Bullying: o que vem a ser?

Psicologia

29/05/2017

Bullying é um termo inglês adotado no Brasil para expressar o ato de bulir, zombar, ridicularizar, colocar apelidos humilhantes nas pessoas com o objetivo de diminuir a autoestima das pessoas. É coisa antiga e data da criação dos seres humanos. Mas, nós brasileiros, gostamos de adotar palavras estrangeiras e abandonarmos nosso rico vocabulário, o qual possui inúmeros sinônimos mais veementes e “poderosos” para explicar o que seria o bullying.

Segudo Miriam Abramovay, socióloga e vice-coordenadora do Observatório de Violências nas Escolas no Brasil, a prática do bullying não é o que existe no país. “O que temos aqui é a violência escolar”. Então, conhecemos o bullying em casa e quando frequentamos a escola, local em que começamos a nos socializar e aprender a aceitar os diferentes e as diferenças. Descobrimos que somos preconceituosos, que fazemos discriminações e escolhas. O uso da palavra inglesa pode esvaziar uma discussão específica do caso brasileiro que é a violência.
 
É bom lembrar o caso do falecido Clodovil Hernandez, apresentador de televisão, estilista e deputado federal, que chamou a deputada Maria do Rosário Diogo de “feia” e ela caiu no choro, gritou e começou a fazer exigências de retratação da ofensa. Por pequenas coisas, “derretemos”. O patinho feio foi rejeitado por seus irmãos. O professor José Afonso Mazzon, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) se surpreendeu quando recebeu o resultado de uma pesquisa que revelou que o ambiente escolar reforça ainda mais essas características humanas (Pesquisa comprova que bullying provoca baixo desempenho escolar, 2017). Como lidar com esses comportamentos?

Com a inserção dos direitos humanos civis e políticos em nível mundial, as confusões aumentaram e as formas de violência se intensificaram, sobretudo porque todos querem se construir socialmente como sujeitos das relações que travam. Meire Cavalcante (2004) afirma que o professor Dan Olweus, da Universidade da Noruega, ao estudar as tendências suicidas entre os jovens, associou o bullying aos atos de retirar sua própria vida deste cenário terráqueo.  A prática deste ato pode também causar transtorno do Pânico, Transtorno de Estresse Pós-Traumático e depressão e dependendo da gravidade dos atos e da violência podem levar  o jovem a ter tendência suicida, caso os pais ou professores não ficarem atento às atitudes  e comportamentos  de seus filhos .

Cleodelice Aparecida Zonato Fante (2017) reforça o fato da repetição intencional contínua da agressão como um fato extremamente negativo para a psique que acaba se caracterizando como o bullying. A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (ABRAPIA) aplicou uma pesquisa sobre o bullying em escolas públicas e privadas da cidade do Rio de Janeiro (http://www.educacional.com.br/reportagens/bullying), e verificou que mais de 40% dos alunos entrevistados sofrem algum tipo de violência (DREYER, 2017). Muitos “sintomas” podem anunciar os sentimentos de inferioridade e a falta de espaço para discussão das situações incômoda que reflete tanto na parte física quanto na emocional.

Social: retraído, isolado e sem amigos.

Físico: frequentemente doente e com frequentes queixas de dor de cabeça, estômago e outras; tartamudez e repentina gagueira, roupas rasgadas, arranhões e pertences quebrados.

Emocional e comportamental: alteração de humor e de comportamento, passivo, tímido, calado, envergonhado, nenhuma autoconfiança ou autoestima, culpa a si mesmo pelos problemas e dificuldades, fala sobre sair de casa e fala sobre suicídio, impulsivo, agressivo, tenta dominar, mas perde sempre.

