Tratamento do diabetes cetoacidótico em cães e gatos

Pode levar alguns dias até que a glicemia e a cetonúria comecem a decair
Pode levar alguns dias até que a glicemia e a cetonúria comecem a decair

Veterinária

28/03/2013

Animais relativamente sadios com cetoacidose podem ser tratados apenas com insulina regular. Pode levar alguns dias até que a glicemia e a cetonúria comecem a decair, mas um tratamento agressivo pode não ser necessário enquanto a sua condição estiver estável. Por outro lado, cães e gatos enfermos necessitam de atendimento médico imediato. Tal condição é caracterizada pela presença de depressão, anorexia, desidratação e alterações de temperatura (febre ou hipotermia). A administração de insulina regular é imprescindível, devido à sua habilidade de reduzir rapidamente os níveis glicêmicos. Até que concentrações adequadas de glicose sérica sejam alcançadas, a insulina deve ser ministrada intravenosamente ou a cada hora, pela via IM. 

Estes animais devem ser submetidos à fluidoterapia e reposição de eletrólitos para que a desidratação, a acidose e o desequilíbrio eletrolítico sejam corrigidos. A melhor escolha de fluidos consiste em uma solução balanceada em eletrólitos com lactato, na dose de 100 ml/kg/dia. Na presença de hiperglicemia acentuada, a utilização de NaCl 0,45% pode ajudar a reduzir a osmolaridade. A administração de bicarbonato na maioria das vezes não é necessária, pois a acidose melhora com a implementação da fluidoterapia e insulinoterapia.

Se o animal não estiver se alimentando, dextrose deve ser administrada juntamente com a fluidoterapia para evitar uma queda brusca nos níveis glicêmicos após a administração de insulina.

A suplementação de potássio também pode ser necessária, já que este elemento pode atingir níveis perigosamente baixos com o tratamento para combater a cetoacidose, apesar de a acidose estimular a sua liberação para o líquido extracelular. Além disso, se houver diurese induzida pela fluidoterapia, maior perda urinária deste elemento pode contribuir para a hipocalemia. É comum os animais estarem hipercalêmicos no início do tratamento e hipocalêmicos em 12 - 24h. Por isso, sugere-se a administração venosa de 40-80 mmol/L/ animal de cloreto de K associado ao gluconato de K (2-3 mmol/animal, 2-3 vezes ao dia). A acidose pode levar também à perda de fósforo e anemia, devendo ser corrigida a hipofosfatemia. Recomenda-se a administração de fósforo na dose de 0.14-1.26ml/kg pela via SC.

A correção excessivamente rápida da glicemia e das alterações eletrolíticas, na maioria das vezes, leva a edema cerebral e sinais neurológicos. O objetivo da queda glicêmica deve ser de 3-4mmol/L/h, sendo o limite máximo 6 mmol/L/h. A concentração de eletrólitos deve ser monitorada muito cuidadosamente durante o tratamento da cetoacidose, com ajustes frequentes no tipo de fluido, bem como a quantidade de potássio suplementada. O objetivo é que se estabilize o animal dentro de 1 a 2 dias.

Doenças concomitantes devem ser identificadas e tratadas especificamente, se possível. A pancreatite é extremamente comum em cetoacidose, mas não há tratamento específico para esta doença. Infecções bacterianas devem ser tratadas o mais breve possível. A antibioticoterapia geralmente é instituída mesmo que a infecção não tenha sido confirmada, devido a problemas que tais infecções causam na cetoacidose.  A insuficiência renal aguda também pode acompanhar a cetoacidose e precisa ser tratada agressivamente com fluidoterapia. Pode ser necessário o uso de fármacos que estimulem a produção de urina se o animal estiver oligúrico.

As complicações que ocorrem com maior frequência durante o tratamento da cetoacidose incluem o desenvolvimento de hipoglicemia, sinais neurológicos, anormalidades eletrolíticas e anemia. A melhor forma de prevenir tais efeitos colaterais é objetivar a correção gradual das múltiplas alterações associadas com a cetoacidose.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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