18/11/2008
NO BRASIL
Com a chegada da família real ao Brasil, em 1808, nossa cultura científica e literária recebeu novo alento, pois até então não havia bibliotecas, imprensa e ensino superior no Brasil Colônia.
São fundadas, inicialmente, as Faculdades de Medicina (1815), Direito (1827) e a de Engenharia Politécnica (1874).
Quanto ao ensino das Ciências Agrárias, seu interesse só foi despertado quando o Imperador D. Pedro II, ao viajar para França, em 1875, visitou a Escola Veterinária de Alfort, impressionou-se com uma Conferência ministrada pelo Veterinário e Fisiologista Collin. Ao regressar ao Brasil, tentou propiciar condições para a criação de entidade semelhante no País.
Entretanto, somente no início deste século, já sob regime republicano, nossas autoridades decretaram a criação das duas primeiras instituições de ensino de Veterinária no Brasil, a Escola de Veterinária do Exército, pelo Dec. nº 2.232, de 06 de janeiro de 1910 (aberta em 17/07/1914), e a Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, através do Dec. nº 8.919 de 20/10/1910 (aberta em 04/07/1913), ambas na cidade do Rio de Janeiro.
Em 1911, em Olinda, Pernambuco, a Congregação Beneditina Brasileira do Mosteiro de São Bento, através do Abade D. Pedro Roeser, sugere a criação de uma instituição destinada ao ensino das ciências agrárias, ou seja, Agronomia e Veterinária. As escolas teriam como padrão de ensino as clássicas escolas agrícolas da Alemanha, as "Landwirschaf Hochschule".
No dia 1º de julho de 1914, eram inaugurados, oficialmente, os curso de Agronomia e Veterinária. Todavia, por ocasião da realização da terceira sessão da Congregação, em 15/12/1913, ou seja antes da abertura oficial do curso de Medicina Veterinária, um Farmacêutico formado pela Faculdade de Medicina e Farmácia da Bahia solicitava matrícula no curso de Veterinária, na condição de "portador de outro diploma do curso superior". A Congregação, acatando a solicitação do postulante, além de aceitar dispensa das matérias já cursadas indica um professor particular, para lhe transmitir os conhecimentos necessários para a obtenção do diploma antes dos (quatro) anos regimentares. Assim, no dia 13/11/1915, durante a 24ª sessão da Congregação, recebia o grau de Médico Veterinário o senhor DIONYSIO MEILLI, primeiro Médico Veterinário formado e diplomado no Brasil.
Desde o início de suas atividades até o ano de 1925, foram diplomados 24 Veterinários. Em 29 de janeiro, após 13 anos de funcionamento, a Escola foi fechada por ordem do Abade D. Pedro Roeser.
A primeira mulher diplomada em Medicina Veterinária no Brasil foi a DRA. NAIR EUGENIA LOBO, na turma de 1929 pela Escola Superior de Agricultura e Veterinária, hoje Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
No Brasil, os primeiros trabalhos científicos abrangendo a patologia comparada (animal e humana) foram realizados pelo Capitão-Médico JOÃO MONIZ BARRETO DE ARAGÃO, fundador da Escola de Veterinária do Exército, em 1917, no Rio de Janeiro, e cognominado PATRONO DA VETERINÁRIA MILITAR BRASILEIRA, cuja comemoração se dá no dia 17 de junho, data oficial de inauguração da Escola de Veterinária do Exército (17/06/1914).
(Informações extraídas de artigos do Médico Veterinário e Historiador Percy Infante Hatschbach)
CONSELHOS
Desde 1917, data de formatura da primeira turma de Veterinária, até 1932, não havia nenhuma regulamentação sobre o exercício da Medicina Veterinária.
Somente a partir de "09 DE SETEMBRO DE 1933", através do Dec. nº 23.133, do então Presidente da República Getúlio Vargas, é que as condições e os campos de atuação do Médico Veterinário foram normatizadas, conferindo-se privatividade para a organização, a direção e a execução do ensino Veterinário, para os serviços referentes à Defesa Sanitária Animal, Inspeção dos estabelecimentos industriais de produtos de origem animal, hospitais e policlínicas veterinárias, para organizações de congressos e representação oficial e peritagem em questões judiciais que envolvessem apreciação sobre os estados dos animais, dentre outras.
Para o exercício profissional tornou-se obrigatório o registro do diploma, que passou, a partir de 1940, a ser feito na Superintendência do Ensino Agrícola e Veterinário do Ministério da Agricultura, órgão igualmente responsável pela fiscalização do exercício profissional. O decreto representou um marco indelével na evolução da Medicina Veterinária, cumprindo sua missão por mais de tres décadas, e em seu reconhecimento é que a data de sua publicação, 09 de setembro, foi escolhida para se comemorar o "DIA DO MÉDICO VETERINÁRIO BRASILEIRO".
