"Deus me livre e guarde de você"

Conviver com gente difícil não é fácil
Conviver com gente difícil não é fácil

Psicologia

23/04/2016

Não sei se você já se pegou pensando que a vida seria bem melhor se não fosse certas pessoas ou mesmo se já disse para si mesmo: “_ah! Se não fosse fulano (a) minha vida seria melhor”. Sim, talvez Sartre tivesse razão: “o inferno é o outro”. Nós, ao contrário, somos o bem, o céu, a solução. Será? Diz-se que a tendência humana é de sempre maximizar o lado obscuro dos outros e minimizar o próprio. Por outro lado, é inegável a existência de pessoas difíceis, invejosas, pessimistas e vingativas que impõem, perseguem, destroem e matam. Não necessariamente, fisicamente. Mas matam no outro a alegria, o desejo de sorrir, de servir, quando não de viver. É inegável a existência de pessoas que complicam, que fazem difícil a vida de outros.


Pessoas assim não percebem o quão frágil é a vida e o quanto, de um momento para outro tudo pode mudar: perder tudo, tornar-se nada. Se compreendessem que tanto a beleza, quanto o dinheiro ou mesmo o sucesso são passageiros, talvez agissem diferentes. Se assimilassem que “A maldade bebe a maior parte do veneno que produz” (Sêneca, 4 a.C. – 65 d.C.), quem sabe poderiam chegar à conclusão que “a prepotência te faz forte por um dia; mas a humildade, para sempre” (anônimo).


Quem exige demais dos outros, quem desconfia de tudo e de todos, quem age continuamente de maneira arrogante, humilhando e desprezando quem está ao seu redor ou mesmo seus subordinados; quem vive como se o centro fora, como se a existência dos outros dependessem do serviço a ela, cria ambientes tóxicos e, já no presente, as pessoas fogem da sua companhia.


Quem usa de arrogância divide e afasta de si as pessoas, acaba por desenvolver comportamento ditatorial, restringindo os direitos e a liberdade de expressão alheias, só conseguindo manter “boas relações” com quem se submete aos seus caprichos, desejos e vontade. O fim desse tipo de pessoa é só, doente e sem amigos.


A música “Reza”, de Rita Lee, fala desse tipo de gente: ciumenta, centralizadora, controladora, invejosa, “perfeita”, “impecável” e que se acha no direito de portar-se como se fora Deus para e sobre outros. É para esse tipo de gente que é preciso orar “Deus me proteja... Deus me livre e guarde de você”.


Mas, ah, como seria bom se uma “reza” nos livrasse daqueles que competem com a própria sombra, desconfiam de tudo e de todos e, por isso mesmo, desmotivam os líderes de hoje, destroem os líderes de amanhã e, em longo prazo comprometem inclusive a continuidade de instituições.


Ah como seria bom se uma “reza” pudesse nos livrar dos arrogantes, dos egoístas, dos prepotentes, daqueles que acham que estão sempre certos e, usando da posição que ocupam tocam seus projetos pessoais e constroem disfarçadamente seus ‘reinos’ na base de ameaças e gritos.
Ah como seria bom se uma “reza” pudesse nos livrar daqueles que para conseguirem seus intentos, pisam, esmagam, descartam e, como rolo compressor, sem nenhuma sensibilidade, humilha e ofende com suas palavras acusadoras, quem a eles contrariam.


Ah como seria bom se uma “reza” pudesse nos livrar daqueles que com seu pessimismo desagregador, só veem “dificuldade em cada oportunidade” (Winston Churchil) e espalham em vez de ajuntar, pois não conseguem perceber que o problema está na sua ótica e não na realidade.


Ah como seria muito bom se uma “reza” pudesse nos livrar da “praga” dos “vampiros emocionais” que sugam as boas energias, as ideias inovadoras, que com suas acusações criam confusão por onde passam e aproveitam as oportunidades para exigir, culpabilizar e reclamar constantemente de todos.


Ah como seria bom se uma “reza” pudesse nos livrar daqueles que – apesar de caminharem ao nosso lado e de frequentemente disserem “estamos no mesmo barco” - nos jogam “praga”, nos desejam mal, nos atrapalham, torcem para que nada dê certo e ainda por cima, põem mais peso sobre os nossos ombros.


Ah como seria bom se uma “reza” pudesse solucionar todos nos nossos problemas. Mas, (in)felizmente oração não é magia, não é algo que ‘faço’ e logo acontece, não é uma forma de ‘mover’ a divindade em benefício próprio nem de fazê-la agir em meu favor. Mesmo assim, vale a pena continuar rezando e cantando: “Deus me acompanhe/ Deus me ampare/ Deus me levante/ Deus me dê força/. Deus me perdoe por querer, que Deus me livre e guarde de você/. Deus me salve da sua praga/. Deus me ajude da sua raiva/. Deus me imunize do seu veneno/. Deus me poupe do seu fim” – solitário, sem amigos.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Maruilson Menezes de Souza

por Maruilson Menezes de Souza

Doutor em Educação Teológica (PhD).

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