meio escolar.

Já à Violência na Escola é aquela que se reproduz no espaço escolar, advinda de um espaço ou meio social. No entanto, a Violência à Escola estar intimamente ligada e relacionada à natureza escolar e as atividades desenvolvidas dentro ou fora das instituições escolares, ou seja, os motivos que levaram o ser a violentar à escola. Por sua vez, estão diretamente relacionados com a instituição, e como os seus agentes institucionais os tratam (educandos, educadores, sociedade) no meio, e no contexto social. Todavia, a Violência da Escola está correlacionada com as práticas que são utilizadas pela instituição dentro e fora do seu espaço escolar que vá ou venham a prejudicar seus agentes, educandos, educadores, sociedades e ou outros do meio social.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Assim, o fenômeno da violência no cenário escolar atual, é mais antigo do que se pensa. O fenômeno é antigo, por sua vez, as práticas violentas nas escolas é que são novas. A escola, espaço que antes era dedicado por excelência à educação, construção e socialização para o ensino e o aprendizado do ser, pelos fenômenos aqui apresentados e dissertados, transformou-se em cenários de agressões, de autoritarismos e de desrespeitos mútuos, ou seja, o fenômeno da violência escolar muda de acordo com os estabelecimentos, processos, atividades, localidades, pessoas e agentes.

Observa-se então, que não basta apenas construir escolas e universidades, é preciso socializar e inter-relacionar as ações educacionais onde, sociedade, educandos, educadores tenham espaços de convivências sociáveis, valorizando a individualidade, intelectualidade e a intimidade de cada um, fomentando o respeito mútuo.

A escola deve ser assim compreendida, como instrumento libertador para a aquisição de conhecimentos, e não, como sinônimo de aprisionamento dos comportamento sociais. Deve estar, e ser livre dos estigmas e preconceitos de classes, credo, raça e cor. O conhecimento deve ser livre e alçado por todos. Não deve ser e nem estar monoteísta e nem tão pouco verticalizada, deve seguir a escala da linearidade, onde todos somos agentes de ensino e consequentemente aprendemos uns com ou outros.

Enfim, o conhecimento não deve ficar aprisionado nos muros das instituições educacionais, deve permear a sociedade em todos os espaços e contextos sociais. Quando este (o conhecimento) não produz emancipação social, política, econômica, intelectual e pedagógica, produz e reproduz atos de indisciplinas que ocasionam as várias formas das violências sócio-escolar aqui dissertadas.

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Artigo produzido por: José Evangelista Damasceno & Marcus Aurélio de Medeiros Karbage.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


José Evangelista Damasceno

por José Evangelista Damasceno

Graduado em Tecnologia da Radiologia pela FATECI, Licenciatura em Pedagogia, em curso pela - UNIFACS. Doutorando em Saúde Pública, Mestre em Ciências da Educação pela Universidad Internacional Tres Fronteras UNINTER. Pós Graduado em Gestão Perícia e Auditoria-UECE. Especialista em Enfermagem do Trabalho pela - UECE, Especialização em Didática, Formação Docente e Metodologia de Ensino UNIAMERICAS.

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