Existe ainda o espaço virtual, que é bastante aberto e sem controle, no qual o indivíduo pode agir mais “de longe” e mais “de perto”. É o Cyberbullying, um termo usado para descrever atos intencionais e repetidos de ameaça e ofensa, através da utilização de aparelhos tecnológicos como o celular e os computadores por meio da internet, que veicula o correio eletrônico, sites ou chats. Também podemos citar o stalking ou cyberstalking, caracterizado como a procura do perpetrador pela vitima através de proximidade física ou de chamadas telefônicas, meios eletrônicos, SMS e redes sociais.

São muitos os autores que têm aprofundado o estudo deste tema. Podemos controlar esse comportamento por meio da vigilância continua uns sobre os outros, dos pais e dos filhos, dos professores e seus alunos, dos agressores e dos agredidos de modo a formar uma rede de combate à proliferação da violência.  Bullying não é preconceito, mas sim violência, seja ela entre família, entre empregados e patrões, entre amigos ou inimigos.

Segundo o dicionário Aurélio, preconceito é a forma de pensamento na qual as pessoas tiram conclusões que entram em conflito com fatos por tê-lo prejudicado. O seja, é o juízo antecipado, julgamento prévio e desfavorável, efetivado antes de ter feito uma avaliação ponderada e mantido com rigidez, mesmo em presença de provas que contradizem o contrário. Infelizmente, o bullying pode trazer muitas consequências e é fundamental acompanhamento psicopedagógico com os estudantes, tanto os que sofrem, quanto àqueles que os praticam o ato.

Até pessoas com deficiência são vítimas de bullying no aspecto emocional/comportamental principalmente pelas equipes de Recursos Humanos das empresas, que ainda não sabem e não estão preparados para avaliar a capacidade das pessoas com deficiência (PCDS). Dois fatores contam para confirmar esta atitude: a oferta de postos inferiores e indignos e a obrigatoriedade normativa. Isto incide em injustiças e até exclusão de talentos. Para se combater o fenômeno do bullying a união de forças se faz necessária para estabelecer regras, diretrizes, planos e ações. No ambiente escolar, principalmente, é preciso discutir, conscientizar “por meio de filmes, documentários, teatro, cartazes, seminários entre outras formas”. Todas essas maneiras podem ser realizadas com a participação ativa de todos os membros da escola (BAO, 2017).

Referências bibliográficas

MAZZOM.J.A.Bullying. Disponível em: <http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer>

BLOG TODOS CONTRA O BULLYING. Disponível em: <tdcontraobullying.blogspot.com/2011/>

CAVALCANTE, Meire. Bullying: como acabar com brincadeiras que machucam a alma. Revista Escola. Brasília, v.19, n. 178, p. 58-61, dez. 2004.

FANTE, Cleodelice Aparecida Zonato. O fenômeno Bullying e suas conseqüências psicológicas. Disponível em: <http://www.psicologia.org.br/internacional/pscl84.htm>. Acesso em: 14 maio 2017.

BAO, Vera Lucia Bernardino. Bullyng na escola. Disponível em: < http://www.biblioteca.ajes.edu.br/arquivos/monografia_20140227162234.pdf>. Acesso em: 21 maio 2017.

DREYER, Diogo. A brincadeira que não tem graça. Disponível em: <http://www.educacional.com.br/reportagens/bullying/>. Acesso em: 10 maio 2017.

PESQUISA COMPROVA QUE BULLYING PROVOCA BAIXO DESEMPENHO ESCOLAR. Estudo da Fipe mostra que quanto mais alto o índice de preconceito e discriminação nas escolas, mais baixo é o rendimento de seus alunos. Disponível em: < http://redeglobo.globo.com/globoeducacao/noticia/2011/06/pesquisa-comprova-que-bullying-provoca-baixo-desempenho-escolar.html/>. Acesso em: 10 maio 2017.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Fabiane Esperança Rocha

por Fabiane Esperança Rocha

Psicóloga e Psicoterapeuta: Fabiane Esperança Rocha CRP: 14ª Reg.03633-3 http://lattes.cnpq.br/8355384961471097 https://br.linkedin.com/in/fabianer

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