01/03/2016
Derivado do latim, a palavra “ostéon” significa osso, enquanto “logia”, significa estudo. Dessa forma, de uma maneira geral, osteologia é o estudo dos ossos. O osso é uma estrutura dura e sólida que forma o arcabouço dos animais vertebrados. É formado por matéria orgânica e inorgânica, na proporção de 1:2. A matéria orgânica é representada principalmente pelo colágeno e confere elasticidade e flexibilidade, enquanto a matéria inorgânica proporciona dureza ao tecido ósseo e é representada por minerais como cálcio e fósforo. O conjunto de osso forma o esqueleto.
O esqueleto é uma armação de ossos, cartilagens e ligamentos que suporta e protege os tecidos moles do corpo. Tem como principais funções:
- Sustentação e conformação do corpo;
- Proteção de partes moles;
- Sistema de alavancas que, movimentado pelos músculos, permite a movimentação e o deslocamento do corpo;
- Armazenamento de minerais como cálcio e fósforo, contribuindo consequentemente para manutenção da homeostase mineral;
- Hematopoiese.
O esqueleto pode ser dividido em:
- Esqueleto axial: composto pelos ossos do crânio, coluna vertebral, costelas e esterno;
- Esqueleto apendicular: composto pelos ossos dos membros pélvicos e torácicos;
- Esqueleto visceral: que se desenvolve no parênquima de determinadas vísceras como, por exemplo, o osso peniano do cão e o osso cardíaco bovino.
- Cinturas: Une o esqueleto axial ao esqueleto apendicular. A cintura escapular une o membro torácico ao tronco, enquanto a cintura pélvica une o membro pélvico ao tronco.
Em relação à classificação, os ossos podem ser:
- Longos: Possuem comprimento maior do que a espessura e a largura. Apresenta um corpo (diáfise) e duas extremidades (epífises). No interior da diáfise existe o canal medular que contém medula óssea. Entre a epífise e a diáfise, encontra-se o disco epifisário ou cartilagem epifisal. Sua localização ocorre na porção de transição entre a epífise e a diáfise. A cartilagem epifisal se desenvolve, multiplica e posteriormente é substituída por tecido ósseo, permitindo o crescimento ósseo no comprimento. Com o avançar da idade, a cartilagem desaparece e o osso para de crescer. Como principais funções dos ossos longos têm-se: Servem de alavanca para locomoção e como elementos de sustentação. Como exemplos, temos; Úmero, fêmur, tíbia, rádio e ulna.
- Alongados: São ossos longos, com comprimento maior que a largura e espessura, porém achatados e sem canal medular. Exemplos: Costelas.
- Chatos: Ossos finos, cujo comprimento e largura predominam sobre a espessura. Tem como função principal, proteger os órgãos que cobrem. Devido sua grande superfície, servem como área de inserção para diversos músculos. Exemplos: Escápula e parietal.
- Curtos: Apresentam equivalência nas três dimensões. São ossos mais ou menos cúbicos. Tem como funções principais a proteção contra choque mecânico, redução da fricção de tendões, estabilização de tendões e ligamentos e aumento da força de alavancagem dos músculos e tendões.
- Irregulares: Não possuem forma geométrica definida, apresentando morfologia complexa. Exemplo: Vértebras.
- Pneumáticos: Ossos ocos, com cavidade interior preenchida por ar. As cavidades recebem o nome de sinus ou seios. Apresentam pequeno peso em relação ao volume e se localizam no crânio. Exemplos: Frontal, maxilar, temporal, palatino, etmoide e esfenoide.
- Sesamóides: Ossos intratendíneos ou periarticulares. Exemplos: Patela e fabela.
Os ossos são formados por dois tipos de tecido; O tecido ósseo compacto e o tecido ósseo esponjoso. Ambas as variedades aparecem quase sempre associados na mesma peça óssea. Assim, um osso longo apresenta epífises formadas por tecido ósseo esponjoso e a diáfise formada por tecido ósseo compacto. Nos ossos chatos, a parte externa é formada por tecido ósseo compacto, e a parte medular é formada por tecido ósseo esponjoso.
O tecido ósseo compacto é formado por finas laminas ósseas que se arranjam em formas de tubos concêntricos ao redor do canal central de Havers. Esses canais são encontrados em todo comprimento do osso, dispostos de maneira paralela ao canal medular. Se comunicam entre si por canais transversais, formando um sistema tubular denominado de sistema de Havers. Esses canais possuem vasos e nervos que irrigam e dão sensibilidade ao osso.
O tecido ósseo esponjoso possui um maior número de canais do que o tecido ósseo compacto, porém não apresentam canais de Havers. Este tecido consiste em delicadas lâminas ósseas e espículas, dispostas aleatoriamente, com espaços entre si. Esses espaços são preenchidos por medula óssea.
A medula óssea ocupa os espaços de ossos esponjosos, bem como a cavidade medular de ossos longos. Pode ser de três tipos:
- Medula óssea vermelha: Encontrada em animais jovens. É altamente vascularizada e tem função hematopoiética. Com o crescimento do animal vai adquirindo coloração mais clara (medula rosada).
- Medula óssea amarela: Encontrada em animais adultos. Adquire coloração amarelada devido infiltração adiposa. Possui capacidade hematopoiética latente.
- Medula óssea gelatinosa: Com o avançar da idade, as células adiposas encontradas na medula óssea amarela são alteradas, tornando-se amarelo-rósea com aparência gelatinosa.
