Glândula Pineal

Glandula Pineal - Medicina Veterinária
Glandula Pineal - Medicina Veterinária

Veterinária

16/04/2014

ANATOMIA

A Glândula Pineal ou epífise é uma estrutura ímpar localizada na extremidade posterior do terceiro ventrículo, sobre o teto do diencéfalo, conectada a ele por um curto pedúnculo e rostral aos colículos rostrais (ROCHA, 2012). Sendo seu corpo revestido pela pia-máter –uma das membranas que formam as meninges- da qual partem septos de tecido conjuntivo que penetram na glândula dividindo-a em lóbulos de formas irregulares, acompanhadas por vasos sanguíneos. Estando conectada aos olhos através de nervos (JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2004).

Ela é dividida em três porções: ápice; base e corpo. Possuindo um recesso pineal – extensão do terceiro ventrículo até a glândula pineal- e duas habênulas – substância branca, direita e esquerda, que fixa a pineal ao tálamo- (SCHALLER et al., 1999).


HISTOLOGIA


Segundo Junqueira e Carneiro (2004), predominam na glândula pineal, dois tipos celulares, os pinealócitos e os astrócitos.

Os pinealócitos são as principais células da glândula pineal, em 95%, possuem numerosas e longas ramificações com as extremidades dilatadas, núcleos grandes e esféricos, derivados de neurônios, mas não têm axônio. Os astrócitos possuem prolongamentos e grande quantidade de filamentos intermediários, núcleos alongados e mais fortemente corados, parcialmente circundam e separam os pinealócitos.


FISIOLOGIA


A glândula pineal dos vertebrados inferiores, peixes, anfíbios, répteis e algumas aves têm nos pinealócitos estruturas semelhantes aos fotorreceptores da retina, considerada como o predecessor evolutivo do atual olho. Já nos mamíferos os pinealócitos perdem a capacidade fotorreceptiva e passam a estar sob o comando do ciclo dia/noite, de forma indireta.

O papel fisiológico da glândula pineal, comum a todos os vertebrados ocorre também nos pinealócitos, é a secreção endócrina, tendo como principal hormônio, a melatonina, cuja produção é controlada pelo ciclo de iluminação ambiental. A glândula pineal é, portanto um órgão foto-sensitivo e um importante controlador do tempo para o corpo humano (MARKUS et al., 2012).


INERVAÇÃO

A conexão neural para a glândula pineal inicia-se com as células ganglionares da retina, pela via retino-hipotalâmica, circuito das retinas ao hipotálamo, na qual traz informações sobre luz e/ou escuridão ao núcleo supraquiasmático (SCN), região do hipotálamo, operando de forma independente da visão. Esses núcleos constituem o marca-passo gerador do ritmo circadiano dos mamíferos sendo considerado o relógio biológico projetam-se direta ou indiretamente, na medula espinhal, sobre os neurônios pré-ganglionares simpáticos que enviam seus axônios aos gânglios cervicais superiores, que perdem seus envoltórios de mielina quando entram na glândula terminando entre os pinealócitos estabelecendo sinapses com alguns. Por fim a pineal mantém conexões, tanto aferentes quanto eferentes, com o sistema nervoso central através do pedúnculo pineal. (ALVES et al., 2012).


MELATONINA

A Melatonina é o principal hormônio sintetizado pela glândula pineal, sendo controlada pela quantidade de luz que incide diariamente sobre os olhos. A via nervosa envolvida é a que foi citada anteriormente com a passagem de sinais luminosos dos olhos para o núcleo supraquiasmático do hipotálamo na qual é direcionado para a glândula pineal (GUYTON; HALL, 2002).

A secreção da melatonina segue um ritmo circadiano, sendo liberada no período escuro e inibida pela claridade (ROCHA, 2012).

