O turismo rural deve harmonizar os interesses do meio ambiente
Turismo e Hotelaria
24/01/2013
“Não há nada mais equivocado do que imaginar que o espaço rural está reduzido à dimensão agropastoril”
O turismo é uma prática social cuja importância vem crescendo neste início de século, principalmente em decorrência das transformações sofridas pela sociedade, como urbanização, modificações nas relações de trabalho, alterações no perfil da população mundial e, ainda, na divulgação de questões ligadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento técnico-científico. Tratar o turismo como prática social torna-se muito mais abrangente do que discuti-lo como atividade econômica. Entender as relações existentes entre os atores envolvidos, decorrentes do processo turístico, bem como os impactos que tal atividade gera na comunidade receptora, vai além do simples fato econômico, envolvendo as relações sociais e ambientais que o turismo provoca na localidade (Fontana, 2005).
Dentre as diversas formas de turismo disponibilizadas para o lazer, entretenimento e descanso do turista, têm-se percebido um crescente interesse pela atividade turística localizada no campo, principalmente o turismo rural. A cada dia mais e mais pessoas têm procurado a zona rural como um refúgio da correria do dia-a-dia das grandes cidades. Buscam o contato com a natureza, com a cultura e a história já não mais contada e encontrada nos grandes núcleos populacionais. À medida que a demanda pelo turismo rural tem crescido, incentivada pela divulgação da oferta existente em revistas e cadernos de turismo que estimulam a ideia do turismo rural como uma forma tanto de lazer quanto de volta às origens, os produtores rurais procuram acompanhar essa mudança no comportamento do consumidor identificando nela uma promissora oportunidade de negócios.
A ideia predominante é de que hoje o turista que vem dos centros urbanos se mostra mais preocupado com questões ambientais e culturais, exigindo que os empreendimentos turísticos também fiquem atentos para estes fatos. O turismo de massa, cujo início se deu a partir da segunda metade do século XX, tem como principal característica seu preço mais acessível, possibilitando que a classe média e baixa também possa usufruir da atividade turística – atividade que até então era privilégio das classes sociais com maior poder aquisitivo (Dias; Aguiar, 2002; Barreto, 2003). Isso é estimulado por meio de pacotes mais econômicos de viagens em grupo oferecidos pelas agências e divulgados em jornais e revistas com formas parceladas de pagamento.
Enquanto que o turismo de massa está voltado para o atendimento de um número significativamente grande de turistas, o turismo sustentável busca o equilíbrio entre o homem, o meio ambiente e a atividade turística. Para o turismo sustentável, mais importante do que o próprio turismo é a preservação e conservação do meio ambiente, a inserção social dos residentes, a geração de renda e a melhoria da qualidade de vida, de tal forma que o local suporte o contato e uso do homem e, ao mesmo tempo, mantenha-se para que as gerações futuras também possam dele usufruir (Swarbrooke, 2000). Em consequência, o turismo de massa tem se tornado uma preocupação constante de estudiosos da área, principalmente quando o foco das discussões é o desenvolvimento sustentável. Cada vez um número maior de pessoas tem a consciência da necessidade da preservação ambiental e social para a continuidade da espécie humana.
O crescimento do número de viagens pode ser interpretado como uma decorrência de que os indivíduos se tornaram conscientes sobre a importância do lazer para seu equilíbrio pessoal, passando a valorizar a vivência de momentos de descontração e descanso junto à família e amigos. Existe hoje a percepção de que o lazer é um elemento fundamental para a sustentação da saúde física e psíquica, como um meio para balancear o estresse da vida urbana, e isso vem levando os habitantes das cidades a buscar ambientes com melhor qualidade de vida do que aquela existente no seu entorno, principalmente no que se refere a um clima calmo, o que possibilita uma verdadeira volta no tempo, um maior equilíbrio entre o homem e a natureza.
O turismo rural é uma atividade que deve ser vista e entendida como sendo um complemento às atividades agrícolas das propriedades rurais, de tal forma que o cotidiano da vida rural, em menor ou maior intensidade, continue a existir. Importante, portanto, torna-se o processo de planejamento e implantação de tal atividade, preservando as raízes e atividades cotidianas da propriedade, sendo essas características os principais atrativos para quem busca o turismo rural (Fontana, 2005). Sendo assim, as ocupações complementares geradas por ele constituem uma agregação de serviços aos produtos já existentes na propriedade e que permitem ainda a valorização dos bens não-materiais que a mesma possui.
Portanto, o turismo rural deve harmonizar os interesses do meio ambiente, da comunidade local e do próprio turista, de modo sustentável, evitando o êxodo rural e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida tanto dos visitantes quanto dos visitados. Dessa forma, para entender o turismo rural é preciso que se conheça a diversificação do espaço rural brasileiro, bem como a cultura do homem que vive no campo.
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por Colunista Portal - Educação
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