Em relação às membranas conjuntivas e de revestimento dos ossos, têm-se:
- Periósteo: Membrana de tecido conjuntivo fibroso e muito resistente que envolve o osso em toda sua extensão, exceto nos pontos de articulação (revestido por cartilagem). Possui duas camadas; A externa, fibrosa e formada por tecido conjuntivo denso, com função protetora e pouca atividade celular. E a interna, formada por tecido conjuntivo frouxo, que possui células com capacidade osteogênica.
- Endósteo: Membrana conjuntiva delgada que reveste a superfície interna da cavidade medular dos ossos longos. Possui células com capacidade osteogênica, sendo de fundamental importância para o crescimento e a regeneração óssea.
A superfície dos ossos apresentam áreas irregulares com saliências e depressões. São os contornos e acidentes ósseos. Essas áreas, na maioria das vezes, servem como superfície de articulação com ossos vizinhos e/ou como pontos de inserção de tendões e ligamentos.
As saliências podem ser articulares ou não articulares. A articulares são relevos pelas quais determinadas peças ósseas se ligam às outras. São revestidas de cartilagem para favorecer o deslize articular. Exemplo: Côndilo e cabeça. As não articulares são relevos onde se ligam tendões e/ou músculos. Quando pouco destacadas e arredondadas, chamam-se protuberâncias e tuberosidades. Quando longas, recebem o nome de cristas e linhas. Podem ainda ser denominadas de epicôndilo, processo, trocanter, dentre outros.
Da mesma forma que as saliências, as depressões também podem ser articulares ou não articulares. As depressões articulares são cavidades pelas quais as peças ósseas se ligam às outras. São revestidas por cartilagem. Exemplo: Cóclea, cavidade, fóvea. As depressões não articulares servem para inserção muscular e permitem passagem a tendões, vasos sanguíneos e nervos. Exemplos: Ranhuras, sulcos e fendas.
Ainda como acidentes ósseos, cabem citar as aberturas; cavidades que atravessam a peça óssea de um lado a outro (ex: forame, conduto, canal) e as áreas lisas e planas, que são regiões ósseas que alojam e/ou inserem músculos (ex: tábula, ramo, asa).
Como componentes dos tecidos ósseos, temos as células ósseas e a matriz óssea. Existem três tipos de células ósseas. São elas:
- Osteócitos: São células maduras, derivadas dos osteoblastos. Em adultos, constituem o principal representante das células ósseas. Se localizam nas lacunas da matriz óssea e se caracterizam pela formação de prolongamentos celulares que permitem o compartilhamento de íons, nutrientes e fluidos extracelulares. São fundamentais na manutenção da integridade da matriz óssea.
- Osteoblastos: São células jovens provenientes de células osteoprogenitoras. Sintetizam a parte orgânica da matriz óssea (colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas). São células formadoras de ossos que atuam no crescimento e na reparação óssea.
- Osteoclastos: São células gigantes, multinucleadas, originadas pela fusão de monócitos provenientes da medula óssea. Possuem ação enzimática que atuam localmente, digerindo a matriz orgânica e dissolvendo os sais de cálcio. A principal enzima envolvida é a colagenase. Participam dos processos de absorção e remodelação dos ossos e funcionam melhor quando auxiliados pelos osteoblastos.
A matriz óssea fica localizada entre as células ósseas e é composta por 25% de água, 45% de substancia mineral (cálcio, fósforo, magnésio, potássio) e 30% de substância orgânica (colágeno proteoglicanos e glicoproteinas).
Em relação à osteogênese, o esqueleto embrionário primitivo é composto por cartilagem e tecido fibroso, sobre os quais se desenvolvem os ossos. A osteogênese é realizada essencialmente pelos osteoblastos. Existem dois tipos de ossificação:
- Ossificação intramembranosa: ocorre por transformação direta do tecido conjuntivo fibroso. As células tronco se transformam em osteoblastos. Esse processo é responsável pela formação dos ossos chatos do crânio, e contribui para o crescimento dos ossos longos, na espessura, e dos ossos curtos.
- Ossificação endocondral: Cresce sobre molde cartilaginoso. Responsável pela formação de ossos longos, curtos e irregulares. A cartilagem se mineraliza e é gradualmente substituída por tecido ósseo. Restará cartilagem apenas em dois locais; Nas cartilagens articulares (por toda vida) e nas cartilagens epifisárias (até final do crescimento).
Um tópico de grande importância na osteologia é a consolidação de fraturas. Esta ocorre em três fases. São elas:
- Fase inflamatória: Acontece logo após a fratura e dura de duas a três semanas. Ocorre formação de hematoma e liberação de fatores de crescimento, que permitirão a neovascularização, importante para formação do calo ósseo.
- Fase de reparo: ocorre proliferação de células do periósteo próximo a fratura. Essas células são precursoras de osteoblastos. OS osteoblastos depositam colágeno que se impregna de sais de cálcio, formando o osso primário.
- Fase de remodelação: O calo ósseo é reabsorvido e remodelado. Os osteoclastos removem o osso e os osteoblastos repõem, de maneira organizada.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
Médico Veterinário formado pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), mestre em Ciência Animal pela mesma instituição na área de Produção de Bovinos Leiteiros e especialista em Gestão em Agronegócio pela Universidade Católica Dom Bosco.
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