08/06/2015
Comumente ouvimos falar sobre Turismo, mas poucos são os que têm respostas às perguntas como “O que é o Turismo?”; “Qual a importância dessa atividade?”; “Por que praticar?”; e “Quem o pode fazer?”. Respostas simples como “Turismo é viajar”; “Porque é legal” e “Qualquer um pode” é o que mais se ouve. Mas resume-se a isso? Perguntas curtas, com respostas ainda mais curtas e vagas, que ao mesmo tempo em que dizem tudo, dizem nada!?
“Quando pensamos em turismo, o que nos vem à mente, em primeiro lugar, são pessoas que se deslocam para passear, ver amigos ou parentes, tirar férias e divertir-se. Elas podem usar seu tempo de lazer praticando esportes, tomando banho de sol, conversando, cantando, caminhando, passeando, lendo ou simplesmente aproveitando o ambiente” (GOELDNER, RITCHIE & McINTOSH, 2002, P. 23).
Recentemente surgiram estudos referentes ao Turismo, e embora sua prática ocorra há milênios, só agora há consciência de sua importância como atividade. Sua prática e existência são finalmente consideradas, apesar de que o ramo turístico conte ainda com um número pequeno de especialistas no assunto.
“[...] conforme a literatura especializada afirma, teria começado seus estudos sobre turismo em 1911, são raros os estudos e poucos os profissionais de outras disciplinas que se dedicam a trabalhos aplicados em turismo. Mesmo dentro da administração de empresas, considerada diretamente vinculada ao turismo, são poucos os trabalhos específicos aplicados.” (BARRETTO, Margarita, e REJOWSKI, Mirian, 2001, p. 14).
“Essa resistência ao estudo reside na visão de pesquisadores que o consideram um tema pouco sério. Fazendo uma retrospectiva histórica a partir de 1963 em que se situa a primeira pesquisa antropológica no campo do turismo [...]” (BARRETTO, Margarita, e REJOWSKI, Mirian, 2001, p. 14).
O Turismo está hoje no auge de seu reconhecimento, visto que agora se formula conceitos a seu respeito e estudam-se os mesmos, além de serem propagadas informações relevantes à garantia de sua importância para todo e qualquer indivíduo. Além de mostrar-se importante para a harmonização da sociedade, considerando-se o convívio de indivíduos de culturas diferentes, a atividade turística é grande contribuinte da globalização.
Partamos da origem e significado da palavra “turismo”, que deriva de “tour”, oriundo do latim “tornare” e do grego “tornus”, tendo como significado “giro” ou “círculo”. Assim, podemos entender que o turismo consiste no ato de partir e posteriormente regressar ao ponto inicial, onde o realizador deste giro é denominado turista. Antes de apresentar as definições dadas por estudiosos da área do turismo, consideremos os significados obtidos através da consulta à alguns dicionários conhecidos pela massa, tais como Aurélio e Michaelis, onde de acordo com o primeiro turismo é "Viagem ou excursão, feita por prazer, a locais que despertam interesse. 2. O movimento de turistas"; e de acordo com o segundo, turismo são "Viagens realizadas, por prazer, a lugares que despertam interesse"; ou "Gosto das viagens. 2. Viagens realizadas, por prazer, a lugares que despertam interesse ".
“Em fins do século XIX e no princípio do século XX surgiu um número significativo de descrições e conceituações com o objetivo de explicitar a realidade intrínseca do fenômeno turístico.” (ANDRADE, José Vicente, 2006, p. 32). Dada complexidade do tema, e também das várias contradições de conceitos recém-formulados, apresentaremos o parecer de diferentes estudiosos à cerca da definição de Turismo, ressaltando que os primeiros trabalhos publicados sobre o assunto datam do período entre as duas grandes guerras mundiais, 1919 – 1938, quando se destacou autores como Schwinck, Bormann, Morgenroth e Glucksmann, da conhecida Escola de Berlim.
“Turismo é o movimento de pessoas que abandonam temporariamente o lugar de residência permanente por qualquer motivo relacionado com o espírito, o corpo ou a profissão.” (SCHWINCK,Teoria y Técnica Del Turismo de Luis Fernandez Fuster, 1974, p. 24-28).
