TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL

TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL
TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL

Veterinária

17/03/2016

TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL

 

Por Dr. Lucas Berger da Silva  CRMV 15533

DATA 08/03/2016

 

Também conhecido apenas como TVT, ou como tumor de Sticker, ou ainda linfossarcoma de Sticker (possui este nome, pois foi Sticker no ano de 1904 o primeiro a detalhar este tipo de neoplasia). É a principal neoplasia que acomete cães, sendo responsável por grande parte dos atendimentos no dia a dia da clínica de pequenos animais possui caráter maligno, é altamente contagiosa, transmitida por células transplantáveis de origem mesenquimatosa, sua localização é predominantemente venérea, afetando pênis, e a genitália externa, mas não raramente podemos nos deparar em locais extragenitais, como cavidade oral, pavilhão auditivo, região anal, etc.

Esta afecção cosmopolita ocorre predominantemente em locais que possuem grande quantidade de cães soltos, abandonados, onde os centros de zoonoses sejam falhos, inexistentes ou sobrecarregados, não existe predileção por raça, sexo, ou idade, porém fica claro que cães jovens em idade reprodutiva são os mais acometidos, por serem sexualmente ativos.

O contagio geralmente ocorre durante o coito, mas em casos extragenitais ela pode se dar por meio de arranhadura, lambedura ou pelo ato de cheirar o local do tumor de outro animal.

Em fêmeas ocorre com maior freqüência na região dorsal da vagina, vulva e região extragenital (ânus, e prega caudal), já nos machos ocorre no prepúcio, pênis e região extragenital (nariz, pavilhão auditivo, cavidade oral).

Os sintomas aparecem com pequenas áreas elevadas e hiperêmicas, podendo medir até 5 centímetros de diâmetro, geralmente apresentam prurido, em casos severos letargia e anorexia. O histórico relatado pelo proprietário é a presença de secreção sanguinolenta vaginal ou peniana, com aparecimento de uma massa friável com aspecto de couve-flor na região genital, quando na pele a queixa é de nódulos ulcerados isolados ou múltiplos de coloração esbranquiçada, acinzentada, avermelhadas ou rosada, podem estar associada à miíase e a exsudatos purulentos, quando na região oral e nasal relata-se o aparecimento de massa tumoral friável e sanguinolenta, epistaxe, edema local, espirros, corrimento nasal e  respiração ofegante.  

O diagnóstico é feito por meio dos achados clínicos e confirmado através de exames histopatológicos. As técnicas que podem ser utilizadas são o “imprint” (impressão sobre lâmina), citologia de aspiração por agulha fina e biópsia incisional. Em microscopia observam-se fileiras de células similares a macrófagos, células variando do formato redondo ao poliédrico medindo 15-30 mm de diâmetro, citoplasma azul-claro com a presença de vacúolos distintos, sendo pequena a relação núcleo/citoplasma,
nessas células, o núcleo é grande, basofílico e central. Outra característica citopatológica é o alto índice mitótico, com presença de necrose multifocal, infiltração de linfócitos, lise de células neoplásicas, diminuição da quantidade de células e aparente deposição de colágeno, nesses locais.

            Embora raro, pode fazer metástase em animais com tumores persiste por um período maior de dois meses, sendo que os locais mais comuns são os linfonodos regionais, escroto e área perineal. Podem ser encontrados com menor freqüência em vísceras abdominais, pulmões, sistema nervoso central, fígado e baço.

            O tratamento consiste na aplicação de quimioterápicos específicos, que age no bloqueio da mitose das células tumorais, sendo a droga de eleição o sulfato de vincristina na dose de 0,025 mg/Kg, por via endovenosa com intervalos de sete dias, devendo ser feita uma aplicação após desaparecimento da massa tumoral, entorno de 2 a 6 sessões, lembrando que por tratar-se de uma droga altamente perigosa seu manuseio deve ser feito por médicos veterinários especializados em manusear este produto, pois a terapêutica com fármacos antineoplásicos deve ser executada com medidas rotineiras de segurança, já que o contato acidental com a pele e as mucosas pode causar complicações graves desde simples ulcerações e irritação do local até mielossupressão e câncer, por isso deve se utilizar EPIS médicos (luvas de látex, avental de algodão com manga longa, óculos de proteção com lentes de policarbonato e mascara cirúrgica com carvão ativado).

            Os efeitos colaterais em pacientes submetidos a quimioterapia,  mais comuns são queda de pelo, vômito, diarréias, queda de imunidade, infecções secundarias,estes devem ser monitoras e tratados de acordo com cada sintoma, sendo que estes desaparecem logo após o término do tratamento.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Lucas Berger da Silva

por Lucas Berger da Silva

-Graduado em Medicina Veterinária -Pós graduado e Especialista em Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais -Membro Efetivo Sociedade de Médicos Veterinários do Brasil -Membro Efetivo Sociedade de Cirurgiões Veterinários do Brasil -Colunista Portal da Educação -Atua como cirurgião e clinico da clinica veterinária Agropet Silva

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