USO RACIONAL DE CORTICÓIDES EM CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS

CORTICOTERAPIA EM MEDICINA VETERINARIA
CORTICOTERAPIA EM MEDICINA VETERINARIA

Veterinária

01/02/2016

USO RACIONAL DE CORTICÓIDES EM CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS

Por  Dr. Lucas Berger da Silva CRMV 15533

DATA 28/01/2016

            O uso indiscriminado de corticóides em animais vem crescendo, isto deve-se em parte pelo uso errôneo por médicos veterinários e por proprietários, que sem cautela lançam mão deste poderoso antiinflamatório, sem levar em conta os efeitos colaterais e sem ter em mente que seu uso em certos casos age apenas como um paliativo que trata os efeitos e não a causa da doença.

            Os corticóides são hormônios lipídicos derivados do colesterol que endogenamente são produzidos pelas glândulas supra renais ou adrenais, seus representantes são a hidrocortisona e a corticosterona, seu mecanismo de ação é o de interação com proteínas receptoras intracelulares especificas, que atuam regulando a expressão dos genes dos corticosteróides, fazendo com que ocorra alterações na disposição e nos níveis das proteínas sintetizadas pelos animais, por  possuir alta lipossolubilidade conseguem atravessar membranas celulares e se ligar a receptores situados no núcleo das células e posteriormente se distribui em todos tecidos fazendo uma modificação gênica, possui rápida absorção em pele, trato gastrointestinal, e mucosas, sua biotransformação ocorre via hepática e sua excreção ocorre principalmente pela urina e em menor quantidade nas fezes.

O cortisol endógeno é essencial para o organismo, pois possui vários efeitos benéficos, atuam tanto na homeostasia, quanto em processos metabólicos lipídicos, protéicos e de carboidratos, possuem mecanismo de controle da secreção de acido clorídrico, ação imonossupressora e antiinflamatória e são mantenedores da função muscular.

Quando utilizamos o cortisol exógeno via medicamentos, provocamos uma interferência na produção deste hormônio, promovendo uma atrofia das glândulas supra renais a logo prazo podendo muitas vezes ser até irreversível.

Em medicina veterinária utiliza-se a corticoterapia em animais com doenças auto imunes, respiratórias, gastrointestinais, articulares, alérgicas, traumas, edemas cerebroespinhais, insuficiência da adrenal, em doenças de pele e em protocolos antineoplasicos. Sua potente eficiência paliativa e sua aplicação clínica imensa e ampla; faz com que o uso irracional por parte de muitos profissionais e proprietários seja comum e cada vez mais divulgada de modo empírico, levando o aparecimento de pacientes com problemas relacionados ao uso indiscriminado desta medicação.

Dentre os efeitos colaterais, podemos destacar:

     - Letargia, fadiga e apatia

     - Alteração em massa muscular

     - Ação Hipergliceminante, predispondo o animal a Diabetes Mellitus

     - Ação imunossupressora tornando os animais mais propensos e suscetíveis as infecções

     - Diminui absorção de cálcio intestinal

     - Pode levar o animal a síndrome de Cushing

     - Promove alterações hematológicas e bioquímica sérica

     - Induz a cios irregulares

     - Alopecia

     - Aumento da sede, apetite e quantidade de urina excretada

     - Diminui a síntese de colágeno, diminuindo a cicatrização

 

                Em geral esta classe famacologica é empregada: -quando se precisa de um antiinflamatório potente visto que sua ação é bem superior aos antiinflamatórios não esteroidais, agem inibindo os mediadores da cascata pró inflamatórios (A2 e COX2); - quando precisa-se de uma forte broncodilatação, inibem a formação de leucotrienos aumentando a sensibilidade de receptores betaadrenérgico e diminuindo a sensibilidade dos receptores muscarínicos M3 frente a acetilcolina; - quando se necessita de um bom efeito anti alérgico, faz com que sua ação iniba a liberação de histamina dos mastócitos.

            Quando se optar pelo uso, este deve ser racional e cauteloso, em casos de tratamentos prolongados (mais de 15 dias) deve-se optar por utilizar a menor dose possível, e espaçar o maximo os intervalos, entre doses, preferir medicamentos orais, e os que possuem sua metabolização em 24 horas, pois com isso espera-se um efeito menos danoso sobre a produção de cortisol endógeno, liberando o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal para ele produza sua própria cortisona, e quando chagar o termino do tratamento fazer este de forma gradual e lenta chamada de desmame a fim de se evitar os sintomas do hipocortisolismo. É contra-indicados em casos de gravidez, ulceras estomacais, osteoporoses, tuberculoses, pós-cirurgias.

            O corticóide é um importante aliado na terapêutica de pequenos animais, frente ao que foi exposto, os médicos veterinários devem tomar alguns cuidados, pois embora a efetividade seja uma boa realidade os efeitos colaterais são danosos, e sempre que optar pelo uso o acompanhamentos deve ser constante até melhora do paciente.  

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Lucas Berger da Silva

por Lucas Berger da Silva

-Graduado em Medicina Veterinária -Pós graduado e Especialista em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais -Membro Efetivo Sociedade de Médicos Veterinários do Brasil -Membro Efetivo Sociedade de Cirurgiões Veterinários do Brasil -Colunista Portal da Educação -Atua como cirurgião e clinico da clinica veterinária Agropet Silva

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