Importância da correta obtenção de material para diagnóstico laboratorial

É importante sabermos o que coletar e como fazê-lo
É importante sabermos o que coletar e como fazê-lo

Veterinária

02/09/2012

Com as avançadas técnicas de diagnóstico laboratorial disponíveis nas mais diversas áreas do conhecimento da Medicina Veterinária, o procedimento de coleta de material vem requerendo cada vez mais uma atenção especial. Há um tempo, a soberania das clínicas de animais de grande porte, animais de companhia e de animais silvestres lhes permitiam, na maioria das vezes, que se chegasse a um diagnóstico somente com base no histórico do animal ou do rebanho, epidemiologia e manifestação clínica, além do uso de técnicas, manobras físicas e de instrumental de apoio, tudo isso realizado na clínica.


Isso geralmente prevalecia quando as técnicas de diagnóstico laboratorial ainda não tinham tanta eficácia no que se refere à precisão e mais especialmente a tempo. A depender do tipo de patologia que se suspeite quando do atendimento do paciente na clínica veterinária, é possível ter uma ideia da sua capacidade mórbida e isso pode ser um fator determinante no que se refere à quantidade de susceptíveis que poderão adoecer caso ao animal retorne sem receber o tratamento específico, sendo fundamental, com isso, que um teste laboratorial seja feito como forma de fechar esse diagnóstico com rapidez e precisão e, nesses casos, o teste deverá apresentar elevado grau de sensibilidade e especificidade, o que garantirá a idoneidade do resultado.



Considerando essa possibilidade, muitas vezes faz-se necessário obter amostras biológicas e remetê-las ao laboratório para processamento e posterior emissão de um laudo diagnóstico. No entanto, para que o laudo emitido traduza o mais fielmente possível a realidade apresentada por um paciente, é preciso que o procedimento de coleta, armazenamento e remessa ao laboratório obedeça a um conjunto de processos e técnicas as quais normalmente são informadas pelo laboratório que irá processar o material.


Pois, ao contrário, a amostra poderá perder qualidade ou se tornar imprópria para processamento, inviabilizando, muitas vezes o fechamento do diagnóstico. Antes de coletar, o clínico primeiramente deverá saber qual o tipo de exame que irá solicitar (microbiológico, histopatológico, sorológico, etc), o que se pretende identificar, qual amostra e a forma como esta será coletada, além de enviar junto ao espécime uma ficha contendo a suspeita e o histórico epidemiológico do animal. Tudo isso facilitará no processamento pelo laboratorista.



A identificação do espécime é algo fundamental para o laboratorista, pois quando feita de forma deficiente poderá dificultar o processamento e aumentar o prazo de emissão do resultado. Assim sendo, recomendamos que a identificação de qualquer material coletado seja feita com lápis grafite em papel e em seguida passado fita adesiva transparente por cima do papel de maneira tal que nada possa apagá-lo ou comprometê-lo total ou parcialmente. Identificações feitas com uso de canetas esferográficas ou à base de álcool apresentam grande vulnerabilidade.



Fixações parciais de rótulos de forma que a fita adesiva não se sobreponha, tende a soltar-se, ocasionando na perda da identificação. O armazenamento é algo que dependerá do tipo de diagnóstico que o material será submetido, tempo aproximado de chegada deste ao laboratório e tipo de espécime coletado.



A refrigeração de caixas isotérmicas deve ser feita com baterias de gelo, pois mesmo que haja aumento de temperatura, estas não derreterão e, portanto, não comprometerão a qualidade das amostras coletadas. Já quando se utiliza gelo convencional, estes quando derretem formam água e promovem uma mistura dos espécimes e muitas vezes a perda dos mesmos.


Quanto à postagem de material biológico, recomenda-se que se evite fazer em finais de semana, vésperas de feriado ou em períodos festivos, pois muitas vezes são momentos críticos para as empresas de transporte e, por isso, bastante favoráveis à deterioração das amostras. Finalmente, o que devemos lembrar sempre é que desobedecer às normas de coleta de amostras quando se trata de animal que veio a óbito, é algo bastante arriscado uma vez que não se permite repetir a coleta e, com certeza será bastante constrangedor para o profissional frente ao proprietário/criador.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


José Andreey Almeida Teles

por José Andreey Almeida Teles

Doutorando pelo PPGCV da UFRPE; Docente do curso de Medicina Veterinária do CESMAC em Marechal Deodoro-AL, responsável pelas disciplinas de Sociologia, Microbiologia Veterinária e Doenças infecto-contagiosas dos animais domésticos. Presidente da Comissão de Biossegurança do Cesmac. Responsável pelo laboratório de Microbiologia Veterinária; Preside a Comissão Regional de Saúde Pública do CRMV-AL.

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