Hérnia Inguinal Animal

O canal inguinal é uma passagem através da parede abdominal
O canal inguinal é uma passagem através da parede abdominal

Veterinária

17/01/2013

As hérnias inguinais se formam quando um órgão ou um tecido protrai através do canal inguinal. As hérnias inguinais indiretas (que são o tipo mais comum) ocorrem quando o tecido protrai através da evaginação normal do processo vaginal nas fêmeas ou da túnica vaginal nos machos. Uma hérnia inguinal direta ocorre quando a evaginação peritoneal separa-se e repousa ao longo do proces¬so ou da túnica vaginais como uma formação de bolsa tecidual externa separada.

O canal inguinal é uma passagem através da parede abdominal. Costuma -se considerar o canal ingui¬nal como a passagem entre o anel interno e o anel inguinal externo. O limite cranial do anel inguinal interno é formado pela borda caudal da inserção do músculo oblíquo abdominal interno. É limitado ventro medialmente pelo músculo reto abdominal e pelo tendão pré-púbico e caudal e lateralmente pela borda da pelve e pelo ligamento inguinal. O anel inguinal externo se forma como um orifício em forma de fenda na inserção do músculo oblíquo abdominal externo e se sobrepõe ao anel inguinal interno. A anatomia do canal inguinal varia entre as espécies, dependendo da extensão caudal do ligamento do músculo oblíquo abdominal interno.

Desconhece-se a etiopatogênese exata das hérnias inguinais. Em determinadas raças, têm-se observado hérnias inguinais congênitas. Demonstrou-se algumas raças tem predisposição a desenvolver hérnias inguinais, incluindo o Basset-hound, Terrier, Pequinês e o West e White terrier. O pequinês também apresenta maior incidência de hérnia umbilical intercorrente. Desconhece-se a causa das hérnias inguinais congênitas, mas elas têm sido atribuídas a variações anatômicas normais, herança poligênica e doenças infecciosas.
As hérnias inguinais adquiridas são observadas mais frequentemente na cadela hígida de meia ¬idade. A maioria dos casos de herniação ocorre na cadela em cio ou prenhe, sugerindo um envolvi¬mento hormonal. Os outros fatores que podem estar envolvidos como o enfraquecimento da parede abdominal, o traumatismo, a obesidade e o acúmulo de gordura no processo vaginal.

A maioria dos cães com hérnias inguinais apresentará uma massa disforme e mole na região inguinal que geralmente não é dolorosa à palpação. A massa pode se encontrar presente por até um ano e pode ou não ser redutível à palpação. A elevação dos quartos traseiros pode ajudar o examinador na redução da hérnia e permitir a palpação do defeito na parede abdominal. A hérnia pode conter um útero gravídico ou infectado que seja incapaz de ser reduzido. Os outros tecidos e órgãos que podem estar contidos na hérnia incluem o omento, o intestino, a bexiga, a gordura prostática e o baço.

O diagnóstico se dá pelo exame físico, ´podendo ser auxiliado por uma radiografia que de¬monstre alças intestinais preenchidas por gás ou o surgimento de um esqueleto fetal em ossificação após 43 a 45 dias de gestação. A bexiga pode ser identificada por uma radiografia de contraste após uma cateterização e uma aspiração do conteúdo vesical.
Deve-se diferenciar a hérnia inguinal do acúmulo de tecido gorduroso subcutâneo, do abscesso, da forma¬ção de hematomas e da neoplasia da glândula mamária.
A hérnia pode surgir como um inchaço lateral à vulva e deve ser diferenciada de uma hérnia peri¬neal.

Pode-se utilizar uma incisão na linha média ventral para todas as hérnias inguinais. Essa abordagem permite a visualização de ambos os anéis inguinais e o reparo da herniação bilateral por meio de uma incisão única. Isso também permite a extensão cranial da incisão, quando for necessária, sem a invasão do tecido mamário ou de seu suprimento sanguíneo.
A incisão cirúrgica se estende da borda cranial da pelve até tão longe cranialmente quanto for necessário para permitir a exposição do saco hernial. Prossegue-se essa incisão através do teci¬do subcutâneo para baixo em direção à bainha reta ventral.
Procede-se a dissecção bruscamente sob o tecido mamário, remove-se e rebate-se lateralmente o tecido mamário para expor o anel inguinal e o saco hernial.
Após dissecar o saco hernial a partir do tecido subcutâneo, abre-se o mesmo e inspeciona-se seu conteúdo.
Rompem-se quaisquer aderências entre o saco e as vísceras e retorna-se o conteúdo à cavidade abdominal.
Em alguns casos, pode ser necessário alargar o anel hernial cranialmente para facilitar a redução da hérnia. Se a hérnia incluir a bexiga, a aspiração da urina facilita a redução.

Quando incluir um ou ambos os cornos uterinos e for realizada uma ovário-histerectomia, a extensão da incisão em uma direção cranial e medial pode se tomar necessária para completar o procedimento. Se a hérnia contiver um útero grávido, com até a sétima semana de prenhez, pode-se reposicionar a hérnia no abdome e permitir que a prenhez continue até o seu término. Após a sétima semana de prenhez, recomenda-se uma ovário-histerectomia, dependendo da idade e do valor da cadela como animal reprodutor.

Após a recolocação das vísceras no interior do abdome, retira-se o saco sobressalente nas mar¬gens do anel inguinal.
O retorcimento do saco sobressalente pode ajudar a manter a redução do conteúdo no interior do abdome.
Sutura se o anel hernial com suturas interrompidas simples de material de sutura não-absorvível .
Deve-se ter cuidado durante o fechamento para evitar os vasos pudendos externos e o nervo genitofemoral, que saem da face caudomedial do anel.
Nos machos deve-se fechar o anel inguinal sem o comprometimento do cordão espermático á medida que ele atravessa o canal inguinal.
Inspeciona-se o anel inguinal no outro lado.
Remove-se o processo vaginal e sutura-se o anel fechado.
Puxa-se então o tecido mamário de volta à linha média e fecha-se o tecido subcutâneo utilizando suturas absorvíveis. Tendo-se cuidado em se eliminar o espaço morto potencial.
Se for necessário, pode-se colocar um dreno de Penrose antes do fechamento e fazê-lo sair a partir de uma incisão em estocada ventral separada, caso se encontre uma grande quantidade de espaço morto onde poderia se acumular fluido.

Fecha-se rotineiramente a pele,passa-se uma atadura no abdome caudal imedia¬tamente após o procedimento. A atadura ajuda a eliminar o espaço morto e aumenta o conforto do paciente. Se forem utilizados, os drenos devem ser recobertos com um curativo e uma atadura absorventes e podem ser removidos três a cinco dias após a cirurgia, antes da alta do paciente do hospital,antibióticoterapia e anti-inflamátorios por sete dias.

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