IDADE DE COBERTURA E ESTÍMULO AO ESTRO EM LEITOAS DE REPOSIÇÃO

Manejar é a melhor forma para obter qualidade de reposição.
Manejar é a melhor forma para obter qualidade de reposição.

Veterinária

13/11/2015

A suinocultura no Brasil apresenta uma cadeia consolidada e com mercado em grande crescimento. Um dos motivos para esta cadeia ter se fixado e evoluído, foi devido ao grande incremento tecnológico nas granjas, principalmente em Unidades Produtoras de Leitões (UPL) e Unidades Produtoras de Matrizes, também conhecidos como granjas de “Avós” (UPM).

Pode-se destacar as UPL e UPM como criações suinícolas mais tecnológicas, pois são destas criações que ocorrem as maiores movimentações de dinheiro, e são os locais que necessitam de maior tecnologia, devido à complexidade do manejo.

Enquanto um galpão que trabalha com terminação de suínos necessita de poucos funcionários com mão de obra voltada mais para limpeza do local e arraçoamento dos animais, em uma UPL ou UPM você necessita de uma instalação de estrutura mais complexa, tais como: Galpão para leitoas de reposição, gestação, maternidade, e creche.

Um dos setores dentro das Granjas de reprodutoras que mais deixa a desejar é o manejo com as leitoas de reposição, que na maioria das vezes não é fiscalizado pelo responsável do setor, onde as leitoas acabam passando despercebidas dentro das granjas, por consequência disso o cio detectado em período avançado, desta forma gerando perdas, pois aumentam ao dias não produtivos das fêmeas.

Segundo FOXCROFT (2002), a recomendação da primeira cobertura pode considerar o número de estros, idade, peso e a quantidade de reservas corporais da fêmea. Sendo assim difícil interpretar de forma independente os dados relativos ao real efeito da idade, peso, espessura de toucinho e número de cios sobre a longevidade e a produtividade das fêmeas, uma vez que estas variáveis estão correlacionadas e mudam conjuntamente.

O peso e a condição corporal sempre irão afetar o desempenho da fêmea e não há nenhuma evidência que especifique uma idade ou estro para a primeira inseminação, que por si só, forneçam qualquer vantagem econômica, sendo o peso corporal adequado, ao invés do estro deve ser a consideração mais importante, desde que a inseminação não seja realizada no primeiro ciclo estral, pois resulta em menor taxa de parto e menor tamanho da leitegada (KUMMER et al., 2005).

Estudo realizado por WILLIAMS et al. (2005) demonstrou que as leitoas devem ser inseminadas com um peso mínimo de 135 kg e máximo de 150 kg, e que a espessura de toucinho não influencia no número de leitões nascidos vivos.

Estudos realizados por KUMMER et al. (2005) demonstram que leitoas cobertas no estro puberal apresentam menor sobrevivência embrionária, redução da taxa de parto e do tamanho da leitegada, quando comparada com fêmeas cobertas no 2º e 3º cio.

Uma das hipóteses que justificam a queda no desempenho reprodutivo das leitoas é a maior liberação de oócitos com anormalidades, o que poderia provocar uma deficiência no desenvolvimento dos embriões, e além disso o ambiente uterino pode não estar devidamente preparado pra uma gestação (ARCHIBONG et al., 1992). Outra hipótese citada por JINDAL et al. (1996) é de que leitoas inseminadas no estro puberal apresentam menor leitegada, devido a um menor número médio de ovulações, que além de ser responsável pela menor leitegada, também faz com que ocorra menor produção de corpos lúteos, responsável pela menor produção de progesterona, acometendo assim a sobrevivência embrionária, pois altos níveis de progesterona na fase precoce da gestação estão correlacionados positivamente com maiores índices de sobrevivência embrionária.

As leitoas devem ser estimuladas diariamente por um curto período de tempo a entrarem em cio, um dos estímulos que devem ser utilizados desde a chegada das leitoas de reposição na propriedade é o contato das leitoas com o cachaço, a fim de estimular as que não demonstraram cio e detectar as que estão em cio, assim podendo acompanhar o desempenho reprodutivo e o momento certo da cobertura.

Segundo SCHEID & WENTZ (1993), o contato das leitoas de reposição com o macho inteiro é um método prático que gera ótimos resultados, pois é uma combinação de estímulo visual, olfativo e auditivo (sons) resultantes do contato físico com o macho, atuando de forma positiva no aparecimento do 1º cio das leitoas.

