A importância do gato na transmissão da toxoplasmose
Possuir gatos não é uma condição para ter toxoplasmose
Veterinária
20/11/2014
A toxoplasmose é uma zoonose causada pelo Toxoplasma gondii, protozoário intracelular obrigatório de distribuição cosmopolita, conhecida popularmente como “Doença do gato”. Praticamente, todos os animais de sangue quente são suscetíveis à infecção e são considerados hospedeiros intermediários, pois apresentam apenas o ciclo extra-intestinal (assexuado), nestes são encontradas as formas evolutivas de multiplicação rápida, chamadas de taquizoítas, de fase aguda; e as formas de multiplicação lenta, denominados bradizoítas, presentes na fase crônica da doença.
E onde entra o gato? O gato, e felídeos em geral, são os únicos hospedeiros, nos quais o ciclo biológico do parasito é completo, pois apresentam o ciclo extra-intestinal e entero-epitelial (sexuado). São hospedeiros definitivos e eliminam oocistos não esporulados nas fezes, que dentro de um período de 7 dias e em condições ambientais favoráveis tornam-se infectantes, esta é a forma evolutiva mais resistente do parasito. Durante a eliminação podem conter em torno de 10 milhões de oocistos, nas fezes. Por volta de duas semanas pós-infecção, os felídeos começam a desenvolver imunidade e com isso a taxa de multiplicação do parasito diminui.
Em humanos imunocompetentes a infecção por Toxoplasma gondii ocorre de forma sutil, muitas vezes sem presença de sintomatologia, no entanto em imunocomprometidos, tais como indivíduos transplantados, aidéticos e em quimioterapia a doença pode ser fatal. As gestantes ao se infectarem pela primeira vez, podem transmitir a doença ao feto causando prejuízos que vão de aborto a malformações como: calcificação cerebral, hidrocefalia, retardo mental e lesões oculares com perda parcial ou total da visão ou se a criança for infectada no final da gestação, ela pode nascer assintomática, mas desenvolver sequelas ao longo da vida, principalmente a forma ocular.
A infecção no homem pode ocorrer através do consumo de carnes cruas ou insuficientemente cozidas contendo cistos teciduais; ingestão de alimentos mal lavados ou água contaminada com oocistos esporulados; via transplacentária; penetração ativa do T. gondii nas mucosas ocular e orofaríngea; além disso, não menos frequente através de transplante de órgãos.
Possuir gatos não é uma condição para ter toxoplasmose, porque além do animal ser higiênico ele não elimina constantemente os oocistos, e podem nem eliminar, ainda mais em uma sociedade moderna na qual o gato não caça para se alimentar e não ingere carne crua.
Medidas importantes de prevenção compreendem em lavar bem as mãos após o manuseio de carnes; se possível, usar luvas para a manipulação de terra ou areia; beber apenas água tratada e filtrada; comer somente carnes bem cozidas, realizar a limpeza das caixas higiênicas dos felinos diariamente. Seguindo esses cuidados, não há impedimento para que imunocomprometidos e gestantes possuam gatos, pelo contrário, o convívio com esses animais relaxa, desestressa e faz bem ao coração.
Principais referências
Dubey J P. Toxoplasmosis of animals and humans. 2 ed. Boca Raton: CRC Press, 2010.
DUBEY, J.P. Toxoplasma, Hammondia, Besnoitia, Sarcocystis and others tissue cyst- forming coccidia of man and animals. In: KREIER, J.P. Parasitic Protozoa. New York; Academic Press. v. 3, p. 101, 1977.
FOULON, W.; NAESSENS, A.; DERDE, M. P. Evaluation of the possibilities for preventing congenital toxoplasmosis. American Journal of Perinatology, v. 11, p. 57-62, 1994.
Lappin M R. Segredo em Medicina Interna de Felinos, Porto Alegre: Armed, 2004.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Fernanda Pinto Ferreira
Formada no curso de Medicina Veterinária pela Universidade Estadual de Londrina. Pós graduada no curso de Residente em Zoonoses e Saúde Pública e mestranda no Curso de Ciência Animal pela Universidade Estadual de Londrina.
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