Tipos de alimentos para animais de companhia: alimentos caseiros ou comerciais?

Alimentos caseiros muitas vezes são chamados de
Alimentos caseiros muitas vezes são chamados de "dietas naturais"

Veterinária

04/06/2015

Nos últimos anos, os animais de companhia ganharam novo status perante a sociedade e hoje são considerados como membros da família por muitos proprietários. Neste sentido, nada mais natural que as pessoas desejassem fornecer para seus cães e gatos aquilo que eles mesmos consomem no dia a dia. Entretanto, cuidado! Alguns pontos devem ser considerados antes de fornecermos qualquer alimento para os animais.


O principal ponto que devemos ter em mente é que alimentos caseiros não são restos de mesa (sobras de nossas refeições) e o preparo de alimentos específicos para animais de companhia é diferente do que preparamos para humanos.


Alimentos caseiros são dietas formuladas por especialistas (Zootecnistas ou Veterinários que tenham conhecimento em nutrição) a partir de ingredientes disponíveis para o proprietário. Estes alimentos, quando formulados por profissionais qualificados, podem fornecer todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento, saúde e qualidade de vida dos animais tanto quanto um alimento comercial.


Os alimentos caseiros muitas vezes são chamados de “dietas naturais” e devido a isso tem gerado interpretações errôneas por alguns profissionais e proprietários. A alimentação "natural" não difere da alimentação caseira, na realidade, são nomenclaturas diferentes para definir o mesmo tipo de dieta. Outros alimentos encontrados no mercado que têm gerado confusão ao consumidor são os alimentos intitulados orgânicos! Estes alimentos também são alimentos caseiros “naturais”, no entanto, para serem considerados como alimentos orgânicos, sua fórmula deve conter mais de 95% dos ingredientes certificados como orgânicos. Ainda, pode ser encontrado no mercado alimentos com a descrição “contém ingredientes orgânicos”, desde que mais de 70% dos ingredientes possuam certificado de orgânico.


Os alimentos caseiros geralmente são recomendados para animais que têm “apetite caprichoso”, ou seja, aqueles que não se adaptaram bem as dietas secas e não consomem de forma alguma os alimentos comerciais. Este tipo de alimento também é recomendado para animais que possuem hipersensibilidade alimentar (alergia a algum componente da dieta, geralmente proteínas com peso molecular acima de 20.000 Dalton) comprovada em testes laboratoriais. Os alimentos caseiros podem ser mais atrativos e palatáveis para os animais, pois possuem aromas, sabores e texturas que despertam maior interesse ao animal. Por outro lado, geralmente são mais caros, difíceis de armazenar e exigem maior controle biológico para evitar contaminações.


No Brasil, os alimentos comerciais são regulamentados e classificados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) através da instrução normativa 30 (IN 30, 2009). Os alimentos são classificados em 4 categorias: alimentos completos e balanceados; alimentos coadjuvantes; alimentos específicos e produtos mastigáveis, definidos da seguinte forma:

• Alimento completo: é um produto composto por ingredientes ou matérias -primas e aditivos destinado exclusivamente à alimentação de animais de companhia, capaz de atender integralmente suas exigências nutricionais, podendo possuir propriedades específicas ou funcionais;


• Alimento coadjuvante:
é um produto composto por ingredientes ou matérias primas ou aditivos destinado exclusivamente à alimentação de animais de companhia com distúrbios fisiológicos ou metabólicos, capaz de atender integralmente suas exigências nutricionais específicas, cuja formulação é incondicionalmente privada de qualquer agente farmacológico ativo;


• Alimento específico
: é um produto composto por ingredientes ou matérias -primas ou aditivos destinado exclusivamente à alimentação de animais de companhia com finalidade de agrado, prêmio ou recompensa e que não se caracteriza como alimento completo, podendo possuir propriedades específicas.


• Produto mastigável: é um produto à base de subprodutos de origem animal, podendo conter ingredientes de origem vegetal, destinado exclusivamente aos animais de companhia, com objetivo de diversão ou agrado, com valor nutricional desprezível;

Embora a classificação seja regulamentada pelo MAPA, os fabricantes de alimentos para animais de companhia seguem a nomenclatura proposta pela a Associação Brasileira de Indústria de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET) que classifica os alimentos em: econômicos, standard, premium e super premium. Todos estes alimentos são completos e balanceados e devem estar de acordo com as exigências do MAPA que é baseado nas recomendações da Association of American Feed Control Official (AAFCO, 2008) e do National Research Council (NRC, 2006). Obviamente, quanto melhor a qualidade do alimento, melhor será o aproveitamento dos nutrientes (digestibilidade) pelos animais e maiores serão os benefícios para saúde e qualidade de vida dos animais (saúde oral, intestinal, das articulações, qualidade do pelo, etc). Consecutivamente, o custo por estes alimentos será maior.


Tendo em vista a grande variedade de produtos disponíveis no mercado para o proprietário, logo surge a dúvida – Qual é o melhor alimento para o meu pet? Devo fornecer um alimento comercial ou uma dieta caseira? Por mais frustrante que seja, não há uma resposta única. A alimentação do animal dependerá de fatores como: espécie (cães ou gatos), estágio fisiológico (filhotes, adultos, sênior, gestantes e lactantes), nível de atividade (leve, moderada e pesada), ambiente e status de saúde (obeso, alérgico, problemas renais, entre outros). Geralmente o consumidor se baseia nos níveis de garantia para escolher o alimento. Entretanto, muito cuidado! Os níveis de garantia nada mais são do que MÉDIAS nutricionais estabelecidas pela empresa e são expostas em valores brutos, não demonstram a digestibilidade (quanto o animal aproveitará do alimento) e nem a qualidade dos ingredientes utilizados.


O ponto principal a ser observado é o valor de energia metabolizável (presente somente em alimentos premium especial e super premium), pois será a partir deste valor que será calculada a quantidade ideal de alimento a ser fornecida diariamente ao animal. Quando a energia metabolizável não estiver disponível na embalagem do alimento (dietas econômicas, standard e premium não são obrigadas a expor esta informação) será necessário calcula-la e a orientação de um Zootecnista ou um Veterinário será necessária. Para os alimentos caseiros a orientação destes profissionais é ainda mais necessária para garantir o fornecimento de todos os nutrientes essenciais para os animais.




Referência bibliográfica

Association of American Feed Control Officials (AAFCO). Official publication. AAFCO, Atlanta, GA, 2008.


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) – Instrução Normativa no 30 de 2009. Sistema de Consulta a Legislação. 2009


National Research Council (NRC). Nutrient requirements of dogs and cats. Natl. Acad. Press, Washington, DC, 2006.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Gabriel Faria Estivallet Pacheco

por Gabriel Faria Estivallet Pacheco

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