27/02/2016
A BVD é causada por um Pestivirus da família Flaviviridae. São constituídos de dois biótipos; um não citopático e outro citopático. Os animais que podem adquirir a doença são os bovinos, ovinos, caprinos, suínos, coelhos, búfalos, alces, lhamas e alpacas. Os possíveis reservatórios são os ovinos, caprinos e suínos (RADOSTITS et al., 2002; BRUM et al., 2004).
Os vírus NCP constituem a maioria dos isolados de campo, e estão associados com as diversas manifestações clínicas da infecção, inclusive a geração de bezerros persistentemente infectados. Por outro lado, os vírus CP estão presentes quase que exclusivamente em casos da doença das mucosas (DM). Tem sido demonstrado que os vírus CP se originam dos vírus NCP nos animais PI, por meio de mutações ou recombinações no genoma (BOTTON, 1998)
O BVDV ocorre na maioria das regiões do mundo (POTGIETER, 2004), e a prevalência de animais portadores de anticorpos situa-se entre 60% e 90% (BROWNLIE, 1990).
A BVD é transmitida por inoculação oral ou parenteral de material obtido de animais infectados. Em condições naturais a disseminação da doença ocorre por contato direto ou indireto (BLOOD; HENDERSON; RADOSTITS, 1983).
O maior problema da infecção está diretamente ligado a grandes perdas reprodutivas sofridas pelos bovinos, dependendo da fase gestacional e do genótipo viral. Caso as fêmeas entrem em contato com o vírus entre os dias 40 e 120 de gestação, e se infectaram especificamente com amostras de vírus NCP, haverá infecção fetal, pois o vírus possui predileção por células em divisão com o subsequente nascimento de bezerros imunotolerantes ou persistentemente infectados (PI) (BROWNLIE, 1990; MOENNIG e LIESS, 1995)
Se a infecção ocorrer aproximadamente depois dos 4 meses de gestação, normalmente resulta numa infecção fetal transitória, com o desenvolvimento de uma resposta imune por parte do feto, havendo uma produção de anticorpos específica e eliminação do vírus. (ANDERSON, 2007).
Os animais PI constituem no ponto central na epidemiologia da infecção pelo BVDV pelos seguintes motivos: são muitas vezes saudáveis; não são facilmente identificáveis por não serem reagentes, representam fontes contínuas e abundantes de vírus para outros animais, eliminam grandes quantidades de vírus em secreções e excreções e fêmeas PI produzem bezerros PI (DONIS, 1989).
Segundo LAZZARI & BARTHOLOMEI (2008), o diagnóstico deve ser baseado nos dados epidemiológicos, observações clínicas e isolamento do agente.
Para o imunodiagnóstico da BVD vários métodos podem ser aplicados, porém os mais utilizados são o ELISA e a virusneutralização (VN) que é o teste padrão mais usado para determinar a ocorrência do BVDV por meio da mensuração dos anticorpos pelo soro dos animais, possui a facilidade de testar um grande número de amostras, porém necessita de um cultivo celular (RADOSTITS et al., 2002)
Medidas de controle e erradicação contra a BVD devem ser realizadas por um profissional responsável pela sanidade do rebanho, podendo constituir da vacinação de todo o lote de animais, detecção dos animais PI, seguida por eliminação destes e um adequado programa de biossegurança na propriedade (HIRSCH & FIGUEIREDO, 2006).
A vacinação contra o BVDV deve ser utilizada para proteger animais da doença clínica, reduzir a circulação do vírus e para tentar impedir a infecção fetal, com consequente produção de vitelos PI. Assim, a vacinação de fêmeas gestantes semanas antes do parto estimula a imunidade materna a fornecer proteção ao vitelo por imunidade passiva, especialmente nos dois primeiros trimestres, correspondendo ao período em que o feto está mais susceptível aos efeitos do vírus (FULTON, 2005).
A garantia de controle do agente na propriedade depende de diversos fatores, que incluem primeiramente a identificação do mesmo, capacidade de implementação do programa na propriedade, tipo de criação, manejo, etc. Portanto, o programa de controle do vírus da BVD é ímpar para cada situação e localidade, não havendo padronização.
Referências Bibliográficas
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BOTTON, S.A; GIL, L. H.V.G.; SILVA, A. M. DA; FLORES, E.F.; WEIBLEN, R.; PITUCO, E. M.; ROEHE, P.M.; MOOJEN, V.; WENDELSTEIN, A.C.. Caracterização preliminar de amostras do vírus da diarreia viral bovina (BVDV isoladas no Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira. Rio de Janeiro, v.18, n.2. abr/jun.1998.
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HIRSCH, C.; FIGUEIREDO, H. C. P. Diarreia bovina a vírus/ doenças das mucosas e rinotraqueíte infecciosa bovina. In: Doenças transmissíveis na Reprodução de Bovinos. Lavras: UFLA/FAEPE, 2006, 66p.
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RADOSTITS, O. M.; BLOOD, D. C.; GAY, C. C.; HINCHCLIFF, D. C. Clínica veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e eqüinos. 9a ed. 2002.1737p.
ROSS, J. Diagnosis of natural exposure to bovine viral diarrhea in a vaccinated heard by measuring extended antibody titers against bovine viral diarrhea virus. Canadian Veterinary Journal, v. 44, p. 59-61, 2003.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
Médico Veterinário, com formação pela Universidade da Região da Campanha (URCAMP). Colaborador em projetos de pesquisa do Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF) - Fepagro - UFRGS/ Eldorado do Sul-RS. Pós-graduado em Vigilância Sanitária pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER) - Curitiba/PR. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4350710H0
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