A síntese de melatonina em mamíferos inicia-se no período escuro, pela liberação de noradrenalina (NA) pelos terminais simpáticos que inervam a glândula pineal. A noradrenalina interage com os receptores pós-sinápticos adrenérgicos presentes na membrana dos pinealócitos e desencadeia uma série de eventos bioquímicos, cujo produto final é a melatonina. Esse evento bioquímico inicia-se com o triptofano passando por 5-hidroxitriptofano, serotonina, N-acetilserotonina e finalmente a melatonina, que é uma molécula anfipática e pode atravessar a membrana celular, sendo assim liberada nos espaços perivasculares da glândula pineal difundindo na circulação a partir da ligação entre pinealócito e os vasos sanguíneos (MARKUS et al., 2012).

Sua concentração no sangue de indivíduos normais é muito baixa durante a maior parte do dia, mas aumenta significativamente entre duas e quatro horas da manhã permanecendo elevada durante o tempo normal do sono, caindo abruptamente por volta das nove horas.

A glândula tem seu ponto alto de desenvolvimento na época da puberdade, quando é máxima a produção de melatonina. Mas ao entrar na puberdade, a glândula sofre um processo de calcificação progressiva, recebendo assim o nome de areia cerebral. Com essa diminuição de atividade, e consequentemente da produção hormonal, aparentemente há uma “liberação” do hipotálamo que passa a secretar e liberar o GnRH que estimula os gonadotróficos (FSH/LH). Assim, o início de declínio da pineal está associado ao processo de desencadeamento da puberdade (ALVES et al., 2012).

Em experimentos e achados feitos com a glândula pineal em diferentes horários de iluminação, descobriu-se que a luz que incide na retina promove uma modificação nos impulsos nervosos que chegam ao gânglio cervical superior, inibindo a melatonina, tanto na síntese quanto na liberação, por isso a atividade rítmica da melatonina é dependente da luz ambiental, com secreção somente no período de escuridão em todas as espécies de animais (DUKES; REECE, 2006).

A areia cerebral é composta por depósitos de fosfato e carbonato de cálcio, encontrados geralmente na glândula pineal de adultos aumentando com o passar dos anos. Mas essa calcificação não impede o funcionamento da pineal, visto que mesmo na idade avançada quando o acúmulo de concreções é maior, a glândula tem suas substâncias ativas e enzimas nela presentes em perfeito estado (JUNQUEIRA; CARNEIRO 2004).


FUNÇÕES

A pineal é a estrutura responsável pela transmissão da informação fotoperiódica ao organismo, e exerce papel regulatório sobre os mais diversos eventos fisiológicos, metabólicos e comportamentais (MORENO, 1997).

Atuando:

- No Efeito antioxidante: A melatonina atua como antioxidante, protegendo as células contra a ação destrutiva de radicais livres.

- Na Regulação de eventos fisiológicos: Na qual a produção de melatonina varia com a idade, os recém-nascidos produzem pouca melatonina. A partir de então, seus índices se elevam gradualmente, até a fase da puberdade, quando o hipotálamo passa a secretar e liberar GnRH que estimula os gonadotróficos (FSH/LH). Assim, o início de declínio da pineal está associado ao processo de desencadeamento da puberdade (ROCHA, 2012).

- No Ciclo Circadiano e Sazonal: Relacionada no controle dos biorritmos circadianos -que duram cerca de 24h- e sazonais -relacionados à estação do ano principalmente a diferença entre inverno/verão, em virtude das noites mais longas ou mais curtas- respondendo assim a estímulos luminosos recebidos pela retina, que são transmitidos ao córtex cerebral e retransmitidos à pineal pelos nervos simpáticos, terminando na secreção da melatonina (JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2004).

De acordo com Varella e Bruna (2012), o ciclo sono/vigília reflete o ritmo biológico de cada pessoa independe de fatores ambientais, como o dia e a noite, estações do ano ou o horário de verão, todos os seres vivos possuem relógios internos que determinam seus ritmos biológicos, chamados de relógios biológicos. Nos mamíferos, eles estão localizados nos núcleos supraquiasmáticos, sendo responsáveis por promover os ritmos circadianos.


PATOLOGIAS

Quanto às patologias na glândula pineal, têm sido relatados casos de tumores que é frequente na região da glândula, alguns deles são tumores pineais que secretam quantidades excessivas de hormônios pineais, enquanto outros são tumores do tecido circundante que comprimem ou destroem a glândula pineal que podem originar puberdade precoce ou puberdade retardada, dependendo da localização do tumor (ROCHA, 2012).

