Os seres humanos são onívoros (que se alimenta tanto de matéria vegetal quanto animal) e estão habituados com as mais variadas dietas e muitas vezes alimentam seus animais da mesma forma. Porém, quase 10.000 anos de domesticação não foram suficientes para transformar cães e gatos em onívoros.
Cães e gatos são carnívoros e as dimensões de seu organismo é bem diferente dos humanos. Possuem mandíbulas com a finalidade de cortar e não de mastigar, não tem pré-digestão pela saliva, seu estômago é adaptado para digerir as presas rapidamente engolidas, seu tubo digestivo é relativamente curto e não possuem boa adaptação à digestão da maioria dos cereais.
Não podemos esquecer que estamos falando de dois tipos de carnívoros de diferentes espécies, os cães adoram rotina, portanto, o mesmo tipo de alimento servido sempre no mesmo horário, no mesmo local, no mesmo comedouro, isso garante a eles um equilíbrio psicológico, já que a alimentação é um regulador de comportamento para a espécie canina.
Já o gato, que é um caçador individual, deve ter livre acesso ao alimento, a literatura sugere que num período de 24 horas ele deve fazer 12, isso mesmo doze pequenas refeições, isso inclui o dia e a noite (GRANDJEAN, DOMINIQUE,2006).
Atualmente, a maioria dos tutores oferece aos seus animais ração industrializada (seca ou úmida), porém, muitos ainda fornecem dietas caseiras, que nem sempre suprem as necessidades nutricionais da espécie, caso não seja elaborada de forma adequada, já que na dieta caseira é necessário adicionarmos alguns itens como ácidos graxos essenciais, cálcio, dentre outros.
A indústria de alimentos para pets passou por grandes mudanças na década de 1990 devido à influência de trabalhos científicos inovadores que passaram a dar maior importância para a saúde desses animais, o que antes era apenas para alimentar passou a preocupar-se em nutrir também.
Com a evolução da nutrição animal houve uma adequação da composição nutricional, a indústria de ração, em vários países, oferece diversificados e sofisticados tipos de alimentos para cães e gatos, temos as rações específicas para as diferentes fases da vida, para diferentes raças, para as diferentes espécies, respeitando-se também os requerimentos nutricionais (STEIFF et al, 2001).
A população de cães no mundo é de 360,8 milhões e 271,9 milhões de gatos, somente no Brasil são 52,2 milhões de cães e 22,1 milhões de gatos domiciliados e cerca de 34% são alimentados com ração industrializada. O Brasil é o segundo país do mundo em população de cães e gatos!! (ABINPET, 2013).
AS RAÇÕES INDUSTRIALIZADAS E SUAS PARTICULARIDADES
Com o crescimento do mercado pet a indústria de alimentos comerciais para cães e gatos teve crescimento significativo, atualmente temos mais de 600 marcas de rações industrializadas que provém de cerca de 100 fabricantes diferentes.
Temos uma diversidade de abordagens diferentes, como embalagens com estética atrativa ao consumidor, ração para raça específica, ração para melhorar a pele e o pelo, outra específica para diminuição do tártaro, temos aquelas específicas para animais que vivem em apartamento, outras que prometem reduzir o odor de fezes, etc.
Realmente com tantas marcas e especificidades temos cada vez mais opções de escolha, isso deixa os tutores de animais ainda mais confusos na hora de escolher a ração de seu cão ou gato.
QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DAS RAÇÕES
A indústria de alimentos para cães e gatos segmentou alguns tipos de rações, então, na atualidade temos as seguintes classificações de rações:
1. SUPER PREMIUM
2. PREMIUM
3. STANDARD
4. ECONÔMICA
Tais termos estão descritos nas embalagens industrializadas.
O que cada uma delas oferece:
1. SUPER PREMIUM
FORMULAÇÃO: Sua formação é fixa.
INGREDIENTES: Tem alto valor nutricional.
Ingredientes especiais.
Diferenciados benefícios aos animais.
DIGESTIBILIDADE E PALATABILIDADE: Alta.
OBJETIVO DESTE TIPO DE RAÇÃO: Otimização da saúde, ou seja, não é apenas alimentar o seu pet, mas, alimentar e nutrir.
