Cães e gatos: Tratamento domiciliar da diabetes

O animal deve ser reavaliado entre 7 e 15 dias de tratamento
O animal deve ser reavaliado entre 7 e 15 dias de tratamento

Veterinária

28/03/2013

Uma vez determinado no hospital o tipo de insulina, sua frequência de administração, posologia aproximada e esquema de alimentação, o animal diabético pode ser encaminhado para casa. As necessidades de insulina geralmente se modificam em casa devido às diferenças na ingestão calórica e ao exercício. O objetivo do tratamento domiciliar consiste na manutenção da glicemia em níveis próximos do normal, prevenindo a recidiva dos sinais clínicos e das complicações em longo prazo associadas ao diabetes mellitus mal controlado. Antes de liberar o animal, o clínico deve conversar com o proprietário, orientando-o sobre os cuidados necessários com o mesmo. Devem-se salientar os seguintes procedimentos: armazenamento da insulina em local apropriado; quantidade de insulina e velocidade de aplicação; retirada asséptica do líquido; agitação correta da preparação; remoção das bolhas de ar; e local correto para a aplicação da insulina no animal. Após estas orientações, o animal pode ser entregue ao proprietário e o veterinário deve mostrar ao proprietário como aplicar as injeções que serão dadas em casa.

Os proprietários também devem ser instruídos para manter um registro diário que inclua os resultados de glicosúria e cetonúria matinais, dose de insulina, horário das refeições (pela manhã e à tarde), e local da injeção (que deverá variar). O tratamento do diabetes mellitus exige proprietários capazes e dispostos que aceitem a responsabilidade de tratar corretamente seus animais. Há glucômetros manuais que podem ser utilizados em casa, auxiliando na monitoração. Alguns deles apresentam a lanceta inserível no próprio aparelho, devendo ser utilizados na face externa da orelha e basta que uma gota de sangue atinja a fita do glucômetro para que o resultado seja emitido.

Para o controle da glicosúria e da cetonúria, existem fitas reativas que podem ser usadas no ambiente domiciliar. Basta que uma gota de urina seja colocada na fita e a coloração, após 15 a 30 segundos de contato entre a urina e a fita, é comparada com o rótulo. O ideal é que o resultado seja sempre negativo.

A grande maioria dos cães desenvolve complicações associadas à sub ou superdosagem de insulina devido a observações errôneas dos proprietários quanto à glicosúria. Por isso recomenda-se aos proprietários que monitorizem a glicose urinária, mas não a utilizem para modificar a dose de insulina prescrita. Uma glicosúria matinal persistente pode sugerir uma subdosagem, mas também pode ocorrer com uma técnica inadequada de administração de insulina, problema com a potência da insulina, rápido metabolismo da insulina, hiperglicemia insulina-induzida, prenhez, hiperadrenocorticismo, dieta inadequada, anticorpos contra insulina ou outros fatores. A terapêutica apropriada para a normalização da glicemia é diferente em cada um destes casos. Além disto, uma glicosúria persistentemente negativa será mais sugestiva de um diabetes bem controlado, do que de uma superdosagem de insulina.

Um método alternativo para o controle do paciente diabético associa a observação do proprietário quanto à recidiva de sinais clínicos e glicosúria à periódica reavaliação hospitalar quanto às respostas glicêmicas. É muito importante a opinião subjetiva do proprietário quanto à ingestão de água e diurese. No hospital, a glicosúria e a cetonúria são avaliadas antes da refeição matinal. Caso o animal esteja respondendo adequadamente as injeções, o ideal é que a urina seja negativa para glicose e corpos cetônicos. Os distúrbios mais comumente encontrados através da determinação seriada da glicose sanguínea são: hiperglicemia insulino-induzida ou "Efeito Somogyi", metabolismo rápido de insulina, antagonismo/resistência de insulina e hipoglicemia. A maioria dos cães desenvolve complicações associadas com sub ou superdosagem de insulina devido às observações errôneas dos proprietários quanto à concentração de glicose urinária.

O animal deverá ter um bom apetite, mas não voraz. O ideal é que a urina seja negativa para glicose antes de alimentar o animal. Pelo menos uma vez por semana, solicita-se do proprietário que verifique a glicosúria o maior número de vezes possível ao dia. Todos os resultados são anotados num diário. O cão que apresentar várias glicosúrias negativas encontra-se em bom estado. Uma glicosúria persistente sugere um problema que requer avaliação de glicemias no hospital, bem como para cetonúria persistente.

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