Os pinealócitos, quando tumorais, exacerbam a produção de melatonina, e assim inibem a puberdade. No caso contrário sofrem compressão por parte das células intersticiais e diminuem a produção de melatonina, liberando a puberdade mais rapidamente (não inibição do GnRH) (GUYTON; HALL, 2002).

Doenças Neurológicas: importante na regulação e modulação da atividade elétrica cerebral. Doença de Alzheimer, doença de Parkinson, esclerose lateral amiotrófica, doença do neurônio motor.

Outras Manifestações Clínicas: Há vários relatos do papel da glândula pineal em doenças humanas como hipertensão, desordens de mielina, doenças oculares como glaucoma e distúrbios endócrinos (MORENO, 1997).


CONCLUSÃO


Podemos concluir com esse trabalho que a Glândula Pineal participa da homeostase do meio interno com o externo, informando o organismo sobre variações do meio externo, tendo como funções a regulação da síntese de melatonina e papel de marca-passo dos ritmos circadianos e/ou sazonais, junto com o núcleo supraquiasmático do hipotálamo sendo reconhecida como um dos principais componentes do sistema do relógio biológico.


REFERÊNCIAS:


ALVES, Rosana S. Cardoso et al. A melatonina e o sono em crianças. Disponível em: http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/index.php?p=html&id=362. Acesso em: 17 mar. 2012.

DUKES, Henry Hugh; REECE, William O. Dukes, fisiologia dos animais domésticos. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

FILGUEIRAS, Marcelo Quesado et al. Glândula Pineal: revisão da anatomia e correlações entre os marca-passos e fotoperíodos na sincronização dos ritmos circadianos. Hu Rev:, Juiz de Fora, v. 32, n. 2, p.47-50, 2006. Trimestral.

GOMES, Lucas Alécio. Estudo Morfológico da Glândula Pineal no Cão. 2003. 81 f. Dissertação (Pós-graduação) - Curso de Medicina Veterinária, Universidade, São Paulo, 2003.

GOMES, Lucas Alécio et al. Estudo morfológico da glândula pineal do cão. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 29, n. 1, p.137-150, 2008. Trimestral.

GUYTON, Arthur C.; HALL, John Edward. Tratado de Fisiologia Médica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchoa; CARNEIRO, Jose. Histologia Básica. 10ª Edição Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

LOTUFO, Letícia. Fisiologia da Glândula Pineal. Disponível em: www.fisiologia.ufc.br/Ensino/Endocrino/Pineal.pdf. Acesso em: 25 abr. 2012.

MARKUS, Regina Pekelman et al. Glândula Pineal e Melatonina. Disponível em: http://www.crono.icb.usp.br/glandpineal.htm. Acesso em: 17 mar. 2012.

MORENO, Alcione. A Glândula Pineal. São Paulo: V - Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, 1997.

ROCHA, Newton da Cruz. Glândula pineal: FISIOVET. Disponível em: http://www.proac.uff.br/fisiovet/index.php?option=com_content&task=view&id=169&Itemid=152. Acesso em: 17 mar. 2012.

SCHALLER, Univ.- Professor Dr. Dr. Oskar et al. Nomenclatura Anatômica Veterinária Ilustrada. 1° São Paulo: M,anole Ltda., 1999.

UNESP. Ventrículos Cerebrais: SITE DE ANATOMIA. Disponível em: http://www.fosjc.unesp.br/disciplina/anatomia/neuro/neuro13.htm. Acesso em: 03 maio 2012.

VARELLA, Drauzio; BRUNA, Maria Helena Varella. Relógios biológicos. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/wiki-saude/relogios-biologicos/>. Acesso em: 04 maio 2012.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Keicy Sandy Silvestre de Souza

por Keicy Sandy Silvestre de Souza

Acadêmica do 10° período do Curso de Graduação em Medicina Veterinária - FACULDADES INTEGRADAS DO NORTE DE MINAS - FUNORTE

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