Influência da temperatura no crescimento e produção de tilápia-do-nilo

Veterinária

06/09/2014

INTRODUÇÃO

O Brasil enquadra-se em uma considerável posição no mercado mundial como produtor de pescado (ANUALPEC, 2007), apresentando condições climáticas favoráveis para a expansão da produção (PEIXOTO et al., 2010) em virtude de sua extensão territorial e da posição geográfica, o que gera sazonalidade regional para produção de peixes (JUNIOR, 2006).


Contudo, algumas regiões importantes no cenário da produção de tilápia podem apresentar temperaturas relativamente baixas em determinadas épocas do ano. Isso é preocupante, pois os peixes são animais ectotérmico e assim a temperatura do meio onde eles vivem influência o seu metabolismo fisiológico, afetando os processos de digestão e, consequentemente, o desempenho (MOURA et al., 2007).


Dessa forma, o objetivo dessa revisão é abordar a influência da temperatura tem sobre o crescimento, produção e os processos fisiológicos da tilápia-do-nilo.


TILÁPIA-DO-NILO
A tilápia tem sua origem da bacia do rio Nilo, mas aos longos dos anos se espalhou por todas as partes do mundo (EL-SAYED, 2006) em razão de sua ampla capacidade de adaptação a diferentes ambientes e condições de cultivo (WATANABE et al., 2002; ZIMMERMANN & FITZSIMMONS, 2004). No Brasil, a tilápia-do-nilo foi introduzida na região Nordeste em 1971, originária da Costa do Marfim (CASTAGNOLLI, 1992).


Essa espécie é caracterizada por tolerar condições adversas do ambiente, como variação do pH, oxigênio dissolvido, amônia, temperatura, salinidade e pela resistência a doenças. Peixes pertencentes ao gênero Oreochromis possuem hábito alimentar onívoro, os machos são responsáveis por formar o ninho onde os ovos ficaram e a fêmea realiza a incubação oral, como objetivo de oxigenar e defender os ovos contra possíveis predadores (YASUI et al., 2006).


O rápido crescimento da espécie, boa conversão alimentar, ingestão de ração desde a fase larval, qualidade de carne e bom rendimento de carcaça dão grande destaque a tilápia, contribuindo para sua expansão na piscicultura comercial brasileira (DIAS-KOBERSTEIN et al., 2007).

IMPORTÂNCIA DA TEMPERATURA

Poucos fatores ambientais desempenham tanta influência sobre a produção animal como a temperatura (ALI et al., 2003; PULGAR et al., 2003). Os animais ectotérmicos, como a grande maioria dos peixes teleósteos tem sua temperatura variada de acordo com a temperatura ambiente, ocasionando em alterações metabólicas provocadas pelo aumento ou redução da temperatura, já os animais endotérmicos, usam a energia metabólica para realizar a termorregulação, nas diferentes condições ambientais.


A temperatura é um dos fatores mais importantes que afeta a fisiologia, crescimento, reprodução e metabolismo da tilápia. Ela é de extrema importância em regiões temperadas e subtropicais, que se caracterizam por flutuações sazonais da temperatura da água (EL-SAYED, 2006).


Em baixas temperaturas, o metabolismo dos peixes é muito baixo não havendo crescimento e, dependendo dos limites letais da espécie, pode ocorrer mortalidade. Já uma elevação da temperatura da água pode ocasionar maior crescimento, mas a partir de certo limite, a depender da espécie pode haver mortalidade dos peixes (BALDISSEROTTO, 2009).


Segundo Campana et al. (1996), a temperatura é um elemento controlador do crescimento dos peixes, por afetar de forma direta as taxas metabólicas, o consumo de oxigênio, a alimentação e a digestibilidade. Os eventuais efeitos da temperatura nesses animais são mais notáveis durante as fases de rápido crescimento larval e juvenil (MARTELL et al., 2005).


A temperatura, como um fator de controle, tem um importante papel na regulação da taxa metabólica de peixes, e assim, torna-se uma variável ambiental importante para as atividades de crescimento. Dentro da faixa de temperatura adequada, a intensidade metabólica dos peixes está positivamente relacionada com a temperatura (NURDIANI & ZENG 2007).


Cada espécie de peixe possui uma faixa de temperatura na qual expressam maior potencial de crescimento (PIEDRAS et al., 2004), entretanto para a maioria das espécies de clima tropical, a faixa de temperatura de 25 a 28ºC é a que proporciona melhores resultados na produção, e a variação desses valores além dos limites da faixa ideal pode reduzir ou até mesmo cessar a alimentação (FRASCÁ-SCORVO et al., 2001)


Para tilápia, a temperatura letal encontra-se entre 10 e 11ºC, sendo que em 16ºC já suspendem a alimentação, ficando mais vulneráveis a doenças e em torno de 20ºC tem sua reprodução inibida. Já em temperaturas mais elevadas como nas faixas de 36 a 40ºC podem levar a doenças e mortalidade (ABRAPPESQ, 2003). Como os peixes não suportam excessivas variações de temperatura é extremamente perigoso para ovos, larvas e alevinos, variações abruptas de temperaturas acima de 5ºC.


CONCLUSÃO
A temperatura tem influência direta sobre o desempenho da tilápia, comprometendo sua fisiologia e crescimento. E está quando não encontra-se na zona de conforto da espécie em questão provoca alterações metabólicas que comprometem o sucesso produtivo da espécie.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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