CHOCOLATE: UM ALIMENTO QUE NÃO COMBINA COM CÃES

Veterinária

25/11/2015

Com o passar dos anos, houve uma grande proximidade das pessoas com os cães, onde muitos passaram dos pátios para dentro das residências. A partir desta mudança, os cães começaram a ser tratados como membros das famílias, adentrando na rotina familiar, sem distinção alguma.

O problema não está em os cães dividirem o convívio com as famílias, pois isto é algo saudável pelos seguintes aspectos: são ótimos para crianças; afloram sentimentos; ótimos companheiros e muitas vezes substituem até filhos para casais que não desejam ou não podem ter crianças.

O problema é que as famílias acabam criando os cães de uma forma errada, e a partir desta aproximação, o quesito onde ocorrem as maiores falhas é na questão alimentar, passando a nutrir os cães como pessoas.

Fornecer alimentos preparados para as pessoas, guloseimas e restos alimentares pode se tornar um perigo para a saúde do cãozinho. Estes alimentos muitas vezes possuem carga nutricional desconhecida, ou substâncias que podem fazer mal para seu animal, alguns podendo ser até fatais.

Quando trata-se de guloseimas, os chocolates são os mais fornecidos para os cães, pois possuem uma boa palatabilidade, e facilmente são encontrados nas casas, e além disso entram na produção de diversos outros produtos alimentícios, tais como: balas, bolos, bombons e biscoitos.

O chocolate é um dos alimentos que possuem maior capacidade de intoxicar seu cãozinho, mesmo assim, alguns donos por falta de conhecimento sobre o assunto, acabam fornecendo na forma de petisco para o cão. Por mais que seja um alimento apetitoso e que muitos donos oferecem para agradar o cão, ao mesmo tempo pode gerar um quadro de intoxicação.

Além de possuírem grande quantidade de carboidratos e lipídio que podem levar seu animal a obesidade, possuem também em sua composição metilxantinas. As mais conhecidas são a teobromina e a cafeína.

Segundo SAMPAIO et al (2010) as metilxantinas são as maiores causadoras de intoxicações nos cães, e a quantidade de teobromina varia de acordo com o tipo de chocolate. Desta forma, quanto mais escuro for a coloração do chocolate, mais cacau ele possui e consequentemente maior quantidade de teobromina (DOLCE CANE 2006). Consequentemente, é muito mais fácil ocorrer um quadro de intoxicação em um cão que ingerir um chocolate preto amargo, do que um chocolate branco.

Grandes ingestões podem acarretar casos clínicos de intoxicação severa, ocasionando: relaxamento dos músculos lisos, principalmente da bexiga; estímulo do coração, aumento da contratibilidade miocárdia e taquiarritimias; estímulo do SNC; tremores; ataques convulsivos; aumento da resistência vascular cerebral (GORNIAK & SPINOSA, 2003). O quadro clínico é extremamente perigoso, podendo se agravar em animais que já estejam debilitados, levando em poucas horas ao óbito (SAMPAIO et al., 2010).

Além da teobromina, o cacau empregado na produção do chocolate possui cafeína, que é altamente tóxica para os cães, pois pode ser mortal e não possui antídotos. Os sintomas de intoxicação por cafeína são: agitação, respiração acelerada, palpitações, tremores musculares, sangramentos, convulsões e em casos mais extremos pode levar ao óbito.

Nunca deve-se fornecer chocolate produzido para humanos para os cães, existem produtos similares no mercado pet food que podem ser adquiridos. Hoje em dia já existem chocolates produzidos sem metilxantinas,  podendo ser consumidos pelos cães sem causar quadros de intoxicação, tornando-se uma alternativa aos donos que gostam de fornecer esta guloseima para o animal.

 

Bibliografia consultada

 

SAMPAIO, A.B.; DELLA FLORA, A.M.V.; ROSSATO, C.K. Intoxicação por chocolate em cães. Seminário interinstitucional de ensino, pesquisa e extensão. Unicruz, 2010.

DOLCE CANE. Disponível em <www.cãocorso.com.br/orelhas> . Acesso: 18/10/2015. Ano: 2006.

GORNIAK, S.L.; SPINOSA,H.S., Farmacologia Veterinária: Considerações sobre farmacocinética que contribuem para explicar as diferenças de respostas observadas entre espécies animais. Revista CFMV, Ano IX, n.30.,setembro a dezembro, 2003.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Sandro Cappelli

por Sandro Cappelli

Técnico em Agropecuária com Habilitação em Zootecnia pelo IFRS - Campus Bento Gonçalves (2010). Zootecnista formado pelo IFRS - Campus Sertão (2015). Desenvolveu pesquisas e possui conhecimento nas seguintes áreas: Nutrição de cães e gatos; Análises bromatológicas; Reprodução animal (biotecnologia). Além de participar de dezenas de eventos na área de Zootecnia, Agronegócio e Medicina Veterinária.

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