Através da citação anterior, podemos entender que Fuster defende que a permanência de um indivíduo em localidade distinta de onde resida, caracteriza-se turismo desde que a motivação tenha relação com seu bem-estar, podendo ser a busca por auxílio espiritual, no corpo ou profissional.
Segundo Bormann, turismo é o conjunto de viagens cujo objeto é o prazer ou por motivos comerciais, profissionais ou outros análogos e durante os quais a ausência da residência habitual é temporária. Não são incluídas em turismo as viagens de deslocamento ao local de trabalho. Ele esclarece que uma viagem de negócios, ou melhor, uma viagem profissional pode ser entendida como atividade turística desde que esta ocorra em destino diferente do qual o indivíduo se depara no seu dia-a-dia, embora por razões ligadas ao trabalho. Dessa forma é diferenciada aqui a viagem frequente para determinado local onde se desenvolva a atividade remunerada, quando a viagem profissional reconhecida como turismo ocorra em localidade distinta da qual normalmente se realiza o dito trabalho. Para Morgenroth, turismo é o tráfego de pessoas que se afastam temporariamente do seu lugar fixo de residência para deter-se em outro local com o objetivo de satisfazer suas necessidades vitais e de cultura ou para realizar desejos de diversas índoles, unicamente como consumidores de bens econômicos e culturais. Morgenroth apresenta o turista como um “consumidor” já que para ele os atrativos turísticos, sejam naturais ou culturais, são consumidos por aqueles que viajam em busca de satisfazer seus desejos e necessidades. Entendamos então que o consumo referido se dá quando o turista usufrui o que a localidade visitada tende a lhe oferecer, desde o artesanato feito pelo próprio residente, como a gastronomia local, da mais simples ate a mais refinada da cidade. Em outras palavras, Schwinck e Bormann concordam que o turismo ocorre desde que não haja obrigatoriedade de deslocamento de uma localidade para outra por motivações de trabalho, já Morgenroth é convicto em afirmar que a atividade turística consiste no consumo de bens econômicos e culturais.
Embora conste que a primeira definição de turismo surgiu em 1911, quando o economista austríaco Hermann von Schullern zu Schattenhofen escrevia que "turismo é o conceito que compreende todos os processos, especialmente os econômicos, que se manifestam na chegada, na permanência e na saída do turista de um determinado município, país ou estado." , terá destaque aqui as definições posteriores à data de 1940.
Professores da Universidade de Berna, 1942, W. Hunziker e K. Krapf definiam o turismo como: “A soma dos fenômenos e de relações que surgem das viagens e das estâncias dos não residentes, desde que não estejam ligados a uma residência permanente nem a uma atividade remunerada”.
Novamente há concordância quanto as motivações não serem atividades remuneradas, e abaixo, segundo Lesczyck, percebemos como turismo a possibilidade da montagem de residência temporária em determinada localidade: “O movimento turístico é aquele no qual participam os que durante um certo tempo residem num certo lugar, como estrangeiros ou forasteiros e sem caráter lucrativo, oficial (de serviço) ou militar.” (Lesczyck, 1942, p 18).
Já a italiana Michele Troisi e o suíço Walter Hunziker diferem em seu conceito turístico, visto que ela defende tratar-se de viagens em sua essência, quando ele defende tratar-se de fenômenos e relações a partir da permanência do indivíduo em localidade diferente de sua residência e sem motivação por atividade lucrativa.
“Conjunto de viagens temporárias de pessoas motivadas por necessidades de repouso, de cura, espirituais ou intelectuais.” (Michele Troisi, Itália 1942).
“Turismo é o conjunto das relações e dos fenômenos produzidos pelo deslocamento e permanência de pessoas fora do seu local de domicílio, sempre que ditos deslocamentos e permanência não estejam motivados por uma atividade lucrativa.” (Walter Hunziker e Kurt Krapf, Suíça 1942).