Em 23 de outubro de 1968, entra em vigor a Lei 5.517, de autoria do então Deputado Federal Dr. SADI COUBE BOGADO, que dispõe sobre o exercício da profissão do Médico Veterinário e cria os Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária, transferindo para a própria classe a função fiscalizadora do exercício profissional, vez que o Governo sempre se mostrou inoperante nessa atividade.
A primeira Diretoria do Conselho Federal de Medicina Veterinária foi empossada em 1969, composta pelos seguintes Médicos Veterinários: Presidente : Ivo Toturella; Vice-Presidente: Stoessel Guimarães Alves; Secretário-Geral: Hélio Lobato Valle e Tesoureiro: Raimundo Cardoso Nogueira.
Dos Conselhos Regionais, através da Resolução nº 05/69, foram criados os do RS, SC, PR, SP, RJ, MG, GO, MT, BA, PE, PB, CE e PA/AP. A primeira Diretoria empossada, foi a do CRMV-RS, em 1º de setembro 1969, e a última foi do CRMV-TO, criado através da Resolução nº 551/89.
OUTROS DADOS HISTÓRICOS
A palavra "Veterinário" não existia no vocabulário da língua inglesa até 1748, quando, então, foi traduzido o livro de "Vegesius Renatus", romano do século V a.D., que escreveu um tratado tendo por título "Artis Veterinariae". Os leigos que curavam os animais eram denominados de "ferers". Na idade Média chamavam-se de "ferrarius" as pessoas que forjavam e aplicavam as ferraduras nos eqüinos.
Até hoje a tão conhecida seringa hipodérmica nasceu da mente criativa e inovadora de um Médico Veterinário francês chamado TABOURIN.
A Argentina foi o primeiro país sul-americano a criar uma Faculdade de Veterinária, no ano de 1883, na Universidade de La Plata, Buenos Aires.
A primeira Faculdade de Zootecnia no Brasil foi fundada em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, em 13 de maio de 1966. A regulamentação da jovem profissão foi feita em 1968. Atualmente, existem 21 estabelecimentos de ensino de Zootecnia em território nacional.
Ao se comemorar o cinqüentenário da primeira regulamentação da Medicina Veterinária no país (09 de setembro de 1933), decidiu o Conselho Federal de Medicina Veterinária fundar a ACADEMIA BRASILEIRA DE MEDICINA VETERINÁRIA, o que foi feito através da Resolução nº 424, de 9 de setembro de 1983, conforme competência que lhe reserva o artigo 16, letra "f", da Lei nº 64.704, de 17 de junho de 1967. Por meio dessa Resolução, ficou aprovado o anteprojeto do Estatuto da Academia, com passo inicial para seu funcionamento efetivo.
É inusitado o fato de que uma invenção que muito contribuiu para o futuro do automóvel, ou seja, o pneumático, tenha saído da mente criadora de um veterinário. Em 1889, J. B. DUNLOP, um cirurgião veterinário de Belfort, Escócia, nascido em 1840, e falecido em 1921 na cidade de Dublin, idealizou um pneu oco, no interior do qual era introduzido ar por meio de uma bomba especial. A partir desse protótipo, o invento mostrou-se extremamente útil e funcional, fazendo com que os automóveis da época, simples e desconfortáveis, aumentassem sua velocidade cerca de 4 km a mais por hora. Essas qualidades determinaram sua popularidade, tornando-se peça indispensável, substituindo os pneus maciços de borracha natural.
O serviço de Defesa Sanitária Animal do Ministério da Agricultura foi organizado em 1910 por um médico militar, Capitão Dr. João Moniz Barreto de Aragão, fundador da Escola Veterinária do Exército na cidade do Rio de Janeiro.
O 1º Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária foi realizado em 1922, tendo sido organizado e presidido pelo prof. Américo de Souza Braga, grande batalhador da profissão no Brasil. Foi, também, um dos fundadores da Faculdade Fluminense de Medicina Veterinária, situada em Niterói, Rio de Janeiro, sendo seu Diretor até sua morte, ocorrida em 9 de julho de 1947. Entre seus inúmeros trabalhos científicos destaca-se, pela repercussão internacional, o livro em quatro tomos intitulados Soros, Vacinas, Alérgenos e Imunógenos.
O Centro Pan-Americano de Febre Aftosa começa a aplicação experimental de vacinas bivalentes de vírus modificado na Colômbia e no Equador, e trivalentes (O.A.C) no Brasil. Inicia-se em nosso país a primeira fase da Campanha Nacional contra a Febre Aftosa, através do Rio Grande do Sul, em 1965.
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