De acordo com SCHIED & WENTZ (1993) o transporte também acarreta o aparecimento do cio em leitoas com 6 meses de idade, aproximadamente 20 a 25% entram em cio após esta prática, provavelmente decorrente do estresse a que são submetidas. Mas segundo o mesmo autor, este estímulo de transporte, quando aplicado a animais mais jovens não surte o mesmo efeito

Nos dias atuais, este não é um método muito utilizado, devido ao fato que aos seis meses de idade, a grande maioria das fêmeas já demostram o primeiro cio, além de que este manejo requer grande mão de obra e expõe as leitoas aos riscos de um transporte.

O manejo realizado com frequência em leitoas de reposição que não demonstram o 1º cio devem ser feitos com a aplicação de gonadotrofinas, hormônios que agem sobre os ovários. Segundo SCHEID & WENTZ (1993), a aplicação de gonadotrofinas é altamente eficaz na indução precoce da puberdade, e o uso deste hormônio aos 160 dias de idade mostra que 90 % dos animais respondem com sinais de cio 4 a 5 dias após a aplicação, mantendo ciclicidade normal e apresentando taxa de ovulação no 3º cio similar à de leitoas com puberdade espontânea.

Todo o manejo que gere estresse nas leitoas pode induzir o aparecimento do cio, mas alguns cuidados devem ser tomados, principalmente quando é adotada a prática de manejos mais rígidos, como a mistura de lotes.

Quando realizada a mistura de lotes deve-se mesclar de forma igualitária as fêmeas e com condição corporal e tamanho semelhante, deve-se também providenciar uma baia de tamanho maior para que não ocorram mortes decorrentes de brigas por aglomerações e hierarquia. Também um funcionário deve estar sempre atento para separar as brigas até se estabelecer uma hierarquia dentro do lote de leitoas.

 

CONCLUSÃO

O manejo com leitoas de reposição é de grande importância dentro de UPM e UPL, refletindo de forma direta na entrega no produto final, que são os leitões entregues.

Manejo incorreto e falhas na detecção do cio, deixam as leitoas com uma grande quantidade de dias não produtivos, decorrentes da não detecção do cio e a cobertura tardia.

Ao entrar menos leitoas de reposição na gestação em comparação com os descartes realizados na granja, proporciona diminuição do plantel e consequentemente menor produção de leitões, uma situação que pode gerar um impacto econômico negativo dentro da granja, principalmente quando se tratar de pequenos produtores.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FOXCROFT, G.R. Nutrição, crescimento e condicionamento de leitoas para a vida produtiva. IN. Congresso latino americano de suinocultura, 1., Foz do Iguaçu- PR. Anais. p. 14 – 24. 2002.

KUMMER, R. Importância do ganho de peso e estro de cobertura no desemprenho reprodutivo de leitoas. Tese de doutorado em ciência veterinárias – Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

WILLIAMS, N.; PATTERSON, J.; FOXCROFT, G. Non-negotiables in gilt development. Advances in Pork Production. V.16, p.1-9, 2005.

ARCHIBONG, A.E.; MAURER, R.R.; ENGLAND, D.C.; STORMSHAKE, F. Influence of sexual maturity of donor on in vivo survival of transferred porcine embryos. Biology of reproduction, v.47, p. 1026 – 1030, 1992.

JINDAL, R.; COSGROVE, J.R.; AHERNE, F.X.; FOXCROFT, G.R. Effect of nutritions on embryonic mortality is gilts: association whit progesterone. Journal of Animal Science. V.74, p.620-624, 1996. 

SCHEID, R.I.; WENTZ, I. A leitoa de reposição: manejo para antecipação da puberdade. Suinocultura Dinâmica. Periódico técnico informativo elaborado pela Embrapa-CNPSA. Ano II, Nº6, Fevereiro, 1993. 

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Sandro Cappelli

por Sandro Cappelli

Técnico em Agropecuária com Habilitação em Zootecnia pelo IFRS - Campus Bento Gonçalves (2010). Zootecnista formado pelo IFRS - Campus Sertão (2015). Desenvolveu pesquisas e possui conhecimento nas seguintes áreas: Nutrição de cães e gatos; Análises bromatológicas; Reprodução animal (biotecnologia). Além de participar de dezenas de eventos na área de Zootecnia, Agronegócio e Medicina Veterinária.

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