“Turismo é de um lado, o conjunto de turistas; do outro, os fenômenos e as relações que esta massa produz em consequência de suas viagens. Turismo é todo o equipamento receptivo de hotéis, agências de viagens, transportes, espetáculos, guias-intérpretes que o núcleo deve habilitar para atender as correntes. Turismo é o conjunto das organizações privadas ou públicas que surgem para fomentar a infra-estrutura, a expansão do núcleo e as campanhas publicitárias. Também são os efeitos negativos ou positivos que se produzem nas populações receptoras.” (Luis Fernandes Fuster, Espanha 1973).
Fuster, por sua vez, complementa o raciocínio de Troisi com o de Hunziker, de forma que temos a definição de turismo não só no que motiva a viagem como as consequências dessa motivação.
“O turismo é a atividade de transporte. cuidado, alimentação e entretenimento do turista; tem um grande componente econômico, mas suas implicações sociais são bem mais profundas. Estimula o interesse no passado, na arquitetura e na arte.” (Donald Lundberg, Estados Unidos 1974).
Lundberg é mais detalhista em sua definição, apresentando caracteres importantes para a efetivação da atividade turística, como transporte, segurança, alimentação e entretenimento. Apresenta também em seu conceito, resultados positivos à sua prática.
“O turismo é o conjunto de deslocamentos voluntários e temporais determinados por causas alheias ao lucro; conjunto de bens, serviços e organização que determinam e tornam possíveis estes deslocamentos e as relações e fatos que entre aqueles e os viajantes têm lugar.” (J. I. Arrillaga, Espanha 1976).
Arrilaga apresenta em sua definição a existência de uma relação entre a localidade visitada e o turista, enquanto Burkart e Medlik apresenta uma breve: “Os deslocamentos curtos e temporais das pessoas para destinos fora do lugar de residência e de trabalho e as atividades empreendidas durante a estada nesses destinos” (Burkart e Medlik, 1981).
Mathienson e Wall (1982), por sua vez, afirmavam que: “Turismo é o movimento provisório das pessoas, por períodos inferiores há um ano, para destinos fora do lugar de residência e de trabalho, as atividades empreendidas durante a estada e as facilidades que são criadas para satisfazer as necessidades dos turistas”.
Abaixo segue a definição de turismo apresentada pela turismóloga formada na Puc Campinas, Fabíola Pereira:
“O turismo é uma atividade que envolve o deslocamento de pessoas de um lugar para o outro. É uma mistura complexa de elementos materiais, que são os transportes, os alojamentos, as atrações e as diversões disponíveis, e dos fatores psicológicos, que seriam desde uma simples fuga, passando pela concretização de um sonho ou fantasia, até simplesmente a recreação, o descanso e incluindo ainda inúmeros interesses sociais, históricos, culturais e econômicos. Devido a esses elementos, cada vez mais pessoas em todo o mundo encontram nas viagens a melhor alternativa para preencher seu tempo livre.”
Fabíola explica a existência de elementos componentes do turismo, já que este acontece dada infraestrutura local, além de seus atrativos. Ela apresenta o turismo como sendo a realização de um sonho ou fantasia ou ainda uma necessidade humana, provendo esta de diversas intenções ou motivações. Fabíola também cita o turismo como opção para o ócio humano, podendo ser essa ocasião o momento de cuidar de si e descontrair com a família e também com os amigos.
Já a definição mais utilizada e aceita nos dias de hoje é o da OMT – Organização Mundial do Turismo (1994): “O turismo compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras”. Tal definição é a mais utilizada atualmente pelos estudiosos do assunto, dada necessidade de uma conceituação padrão que viabilize os estudos e discussões do tema, onde são consideradas as atividades desenvolvidas pelo indivíduo estando este em localidade distinta de sua moradia e entorno, além de especificar que o turismo ocorra ainda dentro de um período determinado com finalidade de lazer, negócios ou outras.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
Turismóloga e Guia de Turismo Regional pelo Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio; Técnica em Agenciamento de Viagens com Habilitação para Credenciamento de Guia Regional, Nacional e América do Sul; Pós-graduanda em Geografia, Meio Ambiente e Sustentabilidade; Escritora de romances policiais e resenhista no blog Literaleitura.
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