PREÇO: Geralmente, é a mais cara!
2. PREMIUM
FORMULAÇÃO: Sua formulação, em geral, é fixa.
INGREDIENTES: Possui ingredientes de alto e médio valor nutricional.
DIGESTIBILIDADE E PALATABILIDADE: Média e alta.
OBJETIVO DESTE TIPO DE RAÇÃO: Melhor atendimento das necessidades nutricionais.
PREÇO: Um pouco mais barata que a Super Premium.
3. STANDARD
FORMULAÇÃO: Sua formulação é variável.
INGREDIENTES: Depende do preço e da disponibilidade no mercado.
DIGESTIBILIDADE E PALATABILIDADE: É ainda melhor do que as de tipo Econômica.
OBJETIVO DESTE TIPO DE RAÇÃO: Alimentar o animal, ou seja, não há muita implicação em nutrir, apenas alimentar, mas, são melhores que a do tipo Econômica.
PREÇO: Um pouco mais barata que a Premium.
4. ECONÔMICA
FORMULAÇÃO: Sua formulação é variável
INGREDIENTES: Possui ingredientes de baixo custo
DIGESTIBILIDADE E PALATABILIDADE: Aproximam-se dos limites mínimos ou máximos permitidos.
OBJETIVO DESTE TIPO DE RAÇÃO: Alimentar o animal, ou seja, sem grandes implicações em nutrir, visto que, possuem proteínas basicamente de origem vegetal, alto teor de fibras, alto teor de matéria mineral, já o Extrato Etéreo é reduzido CARCIOFI (2007).
PREÇO: Em geral, possui o preço mais baixo das demais categorias.
Assim, a escolha certa da ração é de extrema importância, visto que os alimentos são responsáveis pela formação, manutenção e equilíbrio das funções vitais do organismo. Dessa forma, uma dieta bem balanceada, ou seja, alimentação adequada com quantidades ideais de proteínas, aminoácidos, vitaminas, minerais, ao longo de toda vida do animal, contribui na prevenção de doenças, como, por exemplo, a obesidade. (WILLS, SIMPSONS, 1994).
O melhor tipo de alimento que devemos ofertar aos pets é aquele que considera o estilo de vida e o estado fisiológico do animal (CASE et al, 1998).
Porém, se seu pet apresenta dificuldade para se alimentar obesidade, desnutrição, tumor ou qualquer outra doença, procure ajuda de um profissional médico veterinário que irá auxiliá-lo na escolha correta da alimentação. REFERÊNCIAS
ABINPET 2013 (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação) Informativo Mercado Pet Brasil.
CARCIOFI, A.C. Classificação e avaliação de alimentos comerciais para cães e gatos. In:III Simpósio de Nutrição e Alimentação de Cães e Gatos. “Padrões Nutricionais e de Qualidade”, Lavras: UFLA,NENAC,PET?Zootecnia, 2007. P.133-148.
CASE, L.P; CAREY, D.P; HIRAKAWA, D.A. Nutrição Canina e felina: manual para profissionais. Madrid: Harcout Brace, p.424, 1998.
GRANDJEAN, DOMINIQUE. Tudo que você deve saber sobre o papel dos nutrientes na saúde de cães e gatos. Royal Canin, 2006.
STEIFF, E.L; BAUER, J.E. Nutritional adequacy of diets formulated for companios animals. Journal of the American Veterinary Medical Association Schaumburg. V.219. n.5, p.602-604, 2001.
WILLS, J.M; SIMPSONS, K.W. The Walthman book of clinical nutrition of the dog & cat. First edition. Pergamon, 1994.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Elaine B Gama
Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia; Medicina Veterinária (FMU). Realizou estágios no Brasil e na Nova Zelândia com pequenos e grandes animais com ênfase no tratamento alopático e correção nutricional. Atua como médica veterinária de pequenos animais em seu consultório "Clínica Veterinária e Nutrição de Cães e Gatos - Dra. Elaine Gama - MV", na cidade de São Paulo.
UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA, com sede na cidade de São Paulo, SP, na Alameda Barão de Limeira, 425, 7º andar - Santa Cecília CEP 01202-001 CNPJ: 17.543.049/0001-93